Capítulo Único

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A guerra tinha transformado muitas pessoas, tanto as que participaram quanto as que sofreram suas consequências. O trauma estava presente em suas mentes e por mais que tratamento psicológico tivesse sido oferecido, algumas situações não conseguiram ser curadas. Sonserinos ainda não eram considerados tão confiáveis, o nome de Voldemort ainda era um tabu e Rony Weasley e Draco Malfoy ainda não se bicavam.

Era de se supor que com a absolvição do loiro suas desavenças fossem postas de lado, mas Rony não conseguia engolir aquela embalagem de água oxigenada ambulante. Sempre que se esbarravam em algum lugar, os dois amarravam a cara e resmungavam, recebendo tapas de suas esposas.

"CRESÇAM" Astória e Hermione exclamavam enquanto disciplinavam os maridos, para em seguida se entreolharem e pedirem desculpas pelo comportamento neandertal um do outro.

Aquilo perdurou por bastante tempo, até o dia em que se esbarraram em uma loja de brinquedos. Os dois casais já tinham os seus filhos e faziam compras de Natal quando o maior pesadelo dos dois homens aconteceu: seus filhos começaram a brincar juntos! Scorpius Malfoy e Rose Weasley tinham a mesma idade e coincidentemente tinham se encantado pelo mesmo brinquedo. Parecia que se conheciam desde o útero pela forte conexão que haviam desenvolvido - o que assombrava tanto Draco quanto Rony. Como seus filhos tinham se misturado com o outro?!

Não que fosse uma questão racial, mas sim de princípios. Era a filha de Rony Weasley! Hermione era a sua mãe, ela era legal, mas Rony era o pai! E Draco, ele tinha procriado! Sua Rosinha não se misturaria com um Malfoy jamé! Tomado pelos seus impulsos, tanto Draco quanto Rony pegaram seus filhos pelos braços e os arrastaram para um canto diferente da loja, negando veemente que tivessem algum contato.

Decisão essa revogada às 3:57 da manhã do dia seguinte, quando seus filhos ainda os mantinham acordados, gritando, berrando e quebrando vasos magiccamente involuntariamente por terem sidos separados de supetão, sem explicação alguma. Hermione e Astória encaravam os seus maridos com os braços cruzados e um olhar penetrante.

-Me arruma um pergaminho. - Draco pediu mau-humorado

-Não mesmo, Hermione! - Enquanto Rony ainda se negava.

Ele nunca em toda a sua vida se rebaixaria ao ponto de pedir um favor à Malfoy, quem dirá pedir desculpas! Sua filha teria de parar com a briga e se acostumar a ficar longe daquele aguado!

-Ronald, pelo amor de Deus! Eu preciso dormir! - Hermione estava irritada com toda aquela barulheira.

-Não vou transformar a minha filha em uma criança mimada! Ela precisa aprender que não pode ter tudo o que quer!

-Seja coerente, Ronald! Eles irão se encontrar em Hogwarts de um jeito ou de outro!

-Rose irá para Beauxbatons, está decidido! Ai de Malfoy se ele ousar a se aproximar da minha filhinha de nov....

Uma coruja negra como a noite começou a bicar insistentemente a janela. Distraída pela interrupção, Rose diminuiu a gritaria, encarando o animal. A coruja havia um pergaminho amarrado em suas patas, aceitando de bom grado o carinho oferecido por Hermione ao abrir a janela. A mulher não permitiu que o marido lesse a carta, temendo ser alguma fatalidade naquele horário da madrugada, mas não conseguiu segurar o riso ao captar o seu conteúdo;

"Caros Weasley,

Peço perdão pelo infortúnio de minha carta, ainda mais nesse horário, mas não sei mais o que fazer. Desde esta tarde meu filho não para de quase explodir seus pulmões indignado com o afastamento da filha de vocês. Eu teria suportado mais, mas Scorpius já quebrou 17 vidraças e 2 lâmpadas com magia involuntária. Por mais que me doa pedir algo assim para vocês, peço que considerem uma aproximação. Não para o bem dos nossos filhos, mas sim para os nossos ouvidos.

Anima MatesOnde histórias criam vida. Descubra agora