Growing Up [TAEKOOK]

Antigas e Novas Amizades

A noite caía na medida em que o céu se misturava ao azul celeste, abrindo caminho à lua cheia. O clima ameno era um alívio de verão; os dias quentes se contrastavam às noites frescas. Por tal motivo Kim Taehyung preferia o entardecer.

O garoto encontrava-se no terraço de seu antigo prédio, observando as ruas que fizeram parte de sua infância. Sentado no parapeito do muro, seus pés balançavam no ar enquanto sua mão direita segurava uma lata quase vazia de cerveja. Sorte que o síndico ainda era o mesmo e lhe reconheceu no instante em que pisou no saguão, caso contrário não estaria ali.

Quando era criança costumava sentar no parapeito da janela para observar os carros e as pessoas. Sua mãe odiava e, com receio de que o filho caísse, o proibiu de chegar perto das janelas. Fora seu vizinho quem o levara ao último andar do prédio, onde os moradores costumavam plantar flores e frutos em vasos, colorindo o local.

– Uau – Taehyung dissera maravilhado, olhando o céu da manhã. – Estou tão perto das nuvens!

– Não deve existir lugar mais alto em toda a cidade! – Exclamara o outro com inocência, debruçado sobre o muro de parede desgastada.

Taehyung conhecera Jeon Jeongguk de um jeito engraçado. Ele estava entediado, seus amiguinhos de escola sempre viajavam nas férias e ele? Bom, ele assistia televisão e ajudava a mãe a fazer biscoitos aos domingos.

Era terça-feira, os desenhos estavam repetidos demais e o apartamento pequeno demais para um explorador mirim. Sem os pais para lhe ditarem o que fazer, o Kim mais novo saiu à procura de novas terras e acabou encontrando uma festa de aniversário no playground da área comum do prédio. O local não possuía muitos brinquedos e nem era bonito, mas os olhinhos de Taehyung brilharam com a decoração do Batman. Sorrateiro, ele se misturou junto às poucas crianças, roubou salgadinhos e um pedaço de bolo. Sua farsa acabou sendo descoberta por um garotinho de cabelos negros com um chapéu em forma de cone e um olhar assustado.

– Eu não conheço você – com o polegar em riste, ele disse.

– Eu também não conheço você – falou com a boca cheia de bolo.

– Acho que vou chamar a minha mãe...

– Eu sou Taehyung! – Guinchou afobado, oferecendo a mãozinha melada de glacê para um cumrpimento. – Por favor seja meu amigo!

Taehyung e Jeongguk tornaram-se inseparáveis e, desde então, eram o terror da vizinhança. As duas crianças se divertiam na escadaria do prédio, no playground velho e no terraço. Tocavam as campainhas, traziam gatos de rua para morar no estacionamento e corriam de cueca pelo saguão. O síndico, naquela época mais jovem e enérgico, estava sempre perseguindo-os e denunciando suas brincadeiras infames. Ambos choraram uma semana inteira quando ficaram de castigo sem se ver.

Quando Jeongguk mudou-se para o quarto ano – enquanto Taehyung cursava o quinto –, descobriram que frequentariam a mesma escola. Taehyung adorava sua rotina de acordar cedo, tomar seu café da manhã apressadamente e esperar o mais novo em frente ao seu apartamento, para enfim poderem seguir rumo à escola juntos. Era sempre divertido caminhar com Jeongguk, até mesmo no frio. Certo inverno os dois se atrasaram durante vários dias por perderem a hora brincando na neve e chegavam quase sempre de cabelos desgrenhados, rindo feito bobos.

A escola era agradável, ainda que não estivessem na mesma sala, eles se viam nos intervalos. Começaram uma guerra de comida por todo o refeitório no horário de almoço certo dia, recebendo o castigo de limparem tudo sozinhos e, como se não fosse suficiente, lavarem o banheiro masculino por uma quinzena.

Brigaram no parquinho porque Taehyung estava na gangorra com outro amiguinho. Fizeram as pazes no mesmo dia. Desenhavam nas últimas folhas do caderno durante as aulas de Literatura, compartilhando as caricaturas das histórias estudadas quando se encontravam. Voltavam atrasados para casa, sempre gastando o troco da merenda em balas na confeitaria do caminho. Sentavam-se no banco de madeira do playground, contando e dividindo os doces.