dúvida // billie eilish

Capítulo 1

BILLIE

O dia estava lindo. Céu azul com poucas nuvens, brisa leve e refrescante... Nossa, nem parecia que era um dia de volta às aulas.

De qualquer maneira, esse o último ano afinal. E eu finalmente sou uma sênior no Seaview High School.

— Billie, já está pronta, querida? — Minha mãe me tirou da minha bolha de pensamentos quando chegou ao meu quarto.

— Sim. Finalmente o último ano, mãe!

— Estou vendo o quanto está animada. — Ela disse rindo.

— Sim, mas não tanto quanto eu estou para as férias de verão.

— Billie! As aulas mal começaram e você já está pensando nas férias de verão?!

— É o que me anima, mãe. — Eu ri indo até a minha mochila e a pegando. — Estou indo, até mais.

— Ei, ei, espere um minuto. — Eu bufei baixinho e me virei para ela. Dona Maggie me analisava. — Já tomou o café?

— Olha... não, mas se a senhora me der dinheiro eu posso comer lá pela escola. — Eu dei um sorrisinho.

— Tudo bem, espertinha. Vamos lá, eu vou te dar o dinheiro e você aproveita e vai na casa do seu irmão entregar uma coisa pra ele para mim e lembra-lo do jantar hoje aqui.

— Então é uma troca de favores aqui, dona Maggie?

— Gosto de você porque é inteligente, minha filha. — Disse sorrindo e tocou o meu nariz, eu ri negando com a cabeça e então saímos do quarto.

Assim que me entregou o pacote que eu deveria dar ao Finneas, meu irmão mais velho, e o dinheiro para eu comer na escola, minha mãe me deu um beijo no topo da cabeça me desejando um bom dia de aulas. Ela falou que meu pai me desejou o mesmo, mas ele teve de sair mais cedo hoje para ir pro restaurante dele. Acho que teve algum problema lá ou algo parecido.

Não demorei muito para chegar na casa do meu irmão, ele morava com a sua namorada Claudia que era um amor de pessoa e eu a adorava.

O único problema é que ela trouxe o encosto da irmã dela de Chicago, Julia Sulewski. Enquanto eu brincava com a Peaches na sala, Julia apareceu descendo as escadas. Ótimo, foi só pensar no Diabo.

Julia tinha a pele bronzeada e olhos verdes como o da sua irmã, cabelos lisos e curtos. Na altura dos ombros. Estava usando um vestido vermelho com detalhes floridos pequenos, o vestido ia até a metade das coxas e era um tanto folgado.

Ela era linda e o pior é que tinha total consciência disso.

— Perdeu alguma coisa, O'Connell?

— Desculpa, acabei me distraindo com a sua cara feia, Sulewski. — Dei um sorriso cínico.

— Cara feia? — Ela deu uma risada nasal. — Engraçado, você parecia estar mais babando do que outra coisa.

— Você só pode estar louca. É melhor tomar cuidado, acho que o tanto de spray de cabelo que você usa está afetando o seu cérebro, princesa. — Ela fechou a cara e me deu o dedo do meio. Eu sabia que ela odiava que eu a chamasse de princesa.

— Claudia? Finn? Estou indo. — Ela disse gritando. — Tomem cuidado, um cachorro não identificado está aqui na sala brincando com Peaches. — Disse me olhando e sorrindo.

Quando eu iria responder, Claudia e meu irmão chegaram na sala. Ambos estavam apressados.

— Eu adoro como as duas se dão bem. — Finneas comentou rindo. — Aqui, entregue a mamãe. — Me entregou o pacote e eu assenti. — Nos vemos no jantar, maninha.

— Até mais. — Me despedi dele com um abraço e fiz o mesmo com Claudia e me despedi de Peaches também. Fiz uma careta para Julia e ela revirou os olhos.

— Billie, já que está aqui, você poderia me fazer um favor? — Claudia perguntou.

— Aproveita que hoje eu estou parecendo uma gênia da lâmpada. — Ela riu. — Fala aí.

— Você poderia dar uma carona para Julia? Eu e Finn estamos meio atrasados e como vocês vão para o mesmo lugar...

— Seria uma ótima ajuda. — Finneas completou mordendo uma maçã verde e Claudia concordou.

— Eu prefiro ser atropelada por um ônibus, obrigada. — Julia falou sorrindo irônica.

— Eu poderia ser a motorista do ônibus. — Sorri da mesma forma.

— Vai se foder. — Eu ri mais ainda, ela ficava irritada fácil.

— Ok, crianças, vocês já podem parar. — Claudia interviu. — Se tiver tudo bem para Billie, você irá com ela sim. Ou então pega um transporte público, eu não vou poder te levar hoje.

Ata, quero ver a princesa usar os sapatos de ouro num transporte público.

— Certo, que seja! — Esbravejou. — Tchau pra vocês e vamos logo, estrupício.

Se despediu rapidamente deles e saiu da casa, eu ri balançando a cabeça a seguindo. Parecia até uma criancinha mimada.

Fomos o caminho todo trocando farpas e ofensas. Era sempre assim. Acho que não conseguíamos ficar por mais de um minuto sozinhas sem começar a discutir por qualquer motivo que seja. Julia era simplesmente insuportável, não tinha condições nenhum pra essa garota.

— Ugh, finalmente. — Ela disse quando chegamos na escola e eu estacionei. — Finalmente vou poder socializar com seres humanos novamente.

— Você fala como se fosse um enorme prazer ficar do seu lado, não é?

— Além de ser uma honra. — Sorriu debochada, tadinha... — Apenas finja que não me conhece.

— Queria realmente não conhecer. — Falei quando ela saiu do carro. Logo encontrando um dos caras do time de futebol americano e suas amigas sem cérebro que faziam parte das cheerleader's. Se bem que só pessoas sem cérebro iriam querer ser mesmo amigas dessa aí.

Julia deixou com que Braeden, o capitão babaca do time de basquete passasse o braço pela sua cintura enquanto eles andavam pela escola. Não duvido nada que ela já tenha dado pra ele, mas isso não era da minha conta.

Acabei tomando um susto quando escutei batidas na janela do meu carro. Era Drew, uma grande amiga minha. A idiota estava rindo da minha cara pelo susto.

— Até que horas pretende ficar nesse carro, Bil? Vamos logo.

— Estou indo, calma... — Murmurei tirando as chaves da ignição e pegando a minha mochila. — Pra que essa animação toda?

— Hmm, não sei se tem noção disso, mas somos seniors esse ano, Billie. Só isso já é o máximo! Vamos para várias festas incríveis, além do que teremos o respeito das outras turmas. — Disse convencida e eu concordei rindo.

— Bem, tudo o que você disse é uma grande verdade.

— E por que você não está parecendo tão feliz com isso? — Me olhou atentamente.

— Julia. — Eu disse simplesmente e ela soltou um "ah" e logo deu uma risada nasal. — Eu detesto aquela garota. Tive que dar carona pra ela hoje e ela me deixou com dor de cabeça.

— Vocês duas ainda vão dar namoro isso sim.

— Ih, começou... — Eu suspirei. Drew tinha enfiado na cabeça que eu e Julia iríamos namorar. Nem que eu estivesse louca e aquela coisa lá fosse a única pessoa no mundo. Uma morte agonizante seria melhor. — Entenda de uma vez que a única coisa que eu quero daquela patricinha é distância.

Ela nada disse, apenas riu e levantou os braços em rendição. Ainda bem que aquele assunto havia sido encerrado.