Capítulo 16: Desabafos

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Meus olhos varreram o local em busca de alguma saída. Foquei na porta, porém, seria impossível sair por esse caminho, visto que agora há mais quatro cães de guarda de prontidão em meio a pequena sala.

— Bem... — Drekavac esfregou as mãos como se estivesse planejando algo. — Acho que, agora, eu posso me divertir um pouco com essa belezinha.

— Nós podemos aproveitar também, senhor? — um de seus subalternos questionou sedento e, ao me olhar, rosnei irada em sua direção, fazendo Drekavac rir da minha atitude.

— Nem pense nisso! — bradou Otto se aproximando e ficando ao meu lado. — Não toque um dedo nela! Esqueceu do que Ezazel falou? Você quer morrer?!

— Tome cuidado comigo, Ottoniel. — advertiu, soltando uma risada de escárnio em seguida. — Desde quando você ficou tão corajoso, hein? Porque, pelo que eu me lembre, você sempre foi um covarde que costuma se esconder atrás do Ezazel.

— Eu não ligo pra sua opinião. — desdenhou. — Só quero deixar claro que você não vai tocar em um fio de cabelo dessa garota. Lembre-se que Ezazel é seu senhor e você deve obediência.

— Mas eu só queria realizar um estudo nela. — Drekavac disse manhoso, fazendo um falso biquinho. Nojento. — Não é todo dia que se encontra uma raridade dessas. Eu não iria demorar.

— Eu já avisei. Se não quiser ter uma morte dolorosa, é melhor manter-se longe. Ela está cansada e necessita de repouso. — com cuidado, Otto me ergueu da cadeira, conduzindo-me com delicadeza até o minúsculo quarto que se localizava não muito longe de onde estávamos.

Drakavac revirou os olhos e, com seus braços cruzados, me observou sendo levada até o cômodo. Seus olhos percorreram pelo meu corpo e um mal-estar se apoderou de mim no mesmo momento, mas ignorei, voltando minha atenção no caminho até o quarto conforme Otto me guiava lentamente.

Assim que entramos, o garoto depositou meu corpo ternamente na cama, apanhou as cobertas e acomodou-as em meu corpo. Através da lamparina que iluminava parcialmente o quarto, pude perceber que seus grossos cachos emoldurados caíam levemente em seus olhos enquanto ele realizava aquele gesto gentil.

— Seus lábios estão ressecados. — concluiu, após realizar um breve estudo sobre mim. — Irei pegar água. Você deve estar com sede... Volto já. — dito isso, o baixinho se dirigiu até a porta.

— Otto! — o chamei quando ele estava prestes a sair do cômodo, fazendo o rapaz se virar para mim. — Pode fechar a porta por favor? Não quero que a claridade entre aqui. Minha cabeça está explodindo.

O mesmo assentiu com um pequeno sorriso, fechando a porta seguidamente. Ele é tão inocente assim?

Obviamente, havia um motivo para que eu tenha feito aquele pedido:

Não queria que ninguém me visse mexendo na janela. Se eu não podia tentar escapar pela porta, a única saída era essa.

É agora! Tem que ser agora!

Em um lampejo, levantei da cama e fui trôpega em direção a decrépita janela do quarto que encontrava-se empoeirada. Teria de ser rápida antes do garoto voltar. Se ele me pegasse tentando fugir, eu não sei o que seria de mim.

Tentei suspendê-la, mas ela não subia de forma alguma. Mesmo com meu corpo ainda fraco em decorrência de Ezazel ter me feito beber seu sangue, tentei impor mais força nas minhas mãos, porém, nada da janela se mexer.

Os segundos se passavam e minha pele começou a transpirar em consequência do desespero que me consumia, fazendo com que eu possuísse mais dificuldades em tentar erguer a estrutura de madeira. Em mais uma tentativa, colei arduamente meus dedos no material desgastado, entretanto, não obtive nenhum sucesso.

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⏰ Última atualização: Jun 17, 2020 ⏰

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