CAPÍTULO 12 - ESTRELAS

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Muitas coisas aconteceram nestes dois dias. Incluindo outra após o jantar.
Por causa do que ocorreu, não pude contar o que aconteceu comigo no cômodo dos espelhos, para os meus amigos.

A noite passada após eu jantar no salão dos banquetes com todos, eu ía contar tudo o que me aconteceu. Porém quando estava prestes a dizer, eu senti um peso em meus olhos e muita tontura. Não consegui permanecer junto deles na mesa, necessitava de encostar minha cabeça.
Então me despedi e saí do salão, tentando transparecer a imagem de que estava bem.

"Eu detesto preocupar os outros com meus problemas. Me senti aliviada por ninguém perceber a minha situação "

Afastada de onde estavam, me senti um pouco mais zonza. Para conseguir chegar até meu quarto, tive que apoiar meu corpo contra as paredes dos corredores.
Mas conforme me aproximava do meu quarto, o chão, as paredes e o teto, pareciam cada vez mais uma ilusão de ótica.

As paredes se tornaram compridas e muito altas, e foram esticando e ficando azul.
Em um piscar de olhos, eu estava caminhando no meio das estrelas.
Todas elas tinham diferentes tamanhos e cores. E não ficavam paradas, na verdade percorriam o céu juntas formando vários desenhos simétricos.

"Fazia muito tempo que não as admirava. E naquele momento eu tive uma chance enorme"

Fiquei tão distraída com a formosura delas, que não percebi a presença dos meus amigos ali. Somente quando o William tocou o meu ombro, que eu saí daquela hipnose encantadora.

— William?... – falei surpresa e confusa.
— Nós vimos você de longe, e a chamamos. Porém percebemos não ter escutado.
— Foi mal... Acho que posso ter ficado um pouco distraída.
— Um pouco é o seu bastante. - ele sorria enquanto falava.
— Tem razão, mas como chegaram aqui?
— Eu me lembro de ter ficado tonto, e a Mirella e o Miguel disseram ter tido a mesma sensação.
— Aconteceu o mesmo comigo. E...
— Espera o que é aquilo?

As estrelas que antes formavam desenhos, estavam se movendo em forma circular com muita velocidade, tomando o formato de um furacão.
Entretanto conforme ele se movia, podíamos ver um homem que lentamente descia no meio dele.

"O furacão não estava muito longe de nós, mas por incrível que pareça o vento que ele causava não nos afetou"

Quando finalmente chegou ao chão, as estrelas voltaram ao seu normal.
O homem que veio do furacão, parecia ser alguém que havia presenciado muitas coisas. Pois seus olhos violetas demonstravam profunda experiência.
Suas vestes e seu aspecto eram simples, menos os olhos.

Ele primeiramente não se apresentou, apenas se direcionou a uma estrela pequena amarela e a pegou. E depois com a espada na mão esquerda, a enficou no firmamento.
Naquela parte onde a espada foi posicionada, apareceu uma porção de terra que o homem no qual plantou a pequena estrela.
Ali surgiu um broto que cresceu rapidamente, se transformando em uma árvore adulta. E dos seus galhos cresceu muitas estrelas coloridas.
O homem então pegou a sua espada e a fez se tornar uma mesa de metal. Mas antes pegou quatro " frutos" da árvore.
Por fim ele nos chamou para assentarmos junto dele.

— Estas " frutas" cuja eu peguei, vós deveis comer.
— Não temos conhecimento da sua identidade, como podemos aceitar?

" bastava o Sr. Machado ter nos enganado, desta vez eu queria ser mais cuidadosa"

— Sobre mim iriam saber no momento certo, mas a vossa curiosidade é apressada. Então mais uma vez lhes peço que comam isto, pois é necessário.
— O que vai acontecer quando nós comermos destes " frutos"?.
— Direi uma delas, a outra irão descobrir por si próprio.
Um " fruto" de uma estrela, tem a capacidade de aumentar a habilidade mágica de um ser.
— Nós não temos nenhuma aptidão com magia, então se comermos o " fruto" ainda terá efeito?
— E conseguir respirar e ganhar velocidade debaixo d'água por tempo indeterminado, seria o que para você senhorita?
— Se isto é uma habilidade, como foi que a obtemos?
— É um resquício que comprova a sua ligação sanguínea com seus antepassados.
Eles não aprenderam somente a arte dos espadachim, também estudaram muitas outras áreas de conhecimento ao longo da guerra.
— O que o " fruto " da estrela tem haver com isso?
— Ele que deu esta capacidade entre muitas outras. Porém a resposta que encontraram não o foi o suficiente para derrotar o inimigo.
O que é muito estranho.
— Qual foi a resposta?
— Não sei, sinto muito.
— É... Parece que não vimos tudo na bola de vidro.
— Comam os "frutos" e descubram a resposta outra vez, pois eu não tenho esta oportunidade.
— Desculpa perguntar novamente, mas quem é você?
— Sou o seu mestre, ajudarei vocês no treinamento com as espadas (...). Adeus.

O nosso futuro mestre desapareceu e com ele foi a mesa. A única coisa que restou era a árvore e os " frutos".
Emfim acabamos obedecendo a ordem, mas na última mordida as estrelas em nossa volta explodiram.

Fechei os meus olhos para não ficar cega com a luz.
E quando tomei coragem de abrir de novo, eu me encontrei.

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