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Sina Deinert

Josh levou Any calmamente pelo salão, eles pareciam felizes e isso me entristeceu. Porque eu sabia a razão de tanta cordialidade entre todos ali. "Tenha coragem e seja gentil, querida! Essa é a nossa magia!"

- Eles estão enfeitiçados. - Noah diz ao meu lado.

Eu concordo com a cabeça e espero Joalin ir até Sofya antes de responder.

- Sim, eles estão. - Eu respiro fundo e Heyoon aparece no topo da escada. - Precisamos tirar todos do salão nas doze badaladas, antes disso. Aproveite o seu não-conto de fadas, Urrea.

- O que acontece quando as doze badaladas acabarem? - Noah pergunta e eu dou um sorriso para a linda futura chapeleira que descia graciosamente a escada usando um vestido roxo.

- As piores versões de nós mesmos vem a tona, e eu não quero saber o que os futuros vilões são capazes de fazer. 

Heyoon enlaça o braço dela no meu e me lança um sorriso tranquilo, em vez de ir para a pista de dança, como todos os outros casais, eu caminho com ela até um dos cantos do salão. Os saltos altos batendo contra o chão de mármore me faziam lembrar de quando eu era criança e vinha escondida para as gigantescas festas, os vestidos deslumbrantes e as máscaras me faziam sentir poderosa diante do anonimato e me assustavam ao mesmo tempo. O que as pessoas fazem quando tinham poder e estavam protegidas pelo anonimato sempre me deu medo.

- O que se passa nessa sua cabecinha? - Heyoon pergunta enquanto pega uma taça de champagne de um garçom que passava, ela tinha os olhos brilhantes por trás da máscara.

- Eu estou apenas meio distraída. - Digo forçando um sorriso na direção dela e correndo os olhos pelo imenso salão de festas, paro sobre Noah e Sabina que dançavam com uma sintonia indescritível, eu me perguntei se aquilo era efeito do feitiço ou se eles realmente eram assim sempre.

- Pensei que estava preocupada com o feitiço que rola nas festas dos seus pais e sobre o que pode rolar nas doze badaladas. - Ela diz com um semblante calmo enquanto bebe um gole de champagne e observa as pessoas na pista de dança, eu demoro alguns segundos para processar o que Heyoon acabou de dizer. - Não fique tão surpresa, Sina. Eu sou mais que apenas chapéus e chá.

Sei que ela é mais que chapéus e chá, mas naquele momento eu não consegui pronunciar nem meia palavra. Heyoon não é personagem desse conto de fadas, como ela poderia saber sobre a maldição e estar imune ? De repente aquele salão de festas começou a ficar pequeno de mais e eu precisava de ar, segurei o vestido com firmeza, erguendo ele levemente para que eu não tropeçasse, e comecei a caminhar rapidamente até uma das portas laterais que dava no jardim, o ar gelado da noite invade meus pulmões e de certo modo me conforta, meus saltos batem na madeira do deck.

- Sina? - A voz de Diarra me enche os ouvidos. - Tudo bem aí?

- Sim, eu só preciso de um pouco de ar. - Respondo respirando fundo e encarando o jardim tão bem cuidado cheio de luzinhas. - As vezes as coisas se tornam meio...

- Sufocantes? - Ela arrisca se aproximando, o vestido dela era de um tom de verde escuro, muito bonito por sinal. - Eu imagino o quão aflita você deve estar, é literalmente a sua história em jogo.

- Eu não tenho ideia do que fazer. - Confesso. - Por um lado eu quero que todos saibam a verdade, mas por outro, o que vem depois disso me assusta. Quem eu vou ser se não a futura Cinderela? O que vai ser de mim, de Noah e de Sabina no final de tudo isso?

- Você ainda será Sina Deinert, a minha melhor amiga. - O som da voz de Noah me chama atenção, ele está parado encostado na porta pelo qual eu saí, Sabina está ao lado dele. 

Os DestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora