Percebi pela mensagem que Rafaella mandou que ela havia fica chateada, mas precisava trabalhar, as contas não se pagam sozinhas e ela sabe disso. Ao anoitecer quando percebi que ela não voltaria mesmo, tomei um banho e mandei mensagem no grupo do trabalho, alguns iriam sair para comemorar a promoção de Sérgio, me arrumei pois havia decidido ir, se Rafaella estivesse aqui falaria que estava passando muito tempo com eles e pouco com ela, como se minha vida toda passando com ela não fosse o suficiente...
Sai do carro e vi o local que eles haviam marcado, um clube noturno. Senti um arrepio, quantas vezes havia vindo em um clube noturno? Duas? Uma em minha despedida de solteiro e outra... Nem me lembro mais.
O local era enorme, mas logo encontrei-os em uma mesa bebendo e fumando, estava cheio e uma música tocava alto com uma batida onde varios jovens dançavam, me senti por fora sendo um velho casado no meio, pedi um copo de rum e deixei que queimasse minha garganta.
-Eu não acredito que no dia que sai minha promoção é o mesmo dia que sai o meu divórcio e não sei se me sinto feliz ou triste com tudo isso. Sérgio disse acendendo um charuto e passando para todos, recusei.
-O único que continua casado aqui é o João. Mauro bateu em minhas costas rindo. -Conte o segredo cara?!
-Eu não sei, casamos muito novos. Dei de ombros. -As vezes me arrependo e as vezes sinto que ela se arrepende, que só está comigo por estar.
-Meu Deus que para baixo cara. Mauro gritou. -Sua mulher é sensacional, consegue algo muito melhor que você, acha que se ela não te amasse já não teria vindo pra mim?
-Para de ser idiota. Carlos riu. -Ela viria para mim.
-Já entendi que todos sentem tesao na minha mulher, mas saibam que ela é todinha minha, nem acredito que eu seja o único dela. Da pra acreditar?
-Não da pra acreditar que ela tenha experimentado com você e resolvido parar por aí! Sérgio riu.
Continuamos a brincar, brindar, falar sobre o trabalho e como aquela conta estava estressando a todos no escritório. Não podiam reclamar do chefe, afinal era meu pai. Mas as vezes eles passavam dos limites com assuntos de traição, por isso todos eles eram divorciados não respeitavam suas esposas, pensar na forma como eles tratavam as mulheres me deixava irritado eu poderia ser tudo, eu trabalhava demais, exigia meu tempo com meus amigos mas não a impedia de sair, passava tempo com ela e sempre que ela queria fazíamos amor.
Mesmo que as vezes eu tivesse vontade, sempre respeitei pois sabia que sua religião permitia apenas para procriação e nem por isso procurei outras mulheres, haviam outras formas de se aliviar e aguardava ansioso pelas datas comemorativas ou por sua vontade.
Quando eles começaram a falar coisas pesadas demais, levantei da mesa e me despedi, voltei para a casa, me joguei na cama jogando o sapato longe e mandei mensagem para Junior. "Quando sua mãe estiver indo me avise, quero chegar sem ela saber" virei para o lado e dormi.
Era cedo demais quando acordei, preparei um café e o coloquei na garrafa térmica, havia bebido demais na noite anterior, mas estava bem para dirigir e foi um longo caminho.
Quando Júnior disse que Rafaella havia chego faltava muito pouco, acelerei o carro sem sair do limite e quando cheguei todos já haviam pedido suas comidas, Rafaella estava linda ao lado de uma mulher bonita, e seu semblante era de pura alegria.
-Aqui está minha família. Me abaixei para beijar minha esposa, mas seus lábios pareciam duros, frios.
Me sentei ao seu lado e ela parecia distante, não sorriu quando me viu, talvez ainda estivesse chateada por eu ter tido que trabalhar, mas logo passava, ela não ficava muito tempo sem falar comigo.
-O que você ta fazendo aqui? Ela perguntou e senti suas palavras como facadas.
-Vim fazer uma surpresa. Não gostou?
-Com licença eu preciso ir ao banheiro. Ela levantou, me levantei para deixá-la passar, tentei chamá-la mas ela me ignorou.
Sentei do outro lado ao lado de meu filho, que me olhou querendo entender tanto quanto eu a situação da mãe dele,
-Você deve ser a Gizelly. Me virei para ela extendendo a mão. -Muito prazer João.
-Prazer. Ela apertou minha mão e logo se levantou pegando o celular e saindo. -Com licença eu preciso... Preciso fazer uma ligação.
-Será que falei algo de errado? Perguntei sem entender.
-Sabe como são as mulheres pai, a mamãe vai entender que você precisou trabalhar não é como se ela fosse pedir o divórcio por isso. Junior riu. -Aliás pai, essa é a Júlia.
-Muito prazer! Sorri, era uma menina bonita, muito bonita.
Peguei um pedaço da panqueca de Rafaella, estava morrendo de fome, chamei a garçonete e pedi que trouxesse uma panqueca com geleia de morango e mais um prato.
Conversamos sobre futebol, Júlia entendia muito e era do mesmo que time que nós, ela disse que o time de futebol da faculdade jogaria hoje contra o rival e que todos estavam indo à loucura, contei da época em que jogava no time de futebol da faculdade e como machuquei a panturrilha me impedindo de jogar. Ela falou que quando pequena ela havia jogado por um tempo, mas que acabou parando com medo de se machucar e começou a investir mais em outros esportes como golfe e tênis.
Júlia era uma ótima menina, meu filho teria uma mulher e tanto com ela, quando a garçonete voltou com minha panqueca percebi que Rafaella estava demorando demais.
-Será que está tudo bem com ela? Perguntei.
-Eu vou ir ver para o senhor. Júlia levantou-se e me aproximei de Junior.
-Filho estou pensando em pegar aquelas férias que não tirei e ir viajar para a ong da sua mãe, como uma segunda lua de mel. Talvez renovar nossos votos. O que acha?
-A mamãe vai amar pai.
-É o que eu espero filho, tenho sentido sua mãe cada vez mais distante, mas não sei como me aproximar nunca fomos desses casais que conversassem apenas deixamos acontecer... Sempre converse com sua mulher filho e essa Julia é uma ótima garota.
-Julia? Meu deus pai não. Junior riu. -Ela é só minha amiga, está me ajudando com a melhor amiga dela... Credo. Ele riu.
Elas apareceram, quietas as três se sentaram, Julia ao lado de Junior e Gizelly e Rafaella juntas demais, a mesa era pequena para os cinco.
-Como foi o trabalho João?
-Foi feito, era uma conta que eu precisei fechar até ontem, por conta dela Sérgio foi promovido.
-Fico feliz por ele, soube que a mulher está o deixando.
-Sim os papéis se oficializaram ontem, quando saimos a noite ele disse que não sabia como se sentir.
-Você saiu ontem a noite? Ela perguntou o garfo no meio do ar.
-Sim, você não voltou para casa. Ela te deu muito trabalho a noite Gizelly? Essa dai quando dorme só consegue dormir agarrada.
Rafaella e Gizelly se olharam, percebi um leve rubor em seus rostos e Rafaella tocou os ombros de Gizelly com os seus próprios ombros de uma maneira diferente quase como flertando?
-Rafaella foi uma perfeita dama, quase não fez bagunça. Nunca conheci mulher como ela.
-Você que foi uma pergeita dama. Rafaella olhou para Gizelly e seus olhos... Brilhavam?
Ela estava radiante, tirou um fio do cabelo de Gizelly do rosto acariciando quase imperceptivelmente seu rosto, só percebia quem a conhecia. Era a forma como ela fazia com Junior quando ele era pequeno e tinha um pesadelo, ela dizia que estava tudo bem e passava a mão em seu cabelo acariciando o rosto. Senti um arrepio na espinha. Como se algo me avisasse de alguma coisa que poderia acontecer.
-Então Gizelly. Falei sentindo minha voz sair amarga. -O que aconteceu com seu carro?
-A vida aconteceu. Todos na mesa riram e me senti excluido.
-Gi tem um fusca, era da época da faculdade dela, a ultima pessoa que o arrumou foi sua ex-esposa e ele parou novamente. Rafaella explicou.
-Não acho mecanicos que eu confie para mexer no meu bebê. Gizelly deu de ombros.
-Ex-esposa..?
-Sim. Gizelly disse olhando para Rafaella.
-E ela não pode arrumar dessa vez?
-Não, infelizmente ela não pode.
-Gi é viuva.
-Eu sinto muito. Falei, e vi Rafaella se aproximar ainda mais encostando sua cabeça na dela. -Então Julia não é sua filha?
-Pai!
-João!
Os dois falaram ao mesmo tempo.
-Não João, Julia é minha filha com o pai dela. Gizelly cuspiu a palavra pai. -Mas isso não me impede de ser Bissexual.
-E como funciona, você só liga e desliga a atração?
-Pai, que horror você está sendo muito rude.
-Me desculpe Gi. Rafaella disse e seu braço se movimento ou pouco. -Meu marido é um ser ignorante criado por neandertais.
-Tudo bem, eu não iria responder de qualquer forma. Gizelly sorriu para ela e voltou seu rosto para mim. -Existem limites para o que e para quem eu explico a minha sexualidade.
Se fez silêncio e estava constrangido, Rafaella e Gizelly se olhavam o tempo todo e a mesa havia ficado um clima estranho. Sabia que havia falado merda, mas não conseguia tirar a imagem de que essa mulher estava dando em cima da minha. Uma falta de respeito ela vir do nada na nossa familia e querer dar em cima de mulher casada.
-Bom o papo está bom, mas mãe será que poderiamos ir para o meu dormitório quero te mostrar meus trabalhos... Julia disse levantando-se.
-Vamos sim, só vou pedir a conta.
-Você não vai pedir a conta, já pagou muita coisa ontem Gi, não pensa que eu não sei quanto foi o quarto. Fica por conta do meu marido que te desrespeitou. Senti Rafaella me chutar por baixo da mesa.
-Sim, pode deixar que a conta é minha. Falei ignorando a dor. -E sinto muito, não quis ser desrespeitoso.
-Obrigada. Ela disse, não para mim, para minha esposa.
-Quando quiser ir embora, me liga avisando e nos encontramos no carro tudo bem?
Rafaella abraçou-a por um tempo longo demais, ouvi os sussurros delas Gizelly perguntou se eu não ficaria irritado ao que Rafaella respondeu "ele veio sozinho ele volte sozinho".
Mais do que nunca era a hora de fazermos essa segunda lua de mel, e Gizelly não seria convidada para nossa renovação de votos.
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One Day. (Girafa)
RomanceAo aceitar uma carona a pedido dos filhos, nenhuma das duas podem imaginar o que uma chuva pode mostrar; desejos; segredos; paixões que só podem ser vividas naquele quarto de motel, naquele único dia. Quando uma chuva encontra um furacão, é impos...