Capítulo Quarenta e Nove

3K 256 33
                                    

• • •

— Você se encontrou com o seu pai? — repeti, atônita. Jason concordou, assentindo com a cabeça.

— Ele disse uma coisas.

— Não dê ouvidos à ele, Jason. — falei, num suspiro, me aproximando para abraçá-lo.

— Eu não ouvi. — o loiro esboçou um sorriso triste. — A única razão para eu ter ficado mal é que vê-lo me fez lembrar da minha mãe e tudo de horrível que ele já fez com ela e comigo. E ele começou a dizer tudo aquilo sobre como eu não era bom o suficiente e como acabaria como ele. E como iria estragar a vida do Tommy não o forçando a ir para a faculdade, como estraguei a sua. — admitiu.

— Jason, você sabe que isso não é verdade. — coloquei as mãos no seu rosto, tentando transmitir conforto através do meu olhar e do toque.

— Eu sei. Muito tempo atrás, quando eu era um menino assustado, com um padrasto falecido, um pai que havia me abandonado e uma mãe distante, eu teria dado ouvidos à ele. Eu achava que eu não merecia uma família. Mas aí eu conheci você. Tommy nasceu. Eu me reaproximei da minha mãe e fiz as pazes com o meu irmão. Você me deu uma família. Vocês são a minha família. Você, Tommy, minha mãe, James, seus pais e até April, mesmo que ela me odeie. Por isso que eu disse não tinha nenhum motivo para escutá-lo. Não importa se ele tem o sobrenome que nós. Ele não é a minha família. Nunca foi. Minha família está aqui. Na minha frente. E eu não vou deixá-la ir novamente.

— Que bom. Porque eu não vou deixar você ir também. — falei, com lágrimas nos olhos de emoção causada pelas suas palavras. — E, Jason... sua família está orgulhosa de você. Jane e Thomas estão.

— Obrigado, Ariana. — ele beijou a minha testa. — Eu já disse que te amo hoje?

— Sim, mas você pode dizer novamente. — disse eu, em tom de brincadeira.

No dia seguinte, já era domingo e precisávamos voltar para a nossa cidade pois as aulas de Jason começariam na segunda. Estávamos deitados na cama do hotel, abraçados, cobertos pelos lençóis e usando apenas roupas íntimas. Eu pensava em como seria muito difícil deixar meu menino de dezoito anos sozinho aos cuidados do tio. Eu tinha apenas dezesseis anos quando me tornei mãe. Eu sabia bem como viver uma vida sem conviver com o meu filho todos os dias, na minha casa, debaixo da minha asa. Porém, Tommy estava se tornando um adulto, ele precisava conhecer o mundo e viver experiências marcantes.

— Ele vai ficar bem. — comentou Jason, como se lesse meus pensamentos.

James e Tommy foram nos levar no aeroporto e , faltando minutos para o embarque começar, tivemos que começar as despedidas.

— Se cuida. — falei, acariciando os cachos loiros de Tommy. — Não beba muito café. Tome suas vitaminas. Não esqueça de trocar a roupa de cama a cada sete dias. Ajude seu tio a limpar o apartamento. Qualquer coisa me liga que eu venho correndo te buscar.

— Mãe! — reclamou ele. — Vai ficar tudo bem. Eu te amo, cuida do papai.

— Eu te amo. — o abracei, já com lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas.

Chegamos na nossa cidade pouco antes do pôr do sol. Eu queria começar a desarrumar as malas, contudo, Jason me convenceu a dar uma volta na praça que era sempre iluminada por luzes de natal, não importava a época do ano.

— Então, você realmente desenhou esse olho castanho por mim? — indaguei, enquanto atravessávamos a ponte.

— Teria feito muito mais sentido se tivesse ouvido a minha mensagem. — brincou ele. — Na verdade, acho que eu ainda lembro de algumas partes.

— Me conta. — pedi, me inclinando para ouvir melhor.

— Acho que eu disse algo sobre ser um idiota. E como eu sentia muito. Você tinha me perguntado uma vez qual era a minha cor favorita. Eu respondi que era a cor dos seus olhos, a cor dos olhos do nosso filho. E eu disse que a verdade era que eu te amava. — a cada palavra que ele dizia meu sorriso aumentava nos meus lábios. Tudo que eu conseguia fazer era olhar no profundo dos olhos dele e pensar o quão apaixonada eu estava por ele — Desde aquela noite, na cobertura do colégio, quando me toquei que nenhuma estrela no céu seria mais brilhante do que seus olhos. Que nenhuma joia ou pedra seria mais preciosa que o seu sorriso. Ou que nenhuma montanha-russa me deixou com borboletas no estômago como você. Naquele dia, na mesma ponte onde estou agora, eu te beijei porque eu estava me apaixonando por você. E eu precisava saber se era recíproco. Mas você me disse que era só um beijo, então eu tentei deixar para lá, tentei ignorar o que crescia no meu peito, tentei sentir isso pela Spencer, porque todos diziam que era o certo. Teve uma noite que eu disse que duvidava se Spencer era a pessoa certa e você me disse para ouvir meu coração. Foi o que eu fiz. Quando Spencer disse que me amava, eu entrei em pânico porque eu estava mentindo para mim mesmo. Eu não podia ficar com Spencer amando você. Aí eu recebi a ligação da sua mãe sobre você estar no hospital. E eu soube que não podia viver sem você. Eu surtei com a simples ideia de não ter você na minha vida. No dia seguinte, você me disse que não tinha sido um beijo. E, assim, eu tive certeza. Certeza absoluta que é você. É você quem eu amo. Eu soube disso por quinze anos, só preferi ignorar. Hoje eu posso dizer que eu nunca poderia amar alguém do jeito que amo você. Ariana, você entrou sorrateiramente no meu coração, do mesmo jeito que saiu sorrateiramente da minha casa naquele dia. — riu. — Ariana... — dizendo aquelas palavras, Jason se ajoelhou diante de mim, me fazendo arregalar meus olhos e meu coração bater em descompasso. Tive que me segurar para não surtar totalmente ou começar a chorar que nem uma louca. Ele vai me pedir em casamento?! — Eu preciso amarrar meus sapatos.

Como se recebesse um balde de água fria direto na minha cabeça, lancei um olhar indignado à Jason, ao passo que ele ria da minha situação.

— Enquanto eu amarro meus sapatos... — murmurou ele. — será que pode pegar o celular do meu bolso? Por favor, está prestes a cair.

Tá... — resmunguei, buscando o celular de Jason. Todavia, para minha surpresa, não havia celular nenhum ali. Apenas uma caixinha. Uma caixinha de veludo. Naquele momento, tive que me lembrar de respirar. Não conseguia conter o misto de emoções que sentia. Jason tirou a caixinha das minhas mãos delicadamente, e a abriu, revelando duas belas alianças. Então, sorrindo, ele fez a pergunta:

— Ariana... Você, por algum acaso do destino, se interessaria em casar comigo?

Fiquei boquiaberta alguns instantes, tentando processar a situação e me lembrar de respirar, até que, enfim, reuni oxigênio suficiente nos meus pulmões e disse:

— Sim! Claro que sim! Eu direi sim hoje, amanhã e para sempre.

— Eu não sabia que quando você disse que ia pensar no meu pedido, ia demorar quinze anos... — zombou. Assim pulei nos braços de Jason, nos braços do pai do meu filho, do meu noivo.

Jason e eu íamos nos casar.

E, finalmente, tudo parecia certo.

• • •

o próximo capítulo é o último! ❤️

A MÃE DO MEU FILHOOnde histórias criam vida. Descubra agora