Capítulo 6 - Victoria - Parte 6

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Victoria

Victoria caminha ao lado de Lucas, seus braços entrelaçados, com uma dezena de soldados ao seu redor. O som dos passos sobre o chão de pedra e do metal das armaduras ecoa pelos frios corredores do Ninho. A respiração de Victoria é acompanhada por uma pálida fumaça que sai de sua boca.

- Em breve estará nevando – ela diz.

- Sim, é provável – Lucas responde, com pouco interesse.

- Você está bem? Aquele incidente com Dom Julius---

- Eu estou bem – ele a interrompe. Ele olha para o lado e parece inquieto. – Você acha que Lorde Baliol está certo?

- Sobre o quê? – ela pergunta, embora saiba exatamente o que ele perguntou.

- Sobre não provocar Lorde Tranos.

- Você não o está provocando, meu amor. – Victoria delicadamente vira o rosto de Lucas em direção ao seu, olhando diretamente em seus olhos. – Você está apenas exigindo que ele cumpra o seu dever.

Lucas pressiona os seus lábios em uma fina linha, como quem está preocupado.

- Se os Lordes da Terra do Gelo mudassem para o nosso lado, a guerra estaria ganha.

- A guerra está ganha, meu amor. Agora é apenas uma questão de limpar a bagunça que ficou para trás.

Eles chegam ao quarto, e apenas os dois entram. Os soldados ficam do lado de fora, guardando a porta.

Como de costume, Lucas observa com desdém cada móvel e assessório do quarto, todos eles com algum toque de verde da Família Petros. Quando ele começou a fazer isso, Victoria lembrava-o que agora este mesmo verde pertence também à Família Scliros. O roxo e o dourado são cores do passado, de uma parte da família que não tem competência para governar o Império. Em resposta, Lucas concordava acenando com a cabeça, e resmungava algo para si mesmo. Depois que Victoria se deu conta de que ele nunca iria parar de mostrar descontentamento com o verde da Família Petros, ela desistiu de falar qualquer coisa. Ele que ache o que quiser, ela pensa. O verde da Família Petros não vai a lugar algum.

Victoria deita-se na cama, mas Lucas aproxima-se da janela. Ele observa o pátio do castelo, como quem está se certificando de que tudo está em ordem.

- Venha aqui se deitar comigo, meu amor.

Lucas não responde. Ele permanece olhando para o mundo do lado de fora, através dos vidros embaçados. Após alguns instantes, ele se vira para sua esposa.

- Você acha que eu fiz a coisa certa?

- Sobre o quê? – ela pergunta, e desta vez a dúvida é genuína.

- Sobre Jonas...

Victoria levanta-se quase que num pulo, e arrepende-se pelo movimento abrupto. Ela aproxima-se de Lucas vagarosamente, para compensar sua afobação inicial. Nestes momentos de dúvida, ela deve agir rápido.

- É claro que sim, meu Imperador. O trono é seu, por direito. O seu irmão não tinha a sabedoria para governar. O Império respirou aliviado no momento em que a cabeça do seu irmão rolou no chão.

- Espero que sim. – Ele esfrega a testa. – Isso tudo é uma desgraça.

- Venha aqui – Victoria diz, puxando-o pelo braço. – Você precisa de descanso. Uma hora de sono, e você vai se sentir outra pessoa.

Lucas senta-se na cama, e respira fundo. Victoria o puxa de novo, e ele se deita sem resistir.

- Agora feche os olhos, e descanse – ela diz. – Você ainda terá muito trabalho hoje de tarde.

Lucas fecha lentamente seus olhos dourados, e em poucos minutos adormece. Nos últimos dias, ele tem dormido pouco, passando grande parte do seu tempo decidindo sobre o que fazer com os soldados e comandantes do exército do Punho que se rendem ou são capturados, assim como se comunicando com Lordes que ainda não se manifestaram sobre a sucessão Imperial.

Das Cinzas da Era PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora