Capítulo 5 - Crô

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Crodoaldo e Tereza Cristina, passaram a tarde toda ligando para várias empresas especializadas em decoração em busca da melhor, aliás ela queria mais que a perfeição. O buffet ficaria a encargo da equipe do Le Velmont que era extremamente competente e não se arriscaria jamais a contratar uma outra ainda que fosse recomendada pela rainha da Inglaterra em pessoa. 

Crô adorava quando a via assim tão feliz e animada com alguma coisa. Seus dias eram quase sempre monótonos. Quando as crianças eram mais novas, as horas passavam tão depressa e ela tinha com o que se distrair, principalmente com o caçula a quem deu mais atenção por estar mais preparada, lidando melhor com a maternidade. O que mais gostavam de fazer juntos era passar tardes inteiras na piscina. Tereza Cristina nadava muito bem, inclusive ganhou várias medalhas na juventude. Era uma verdadeira sereia nas raias e dificilmente alguém conseguia ganhar dela,tamanha agilidade e técnica. Também fizera ballet clássico. Seu pai não perdia a uma apresentação, diferente da mãe que nunca ia lhe ver dançar nem mesmo competir.

 Maria Tereza de Siqueira Buarque era uma mulher austera, quase nunca participava da vida de sua filha. Não estava presente em seus momentos mais importantes. Quando menstruou a primeira vez aos 14 anos,quem lhe acolheu foi seu pai. Nos dias de temporal para ela era uma verdadeira tortura. Tinha verdadeiro pavor de raios e trovões e esse medo a acompanhou até a vida adulta. Na infância se escondia embaixo da cama e só saía quando tinha certeza que o tempo havia melhorado ou quando seu pai a tirava de lá e a acalmava em seus braços. Álvaro sempre cercou sua Pequena Loba de todos os cuidados possíveis para que ela nunca sofresse. Ver a filha chorar, por menor que fosse o motivo lhe doía a alma.Patrícia ao contrário dela detestava ballet. Nunca se esqueceu do dia em que a garota tinha apresentação na escola e a garota tinha falado a semana toda que não queria mais dançar e a mãe por insistência disse que ela não tinha escolha. Nesse dia Tereza Cristina pessoalmente tinha feito um coque perfeito em sua filha, a vestiu com seu tutu e collant rosa, as sapatilhas eram novinhas. Olhava para sua pequena de 13 anos toda orgulhosa. A encheu de beijos mesmo a menina estando toda emburrada. Enquanto Tereza Cristina acomodava seu caçula na cadeirinha, escutou um grito que vinha de dentro de sua casa e qual não foi seu espanto ao ver Patricia toda desarrumada, os cabelos parecendo um ninho de mafagafos, as pupilas de seus grandes olhos azuis aumentadas de tanta fúria. Começaram ali uma grande discussão.

PATRÍCIA -Eu já te falei que não quero dançar. Não suporto ballet e passei anos da minha vida fazendo aulas de dança só para agradar você! –vociferou.

TEREZA CRISTINA -Escute aqui fedelha, eu sou sua mãe e exijo respeito. não admito que grite comigo dessa maneira. Quem pensa que é para levantara voz para mim? – dizia também aos berros, levantando a garota pelos braços até René intervir na situação e apaziguar os ânimos das duas mulheres de sua vida que tinham temperamentos tão difíceis.

Agora na idade adulta a relação entre as duas havia melhorado consideravelmente, mas também pouco se viam já que Patty se dedicava com afinco aos estudos e como estava no sexto semestre, dividia-se entre a faculdade e os estágios e quando não estava estudando, dedicava seu tempo ao namorado. 

René Jr. estudava pela manhã e sempre almoçava com o pai e fazia companhia para mãe na hora do jantar. Passava a tarde toda trancado em seu quarto jogando ou em sites não muito recomendados para garotos de 15 anos.Tereza Cristinasentia-se perdida em muitas vezes com esse excesso de tempo e sua maior  distração era aterrorizar a vida dos empregados, principalmente de Crodoaldo, por quem tinha um carinho todo especial, embora não demonstrasse, mas ele sabia e como sabia.  Ele a conhecia como ninguém, talvez melhor do que ela mesma.

Crodoaldo conhecia sua alma. Lidava com maestria com as oscilações de humor de Tereza Cristina. Estava sempre ali quando a percebia tão frágil. Fazia de tudo para não deixar ninguém incomodá-la nos dias em que estava no modo dragão. Ele sabia exatamente o quefazer em toda e qualquer situação. Tinha por ela uma amor incondicional, altruísta e ai de quem ousa-se ofendê-la. Crô de gatinho se transformava em uma verdadeira fera selvagem.

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