Era você

O outro lado da moeda

E o sol não falhou. Ao contrário do dia anterior, não estava chovendo. Rafa olhou pela janela, algumas pessoas passavam indo provavelmente para seus respectivos trabalhos. Os carros passando em uma velocidade baixa. A vida nada é mais que um vaivém, com números de voltas predeterminadas, refletiu.

Estava no banho, quando o seu celular tocou. Apressou-se em atender, ainda com a toalha enrolada no corpo. Era Gizelly:

- Oi Rafa!

- Oi.

- Está bem?

- Estou!

- Desculpa... Eu deveria ter te ligado na terça, assim que cheguei em casa. – Rafa permaneceu em silencio na linha. Então Gizelly prosseguiu. – Naquela noite, me comportei como uma verdadeira idiota. Deixando com que meu ciúme estragasse tudo o que tínhamos feito. Sei que você deve estar me odiando, mas queria muito que você aceitasse almoçar comigo, nesta tarde. Entenderei e respeitarei se disser não.

Rafa escutou em silencio, cada palavra dita por Gizelly. Tinha passado a noite de terça em claro chorando, ontem passou o dia inteiro trancado em seu quarto. Evitando a presença de Bianca, mas também por se sentir esgotada pela avalanche de emoções que passou por sua vida.

- O que me diz? Aceita almoçar comigo? – Perguntou novamente Gizelly.

- Tudo bem, aceito. – Respondeu Rafa

- Certo, passo em sua casa as 12:30. Tudo bem? – Gizelly tentava conter sua ansiedade pela resposta.

Rafaella ainda se perguntava se deveria ir a este almoço. Bastava uma ligação para ela esquecer tudo?

- Olha, eu não sei se é uma boa isto acontecer - Falou ao se sentar na beira da cama.

- Por favor, me deixa te explicar. Aceita por favor.

Rafa ponderou antes de responder. –

Tudo bem, aqui perto tem um pequeno restaurante. Podemos almoçar lá.

- Por mim tudo bem, passo em sua casa as 12:30, ok?

- Ok. Combinado.

- Obrigada.

- Não agradeça. Até mais. – E desligou o celular sem esperar a resposta de Gizelly.

*Pespectiva de Gizelly* – Terça à noite

Rafaela acabara de dizer que sua ex estava em sua casa, lhe aguardando. Gizelly não acreditava no que acabara de escutar. Dentre todas as mulheres do mundo, dentre todas que já passou por sua vida. Nunca sentiu tanto ciúmes quanto agora, quanto o que estar sentido por Rafaella. Ao escutar a notícia, sua vontade foi ligar o carro e a levar de volta para o seu apartamento. Lutou contra seus instintos e apenas falou

- Entendo... – Após uma pausa continuou– Preciso ir. Boa noite!

- Certo, boa noite! Nos vemos na quinta. – Disse Rafa antes de sair e fechar a porta do carro.

Observou Rafaella entrar em sua casa, nem ao menos olhou para trás ao fechar a porta. Ela continuou sentada em seu carro, por alguns minutos. Se perguntando se deveria bater naquela porta e dizer para essa tal de ex que aquela mulher agora seria sua. E que não iria permitir que ninguém atrapalhasse seus planos.

Ao se dar conta do poder do sentimento que carregava por Rafaella, Gizelly se assustou e entrou em negação.

- Preciso de uma bebida. – Disse ao pegar o telefone e discar um número. Que no segundo toque atendeu. – Manu, que bom que atendeu. Posso te encontrar agora?