De volta aos controles

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Boa leitura!

Tantos e tantos tempos em que eu não pegava nesses controles. Já faz 5 anos desde que parei de fazer shows.

Olhando aquelas marionetes empoeiradas com os olhinhos fechados por causa de suas cabeças levemente abaixadas. O gosto de fazer uma marionete do zero que a muito tempo eu não sentia. Tanto tempo que não a tocara.

E lá estava ela... intacta. Dentro daquela caixa de vidro quase de minha altura que mais parecia um caixão em meio a tantos outros bonecos. Com sua saiazinha xadrez rosada, Little Lady parecia uma verdadeira Lolita. Tão fofa, ali no meio daquela sala que a muito não trabalhava, recebendo toda a atenção. Tão bem-feita que parecia até uma pessoa de verdade. Apenas parecia. A única de olhos abertos. Aqueles olhos. Tão penetrantes que parecia seduzir minha alma a perdição. Apenas parecia.

A história de Little Lady nunca foi uma das mais felizes e tranquilas, ou melhor, Kathy. Esse foi o nome que eu dei a ela quando criança. Minha avó Catherine, mestra em marionetes, me passou seu conhecimento e me tornou sua aprendiza e então, fiz minha primeira marionete usando magia: Kathy ou mais tarde conhecida como Little Lady. Fiz ela com meus 12 anos. A partir daí ela passou a crescer junto comigo, a cada ano que se passara, em seu aniversário eu a reformava para ficar a minha idade.

Eu me divertia conversando com ela. Conversando sozinha...com ela. Ela era a minha única melhor amiga. Única. As crianças na escola não queriam chegar perto de um ser que usa sua energia mística para controlar "bonequinhas". Marionetes.

- Você sofreu tanto sozinha né Kathy?... Você deve ter sofrido sem mim...- "Eu também sofri, você não faz ideia". Lembrando-me de todas as memórias que tenho com ela, passei minha mão em seu rosto sob o vidro como se eu pudesse tocar aquele belo rosto. Tão lindo.

Ao completar 16 anos, eu conheci Jack, um jovem dois anos mais velho que eu que gostava de músicas calmas e de tirar fotos da natureza. Ele fora meu primeiro amor. Se é que aquilo que tivemos era amor. Talvez eu só tenha gostado que alguém não me chamou de esquisita pelo meu gosto por marionetes. Após alguns meses de namoro minha mãe começou planos para um possível casamento. Infelizmente as minhas marionetes não estavam incluídas nesse plano.

Aos 18 anos me casei com Jack e me mudei de Londres para Paris, e assim morar junta a ele, e é claro que levei minhas "bonecas" (Marionetes) junto comigo. Não podia simplesmente deixa-las. Isso fez com que eu e Jack brigássemos muito. Apesar de ele não me julgar, ele dizia que minha obsessão por elas estava além dos limites. Um dia, ele não resistiu. Me trancou no banheiro e foi até o escritório onde elas ficavam. Onde ela ficava. Ele jogou uma a uma ele jogou todas no chão.

Eu suspeitava que um dia ele iria se revoltar contra mim. Sabendo dessa possibilidade, escondi uma chave em cada cômodo que ele poderia me trancar. Por sorte ele nunca achou pois estava ocupado demais discutindo.

Saí do banheiro o mais rápido possível e consegui salvar ela. Pelo menos ela. Eu nunca deixaria ele encostar um dedo em Kathy. Nunca. Me divorciei dele no mesmo dia e uma semana depois já estava sozinha de novo. Consegui reconstruir todas as minhas marionetes. E reparei algumas feridas no material de Kathy.

Aos 20 anos comecei a fazer show no centro de Paris com minhas marionetes. A mais famosa sempre foi Kathy que logo foi apelidada de Little Lady por causa de sua aparência e de suas roupas delicadas.

Meu nome ficou conhecido como Marionetista por toda França e eu finalmente me sentia feliz. Até o incidente da família Piper. A casa em que minha mãe Celestia, minha avó Catherine, meu pai Gusto e os gêmeos Leo e Lian pegou fogo. Os bombeiros apontaram um vazamento de gás no fogão principal da casa, ouve uma explosão e tudo foi a baixo. Quando eles conseguiram apagar o fogo não tinham vestígios dos corpos da minha família. Felizmente, quase como um milagre, minha mãe sobreviveu, pois tinha conseguido sair por de traz da casa a tempo, porém logo depois ouve a explosão.

Parei de fazer shows e caí em depressão. Fechei minha oficina de marionetes e passei a cuidar de minha mãe que já estava com seus 60 anos. Após 1 anos, minha mãe também passou dessa para melhor câncer de pulmão. Nunca largara o cigarro. Passei mais um ano inteiro sofrendo tentando superar, até eu resolver fazer o meu último show.

Continua...

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Oi para vc leitor que chegou ate aqui e esta prestando atenção nisso!

Muito obrigada por ler, é minha primeira vez aqui então me desculpem se estiver meio chato

Espero que gostem

Votem e comentem se quiserem mais episódios.

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Little LadyOnde histórias criam vida. Descubra agora