Alguns dos personagens encontrados nesta história e/ou universo não me pertencem, mas são de propriedade intelectual de seus respectivos autores. Os eventuais personagens originais desta história são de minha propriedade intelectual. História sem fins lucrativos, criada de fã e para fã, sem comprometer a obra original.
AVISOS: Heterossexualidade, Linguagem Imprópria
A atual situação é uma daquelas em que dá para recapitular facilmente quando começou a dar errado. Em retrospecto: Ochako deveria ter pedido serviço de quarto e ficado quietinha, apenas esperando. Mas não, ela não estava com fome de um jantar "real", só queria um lanchinho besta antes de ir dormir. O trabalho foi longo e exaustivo, seu corpo está implorando por uma boa noite de sono nesse simpático hotel no qual está hospedada, após ter enfrentado um dia inteiro de entrevistas e aparições públicas. Esses eventos por si só já são cansativos, e o de hoje em particular foi um tanto estressante por causa dele.
Ground Zero, mas a quem ela vem chamando de Katsuki há alguns anos. O namoro deles nunca veio a público: eles mantiveram em sigilo, e tudo acabou antes de sequer decidirem se iriam ou não assumir. Ochako estava pronta, Katsuki não. Ela sentiu que ele nunca estaria, sua prioridade era e sempre será o número 1 do ranking, é o sonho dele, o seu maior objetivo.
Quando ela terminou, Katsuki xingou, protestou, disse que a heroína estava sendo impaciente e dramática (olha quem fala), mas não deu nem dois dias, aceitou um trabalho nos Estados Unidos e se mandou. Era uma grande oportunidade, ele tinha total razão em correr atrás, se isso significaria tornar-se um herói inigualável e subir naquele ranking, porém apenas confirmou o que ela já sabia: os sonhos dele são ambiciosos e grandiosos, mas não tão grandes a ponto de haver espaço para ela.
A distância física se instalou muito facilmente com os dois morando praticamente em lados opostos do mundo. Já a distância emocional, a vontade de querer falar com ele, descobrir se realmente não havia sido impaciente, mostrou-se difícil de manter no começo, mas só no começo. Com tanto trabalho, Uravity quase não tinha mais vida pessoal, muito menos amorosa, nem dava pra gastar seu tempo pensando na que perdeu. Foi bem estranho parar em um certo dia e só pensar com a maior naturalidade: "Eu não tô sentindo falta dele."
Já faz dois anos desde que terminaram e, assim que soube que ele não só estava voltando para o Japão, como também estava abrindo uma agência própria e estudando uma fusão com a que ela trabalha, Ochako se surpreendeu em como não ficou tensa diante da ideia. Ela voltaria a vê-lo possivelmente todo dia, eles seriam profissionais como aprenderam e estudaram tanto pra ser, e o desastroso namoro seria só parte de um passado longínquo, quem sabe até ririam ao relembrarem de suas brigas: "Lembra que eu te chamei de egocêntrico insensível? Hahaha", ela perguntaria, e sentiria dor na barriga de tanto dar risada ao ouvi-lo retrucar "E lembra que eu disse que não é problema meu se você pensa pequeno e prefere se acomodar, só ganhando uma graninha pra sustentar seus velhos e sendo uma heroína mediana? Hahaha."
Não.
Assim que o viu pessoalmente, depois de tanto tempo, um turbilhão de sentimentos lhe invadiu. Agora ele tem uma barba ralinha e um corte de cabelo diferente, mas o olhar, tanto penetrante quanto impenetrável, segue ali. Um olhar que sempre lhe deixou intrigada, querendo descobrir mais, e que a magoou tanto em sua frieza, quando terminaram. E não, talvez não sentisse mesmo falta dele, mas é impossível dizer que não tenha afetado nada ao vê-lo: Ochako ainda se sentia magoada.
Diante disso, desnecessário dizer o quão estressante foi o dia de eventos para promover a fusão das agências. Uravity não se acomodou como uma heroína mediana, ao contrário do que ele pensou, e se estabeleceu como um dos maiores nomes de sua agência, então sua presença nas entrevistas, sessões de fotos e aparições para os fãs era essencial, não tanto quanto a de seu futuro chefe e ex-namorado, mas ainda assim, consideravelmente importante. Então lá estava ela, cumprindo sua agenda e participando do que foi praticamente uma turnê por Tóquio e seus arredores para apresentar a nova agência, e que terminou em uma festa em um hotel de Yokohama. Um lugar bonito e não tão pomposo quanto ela esperava, tanto que ficou até surpresa em ver uma máquina de salgadinhos no corredor que levava até o restaurante, ela só se lembrava de ter visto máquinas assim em lugares mais simples.
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Pedra, papel, tesoura
Fiksi PenggemarExausta depois de um longo evento, sentindo um pouco de fome, e com o braço preso em uma máquina de salgadinhos, Ochako achou que não tinha como a noite ficar pior, mas claro que tem! Seu ex, Katsuki, tinha que aparecer no corredor para vê-la nessa...