The Secret

Dois

- Senhorita Haruno, está pronta?

Dei um pulo para trás quando ouvi a voz de Karin enquanto a porta do meu quarto era aberta. Amacei o pedaço de papel e o guardei dentro do bolso do meu casaco e me virei para ela que já estava no postal, me fitando.

- Ah... estou pronta sim. – Sorri amarelo e caminhei em direção a porta e passei por ela que fechou a porta do quarto quando saí.

Karin explicava alguns detalhes sobre a casa enquanto caminhávamos rumo as escadas. Ela mencionou algumas coisas sobre a pequena Sarada e o que eu deveria fazer para que eu não ficasse perdida, e agradeci internamente por Karin ser tão detalhista nas explicações.

Terminamos de subir as escadas e depois de percorrer aquele extenso corredor com várias portas fechadas, finalmente paramos em frente a uma porta, a quarta daquele corredor.

- Esse é o aposento da pequena Sarada. – Disse Karin parada e me fitando. – Expliquei o básico o que deve fazer, o resto agora é com você.

Apenas assenti com a cabeça e sorri comprimido.

- Entendi, obrigada.

Karin ficou alguns segundos me encarando, antes de dar as costas e me deixar sozinha naquele corredor. Soltei um longo suspiro, liberando um pouco da tensão que aquela mulher causava e levei minha mão a maçaneta redonda e dourada.

Ok, Sakura, vamos ao trabalho. Pensei comigo mesma tomando coragem e girei a maçaneta, abri a porta.

O quarto estava extremamente escuro e optei por deixar a porta aberta para que entrasse alguma iluminação ali. No meio do quarto havia uma cama de casal com ferragens douradas com a cabeceira para uma cortina fechada que presumi ser a janela. No meio da cama havia alguém dormindo, coberta dos pés à cabeça.

Adentrei mais aquele quarto, sombrio demais para uma criança de sete anos, e logo estava de frente a cama. Levei minhas mãos as cortinas e as abri, deixando a claridade daquele dia chuvoso entrar naquele quarto por àquela janela redonda. E agora eu pude ter o vislumbre com mais clareza daquele quarto com paredes pintadas de vermelho tijolo e decorado com bonecas com o rosto de porcelana e ursos de pelúcia de vários tipos e tamanhos.

Voltei meu foco ao montinho de cobertor na cor creme e uma trunfa de cabelos negros sair por eles. Delicadamente sentei-me na beirada da cama, sentindo-me estranha enquanto levava minha mão a ponta do cobertor e puxar, descobrindo o rosto de uma garotinha linda, uma verdadeira imagem de um anjinho que ressonava em sonhos.

Meus olhos não conseguiam deixar de enxergar aquele ser inocente. Os cabelos negros espalhados pelo travesseiro, a pele pálida como a neve que caía lá fora, e um leve corar em suas bochechas, os olhinhos fechados e o cenho vez o outra franzia. Não conseguia entender por que meu coração estava disparado, e uma sensação angustiante tomava conta de mim. Parecia que havia encontrado o que eu tanto procurava, mas eu não sabia o que eu procurava exatamente. Era tão confuso, tudo estava uma confusão dentro de mim.

Voltei a minha razão e resolvi ignorar aquela sensação estranha aproximando minha mão em seu combro e a chamei, minha voz soando baixa:

- Sarada?

O seu rosto se retorceu em algumas caretas para que seus olhos começassem a abrir lentamente, mas logo voltaram a fechar e cobriu todo o seu rosto com o cobertor.

- Feche as cortinas, Karin. – A voz fina e infantil soou irritada e meu coração esquentou nas batidas.

- Me desculpe, mas não sou a Karin.

Esperei e depois de alguns segundos eu vi o cobertor sendo abaixado e o rosto ser revelado, desta vez com os olhos negros abertos, me fitando curiosos.