Capítulo 12: Resgate

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N.a.// O capítulo a seguir pode conter gatilhos relacionados à violência doméstica e abusos físicos e psicológicos, em caso de sensibilidade ao tema, leia com cuidado para não perder a diversão

:)

De volta ao apartamento, Harry andava inquieto de um lado a outro da sala de estar enquanto Sam, sentado no sofá, traçava uma estratégia.

-Vamos chamar a polícia. - Disse Harry, julgando ser o melhor plano.

-Harry, ele nos viu indo até o apartamento. E se fizermos a denúncia e ele voltar para nos atacar? - Retorquiu Sam.

-Sam, eu não estou acreditando no que você está dizendo. Temos que agir agora! Pelo que sabemos ele pode estar agredindo ela nesse exato momento, enquanto discutimos. Precisamos salvar a Gabrielle.

-Harry, eu sei disso. Mas não pode ser perigoso para nós?

-Se é perigoso para nós, imagine para ela, que mora com aquele desgraçado e não pode sair de casa por conta da quarentena. Se ela morrer - Harry fez uma pausa ao dizer essas palavras - é nas nossas mãos que esse sangue vai estar.

Sam mordeu os lábios demonstrando nervosismo, mas acabou concordando com Harry, que ligou para a polícia imediatamente informando o ocorrido e o endereço do prédio, e pediu para que viessem com urgência.

-Pronto. Agora é só esperar. - Disse Harry, deixando o telefone de lado e encaixando-se nos braços de Sam. Sua cabeça estava demasiado perturbada para continuar escrevendo seu livro, e não conseguia parar de pensar na situação de Gabrielle.

Horas depois, a polícia chegou, e o som das sirenes já se fazia ouvir na entrada da área residencial. Todos os moradores correram para as respectivas varandas a fim de ver o que estava acontecendo, uma vez que, confinados em suas próprias casas, qualquer acontecimento que fugisse da rotina era motivo de engajamento. Os policiais saíram das duas viaturas e subiram até o apartamento informado pela denúncia anônima. Gabrielle atendeu a porta e abaixou a gola alta de sua blusa, deixando transparecer diversos hematomas de cor roxa em seu pescoço, resultados de uma série de enforcamentos do marido.

A polícia adentrou o apartamento e algemou o marido de Gabrielle com as mãos nas costas.

-O senhor está preso por comportamento violento para com sua esposa. - Disse a oficial de polícia que liderava a operação. Dirigiu-se então à Gabrielle - A senhora precisa nos acompanhar até a delegacia, por favor, vista uma máscara, estaremos esperando na entrada do prédio, e não se preocupe, você e seu marido serão levados em viaturas diferentes.

Gabrielle foi conduzida até a delegacia e prestou seu depoimento, comprovando através das cicatrizes e hematomas que teria sido agredida repetidas vezes, e foi liberada para voltar à sua casa enquanto seu marido permanecia em cárcere, sob a promessa de que seria informada das decisões tomadas a respeito de sua prisão, mas que poderia relaxar, pois ele não voltaria para casa tão cedo. E, de fato, era a primeira noite que iria relaxar em meses.

De volta ao prédio, Harry estava apreensivo e roendo suas unhas, e olhou para Sam em busca de conforto, mas este estava segurando o riso e assim que seu olhar cruzou o do namorado, desatou em uma gargalhada.

-O que é tão engraçado? - Questionou Harry, indignado.

-Você disse "nossa".

-O que? - Harry estava genuinamente confuso.

-Quando fomos falar com a Gabrielle. Você disse que a gata desceu pela "nossa" varanda.

Era verdade que sua conexão com Sam tinha aumentado após os últimos fatos, e já considerava-o morador de sua casa, não conseguindo imaginar sua vida sem ele.

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