Dia triste - o pai dentro do carro sussurra
Dia comum - responde a filha.
A aula acaba. A filha chega em casa, evita o espelho de seu quarto e pula na cama. Logo, a garota se lembra de sua obrigação diária; anotar o novo peso. Balança no chão; pés trêmulos, boca seca. Pé em contato ao vidro.
47kgs
Muito gorda
Obesa
Feia
A filha pega uma faca, alisa sua barriga com as mãos como se estivesse redesenhando-a e depois desliza a ponta afiada da faca sobre a pele. A ponta corta, e a maré de sangue começa, o rosto da garota neutro - custando dizer que era perceptível um pequeno sorriso. As mãos finas e frias se espremem no fino buraco aberto em sua barriga, alargando-o. As unhas puxam a gordura, enquanto a boca vomita e o sorriso abre, e o peso diminui, e as mãos continuam puxando, e o sangue cai, e o buraco abre, e o peso desce.
"Não tem mais nada para puxar". - o corpo sussurra. Então, tira-se o fígado, mas também não é suficiente. Tira-se o rim, mas ainda existe uma sensação pesada. Por fim, tira-se os braços e arranca-se a pele da perna. Hora de subir na balança
30kg
"muito gorda"
7 da manhã. O alarme toca, e as quatro pessoas deitadas acordam. Roupas passadas, sapatos no pé, bocejos diferentes e uma porta que abre, dando início a um novo dia.