Honra & Coragem

8. Decepções da família

Em uma noite, um pouco antes do jantar, Adrian estava em seu quarto montando algo que poderia mudar sua relação com a Assembleia de Dávia e, consequentemente, com seu pai. Além disso, o que o rei não suspeitava era que o príncipe estava trocando cartas com Elora, já que ambos sentiam muita falta um do outro.

De repente, alguém bateu na porta, Adrian se levantou da cadeira que estava sentado e falou que a pessoa poderia entrar. A pessoa, no caso, era Cassius e ele segurava uma carta de Elora, o que tranquilizou Adrian. Era o preceptor do príncipe que entregava as cartas do casal, já que ninguém poderia saber o que estava acontecendo.

— Ela está bem? -Adrian perguntou, pegando a carta.

— Sim, Adrian, não se preocupe. No entanto, você sabe que isso é muito arriscado, se o teu pai souber...

— Meu pai só saberá se alguém contar a ele, e eu acredito que você não trairá a minha confiança.

— Logicamente que não. No entanto, fico aflito com essa situação, pois Elora não é da realeza e você não poderá abdicar por causa dela.

— Eu entendo a sua aflição, Cassius. No entanto, eu já estou com um plano para que essa situação mude.

— Que tipo de plano?

— Você saberá na próxima reunião com a Assembleia de Dávia.

— Os ministros são irredutíveis a certos assuntos, Adrian, você sabe disso.

— Veremos se eles serão irredutíveis com a proposta do futuro rei de Dávia.

Cassius deu um fraco sorriso para Adrian e o gesto foi retribuído. O preceptor anunciou que estava na hora do jantar e acompanhou o príncipe até a sala de jantar. Chegando no local, Adrian notou que Milana chegou na mesma hora que ele. Os irmãos olharam para o pai, que já estava na mesa, e os olhos cor de âmbar dos irmãos transmitiam uma certa preocupação do que poderia acontecer.

Eles se acomodaram ao lado do rei e os empregados começaram a servir a realeza. A maior parte do jantar foi em total silêncio, então Milana ficou focada no belíssimo de quadro de sua mãe que estava posicionado atrás de Adrian.

Na pintura, a rainha Estelle estava usando um vestido verde-escuro com detalhes prateados e a ornamentada coroa de rainha em cima do trançado cabelo castanho escuro, sua pele bege-médio estava com um leve tom de coral nas bochechas e seu sorriso era singelo, porém bonito ao mesmo tempo.

— Onde encontrou essa pintura, meu pai? -ela perguntou encantada.

— Um dos criados a encontrou escondida na sala dos quadros. Anteontem seria o nosso aniversário de casamento e quis homenageá-la de alguma forma. -ele respondeu enquanto bebericava um vinho.

— De fato, é uma pintura bem bonita. -Adrian comentou quando se virou para olhar o quadro da mãe. — Aliás, quando o pintor real aparecerá?

— No dia da sua coroação, Adrian. Espero que você esteja aqui para a ocasião.

O príncipe sentiu a insinuação direcionada a ele, mas decidiu não rebater. Milana ficou um pouco sem-graça com a situação e tentou mudar de assunto.

— Hoje fiquei focada nas aulas de etiqueta, de fato não são tão ruins quanto eu imaginava.

— Fico feliz com isso, Milana. Ao menos não tenho que me preocupar com você indo vestida de homem para o treino de Cassius.

— Meu pai, eu acho melhor o senhor dizer o que está lhe incomodando. -Adrian falou com um tom neutro. — Faz dias que estamos nessa situação.