Os três lados do triângulo

Capítulo Único

A noite já havia caído quando o grupo de exploradores do paranormal chegaram ao hotel de Carpazinha. Cansados e um pouco feridos dos últimos acontecimentos, não desenvolveram mais do que um básico diálogo ao se separarem em duplas para alugarem seus quartos. Nem mesmo Joui que normalmente iria contestar a decisão de ser colocado em um quarto sozinho tinha energia para fazer questionamentos naquele momento.

O grupo se separou na hora de ir para os respectivos quartos, sendo Liz e Thiago os únicos a ficarem em um andar separado, enquanto os outros dois quartos alugados ficavam um ao lado do outro. Cesar e Arthur responderam ao aceno de Joui, que em seguida entrou no seu quarto, que ficava ao lado do de seus dois amigos.

Cesar foi o primeiro a tomar banho, enquanto Arthur se deitou confortavelmente na cama de casal que tinha no quarto. Pequeno sacrifício a se fazer para colocar seu quarto no mesmo andar que Joui, na esperança que o asiático se sentisse menos sozinho. Arthur não chegou a mencionar o detalhe para o companheiro de quarto antes de fazer a reserva, mas acreditava que Cesar havia entendido o motivo, uma vez que sequer questionou o amigo barbudo ao entrar no quarto.

Passado pouco menos de dez minutos, o programador saiu do banheiro, com os cabelos ainda pesos em um rabo de cavalo bagunçado e levemente úmido nas pontas. Já bem vestido com pelo menos três camadas de roupa. Dando a vez de usar o chuveiro a Arthur, que já quase pegava no sono sobre a cama.

Cesar, apesar de ter passado pelo menos 24h sem dormir, não demonstrava sinais significativos de cansaço e talvez por não sentir de fato a necessidade de descanso, decidiu pescar o notebook de dentro da mochila, e deitado sobre a cama, deu início  a uma partida de LOL.

As torres inimigas caiam e a contagem de kills do experiente jogador apenas aumentava a medida que o jogo se aproximava do fim, sendo o resultado do jogo inevitavelmente positivo para o moreno. Que só percebeu a demora do amigo no banho quando notou que ao fim da partida ele ainda não havia deixado o banheiro.

Como se em um passe de mágica, Arthur abriu a porta do banheiro pouco depois do moreno na cama direcionar seu olhar para ela. O que fez uma pequena onda de pânico atingir César, que desviou o olhar rapidamente, tentando dar a entender que estava apenas observando o céu escuro pela janela no momento que o corpo malhado de Arthur passou pela porta, coberto apenas pela toalha presa em sua cintura.

Sua barba estava molhada e aparentava estar com algum creme de pentear, assim como o cabelo. Cesar não precisava pensar muito para concluir que a demora no banho era resultado da vaidade do mais novo, que agora orgulhosamente exibia o corpo malhado e a barba bem cuidada.

Cesar sentia uma certa inquietação interna por ter dedicado tanto sua atenção a perceber esses detalhes a respeito do corpo de Arthur e da forma que ele se portava. Sua ansiedade o fazia teorizar sobre o que poderia se passar pela cabeça do amigo no caso de ele perceber o olhar que era direcionado a si.

Mal sabia o moreno que Arthur, com sua boa percepção em relação ao sentimentos alheios, já havia percebido como chamou a atenção do mais velho. E o sorriso que erguia os cantinhos da boca, sendo disfarçado pela barba, era o verdadeiro resultado da atenção que recebia.

O motoqueiro foi até a cama, tirando de sua mochila nada mais que uma cueca, vestindo a peça e então se livrando da toalha, subindo na cama logo em seguida.

Cesar assistiu a cena em uma clara incredulidade. Era como se Arthur quisesse compensar o tanto de roupa que o moreno vestia, se desfazendo das suas próprias de forma reversamente proporcional.

— Você não tá com frio? - Perguntou o moreno, fechando o notebook e o colocando na cômoda ao lado da cama. Tentando parecer o mais natural possível.