Capítulo 5

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O celular de Sofia tocou diversas vezes. Estava no silencioso e ela não ouviu as chamadas. Deitou- se em sua cama ainda com as roupas que fora à
igreja, as pálpebras estavam pesadas e o coração triste. Achou melhor ter ficado em casa, pois seus pensamentos vaguearam durante todo o culto e mal prestou atenção nos louvores e na palavra. Começou a se culpar por tudo o que estava acontecendo. Talvez, Deus quisesse a união dela e de Eduardo também e a estivesse castigando por não aceitar seu "destino".
Pegou o celular, pronta para mudar aquela situação tão amarga. Iria contra a sua vontade, mas preferia ter a paz, a solução imediata. Ela sabia que não aguentaria tanta humilhação. Ao deslizar os dedos sobre a tela, viu três ligações da irmã. Não queria dizer a verdade sobre o que aconteceu. Imaginava a reação de Lara e não gostaria de mais problemas. Por mais que ela tentasse ajudar, as coisas só iriam piorar.
Procurou o contato de Eduardo, ele estava online. Seus dedos estavam frios e mal conseguia escrever. Começou a digitar, com muita calma e lágrimas nos olhos. Não estava pensando nas consequências futuras, apenas em agradar o desejo de todos.

"Boa noite, Edu… Tudo bem? Me desculpa por hoje, eu realmente não sabia como reagir. Eu mal imaginava que você preparou aquela surpresa com tanto carinho. Apesar da minha resposta rápida te decepcionar, não apenas você, mas a todos, eu pensei melhor... Eu aceito! Espero que possamos conversar mais sobre."

Eduardo estava pronto para dormir, ficou abalado depois da rejeição, mas foi ao culto, mesmo indisposto. Puxou as cobertas e escutou seu celular tocar. Era uma nova mensagem. Fechou os olhos, querendo dormir, mas a curiosidade foi maior. Leu aquela mensagem sem entender muito bem, releu e, então, acreditou: Sofia aceitou!
Marcaram um dia para almoçarem em família e dar a notícia. Seria dali a dois dias. Dois dias que passariam tão depressa... E mudavam a direção de tantas vidas.
A jovem pegou sua bíblia. Mesmo com tanto sono, queria que Deus fizesse algo. Mas suas esperanças de uma intervenção estavam quase esgotadas, se é que havia esperança. Começou a sentir falta de ser criança. Leu por três vezes o Salmos 25.16. Repetiu diversas vezes o Salmo, até que adormeceu.
Acordou com o pai batendo na porta. Olhou no celular e se assustou com o horário: 9h46. Estava tarde e precisava terminar um trabalho para entregar na faculdade. Sofia estudava música na Unicamp. Sempre foi seu sonho entrar nessa universidade. Com muito esforço e ajuda de Deus, conseguiu.
Ficou ensaiando como encarar a mãe, pois ela não iria dirigir nenhuma palavra à filha. Desceu as escadas devagar. Ouviu a mãe ao telefone. Pelo jeito que falava, deveria estar conversando com Marta. Pedia desculpas pela falta de educação de sua filha.
Sofia fez seu prato silenciosamente, não queria interromper a ligação. Subiu para almoçar no quarto, aproveitaria a privacidade para terminar alguns trabalhos.
Procurava as datas de entrega e recebeu uma mensagem:
"Oi, Sofia!"

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