Na manhã seguinte, Renata fez Wendii arrastar Sofia do quarto praticamente à força, o que foi difícil. Tenho que admitir, ela quase não me deixou sozinha. Foi apenas uma vez até o apartamento pegar roupas limpas, e costumava descer esporadicamente até a lanchonete para comprar alguma coisa para comer. Fora isso ela virou minha sombra, até quando eu ia ao banheiro ela ficava do lado de fora perguntando se eu queria ajuda.
A atitude de Wendii fazia parte do plano, e Renata prometeu que me levaria para a casa dos pais dela e que Sofia deveria me buscar mais tarde. Ela quase não aceitou - por causa do pai, imaginei -, mas acabou sendo convencida pelo meu charme. Tínhamos uma festa surpresa planejada. Na verdade, Renata tinha, eu era apenas a isca.
Assim que elas saíram, tomei banho e deixei que ela fizesse minha maquiagem e secasse meu cabelo, que quase gritou de alegria por finalmente ter alguma atenção dedicada a ele.
- Você pegou uma roupa minha em casa, como pedi?
- Não - respondeu Renata. Fiz cara feia. O que eu ia vestir? Os vestidos dela com certeza já estariam apertados em mim, pois minha barriga já era aparente.
- Eu comprei um vestido novo.
Eu já disse o quanto eu amava presentes? Sorri feito uma menininha e abri a sacola que ela me entregou. Era um vestido frente única, longo e azul-marinho. Não tenho como descrever o quanto era perfeito. Além de me deixar com um generoso decote à mostra, deixava minha barriga mais acentuada e evidente.
- Eu amei - disse, jogando meus braços em volta do pescoço dela.
- Imaginei que amaria - respondeu, retribuindo meu abraço. - Pronta para dar o fora daqui?
- Não precisa perguntar duas vezes.
Passamos na sala da minha médica antes, que me recomendou repouso absoluto até o final da gestação. Pegamos a alta e a guia de alguns exames laboratoriais, que eu teria que fazer na segunda-feira, e fomos para a residência da família Oliveira. Renata ainda tinha que decorar a casa e eu tinha o enorme trabalho de olhá-la enquanto ela corria apresada de um lado para o outro. Esse repouso seria uma maravilha. Ninguém poderia me pedir nada, eu estava no céu!
Algum tempo depois, Jacque já não parava de abraçar e recepcionar os convidados que chegavam. Fui apresentada a todos os amigos da família e aos de Sofia. Alguns eu já conhecia do hospital, como a anestesista de língua presa e os médicos.
Quando escureceu e ouvimos o barulho do motor da Land Rover parar na entrada de carros, apagamos as luzes e nos escondemos. Sofia vinha seguindo ao lado do pai e de Wendii. Seu queixo caiu quando as luzes foram acesas e mais de cinquenta pessoas gritaram “surpresa!”, mas ela só tinha olhos para mim. Caminhou ao meu encontro e me beijou.
- Feliz aniversário - sussurrei em seu ouvido.
- Você não deveria estar na cama? - perguntou demonstrando preocupação.
- Só se for na sua - respondi baixinho. Ela sorriu maliciosamente e olhou para os lados, na certa pensando em me roubar no começo da festa. - Mais tarde - deixei claro, e ela fez uma expressão de falsa tristeza e foi cumprimentar seus convidados.
Sentei-me na mesa junto aos meus pais, minha avó, minhas irmãs e Wendii. Renata se juntou a nós depois de certo tempo. Sofia ainda estava indo de mesa em mesa para conversar com as pessoas.
- Está se sentindo bem, querida? - perguntou minha mãe, inclinando-se na minha direção.
- Uhum - respondi, bebendo meu suco de laranja, morrendo de inveja da bebida no copo dela.
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The Girl With Red Hair
RomanceLaura Buitrago é uma linda advogada bem-sucedida. Desde que assistiu a uma cerimônia de casamento pela primeira vez, ainda criança, seu sonho é apenas um: percorrer o tapete vermelho da igreja, vestida de noiva. Porém, contrariando todas as suas exp...