Quando a rainha recobrou a razão, se deu conta de que Jack segurava sua trança, enquanto vomitava em um balde, tossiu três vezes, sentando-se com dificuldade em um banco de madeira, limpou a boca com o antebraço e de relance viu Anna comendo o sanduíche que dera, admirando os relógios daquela loja ao lado do dono, suspirou, odiaria tê-la como espectadora, a mão do guardião veio a sua testa, sentiu um formigamento, a mão do amigo estava gelada, aliviando a febre, fechou os olhos aliviada.
— Está péssima Elsa, deve reposar-se. — afirmou, olhando-a como uma criança teimosa.
— Estou bem, eu quero que seja especial para Anna… — respondeu com a voz arrastada, devido a sonolência. — Será perfeito, o melhor aniversário com unicórnio. — completou rindo, ainda de olhos fechados desfrutando o contato gelado do espírito.
— O quê? Unicórnio? — indagou com estranheza. — Está delirando Elsa. — declarou retirando a mão da região, fazendo abrir os olhos.
Segurando o balde de metal contra o corpo, sorriu ligeiramente, percebendo o que dissera, ofereceu o objeto para o observador, esse adquirindo com relutância e nojo, com uma expressão de atenção concentrada que Elsa bem conhecia e que o deixava parecido com a irmã lhe trouxe divertimento, ergueu-se cabaleando, protamente o amigo ajudando-a deixando o balde de lado, o abraçou, dando a volta em seu pescoço, causando-lhe constragimento.
— Vamos conhecer as princesas. — disse ela, tossindo em seguida.
— Elsa. — interviu preocupado.
— Quero dizer, surpresas. — Aconchegou-se suspirando, colocando o queixo na curva do ombro.
Jack estremeceu por causa da ação e de um horror interior, que o envolvera com força, segurou a mulher pelo ombro, a mirou com um olhar nada severo, mas sim tímido, foi a primeira vez que a rainha aproximava-se de modo que lhe causasse um tipo de quentura, algo qual camuflava a muito tempo.
A mulher retornou a dormir em seu ombro.
Tentou amenizar tal sensação focando a vista na loja, havia apenas uma janela pequena, criando na atmosfera do ambiente um tom marrom escuro; relógios cuco de várias formas e tamanhos nas paredes soavam a cada hora, voltou atenção para Anna, que ouvia as ultimas instruções do homem sobre o mini castelo com relógio, presenteado por Elsa, demorou breves minutos.
O som dos passos da princesa obrigou-o a controlar-se e, escondendo a face, Jack fingiu estar alheio ao semblante provocativo da garota e pos-se a acordar a primogênita, que fez um som de irritação recusando-se a desenvicilhar, suspirou olhando para a outra irmã.
— Poderia me ajudar tirando ela de cima de mim? — Indagou em um fio de voz.
— Claro, mas Elsa está tão fofa assim, realmente gosta do travesseiro que arrumou. — divertiu-se rindo.
Assim que Anna, despertou a mais velha, a fez senta-se novamente no banco de madeira e alcançando o remédio, adquirido pelo vendendor Oaken, agradeceu a Jack por pedir uma colher emprestado ao relojoeiro, depositou um quantidade generosa no talher inclinado em direção a Elsa, qual recuou.
— Não preciso de remédio. — garantiu empurrando com as duas mãos, recobrando os sentidos.
— Abra a boca por favor, faça isso por mim? — questionou com o olhar pidão amolecendo o coração dela.
A postura contraditória e rígida, de braços cruzados e olhar diferente mudou a esse ato, fechando com força os olhos abriu a boca, Anna sorriu levando o remédio, engoliu de uma vez, fazendo uma careta, os dois riram da situação.
— Tem efeitos colaterais Anna? — questionou Jack.
— É um remédio caseiro, que tipo de efeito colateral poderia causar. — declarou, erguendo-se da posição de joelhos. — Elsa é forte, uma gripe não irá matá-la.
— Sem dúvidas, afinal ela é a poderosa rainha das Neves. — ironizou.
Anna deu um leve soco no braço do guardião, que riu.
— Vamos lá. — começou a soberana, indo para a porta do estabelecimento. — Temos que ir ver as represas, quero dizer, surpresas. — Soluçou, rodou a maçaneta e correu para as ruas de Arendelle.
Ambos entreolharam receosos e foram atrás da mulher.
A encontraram conversando com uma coroa de aparência peculiar, diferente de qualquer outra, as velas acesas como um pavilhão de festa a cada lado união-se, enquanto adornos de girassóis, fitas vermelhas e uma faixa marrom escrito "Feliz Aniversário Anna" completavam a bizarrice.
Ela pôs o objeto na cabeça de Anna com dificuldade, em meio a protestos da mesma, Jack retém o próprio riso, com as mãos na boca, a segunda filha do rei revirou os olhos com irritação .
— Vamos. Agora subimos a montanha. — chamou Elsa, com um gesto na mão, enfatizando com exagero, assemelhando-se a uma pessoa bêbada.
— Elsa já chega. Vá descansar. — pediu Anna, equilibrando os presentes embaixo do braços, usando o sanduíche para ajeitar o suposto chapéu na cabeça.
— Você precisa ver a represa. — repitiu, cambaleando e quase fechando os olhos. — Digo surpresa. — Abriu os braços, como se quisesse dar imensidão na fala.
— Eu disse que teria um efeito colateral. — comentou Jack girando o cajado.
Ignorando a fala, preocupou-se com o tom rosado na pele da irmã e as falas desconexas, se a conhecesse tão bem diria que embreagou-se, pediu para o espírito ficar e esperar, acenou concordando com ela, depois de um suspiro, ambas percorreram o caminho seguindo o cordão vermelho, ora Elsa cantava, ora espirrava e assim sucessivamente, estando dentro da torre do relógio, com o semblante receoso viu a rainha subir as escadas, espantou-se com a altura da escada, que ía como uma serpente enrolada.
— Elsa?
— O quê? Estou bem. — respondeu arrastando a fala e guiando-se até o topo.
Observou as duas aparecerem no grande relógio, sorriu percebendo miniaturas de ambas, Elsa preparou tudo minuciosamente, pensou, de repente teve os pensamentos interrompido como perigo eminente, a mulher loira rodopiou pela estrutura cantando em um tom animado, conduzindo-se para a beirada, abruptamente tirou os pés do chão afim de ajudá-la, mas Anna evitou sua queda jogando os presentes de lado e agarrando-a pelo braço, sentaram-se.
"Bem na hora Anna." — agradeceu ele, mentalmente.
— Elsa, você está queimando em febre.
Ouve a princesa afirmar, com cautela pousa a poucos metros de distância.
"Não seja assim, você exagerou, vamos lá, admita." — cantou encostando o próprio corpo e unido as mãos na dela, que suspirou derrota.
— Tudo bem, resfriada estou. — declarou fechando os olhos e aceitando o colo de Anna, essa sorrindo de alívio.
Ouviram-se passos e uma voz masculina e logo em seguida a presença do espírito do inverno, depois de ficar um tempo calada, admirando-o com a face em confusão, negando-se a desevencilhar da única irmã.
— Como chegou até aqui? — num tom que denotava claramente que não faria uma pergunta dispensável, no entanto sobre algo que tinha, para ela, uma importância maior do que seria de esperar.
Jack sorriu com os olhos e atentamente olhando-a.
— Ela está bem? — ingnorando Indagou.
Embora quisesse continuar o interrogatório o respondeu de bom grado, desviando atenção para ela, qual descançava em seus braços.
— Só precisará dormir e estará bem.
Abaixou-se em sua altura, era evidente o cansaço na figura da rainha, os lábios contraíram-se em um sorriso sincero, com a ponta dos dedos, esquecendo-se de Anna, acaraciou a bochecha dela, tomando cuidado, assemelhando-se a uma boneca de porcelana, pronta para quebrar-se ao mínimo contato.
— Você é bem teimosa. — riu ligeiramente.
Posto que ele ingnora a sua presença, analisou a fisionomia daquele que considerava estranho, seus olhos azuis a impressionavam de maneira incompreensível, a luz do sol lhe transformava-o em um ser diferente, incrivelmente o conhecia, o interior do próprio coração afirmava a suspeita, estando novamente defronte a si, ficaram em silêncio, de relance, apenas por um segundo, pensou em ver flocos de neve surgindo ao redor dele, não desviava os olhos brilhantes, como se quisesse devorá-lo.
Pôs-se Jack imediatamente a sair, piscando os olhos, e sorrindo da situação.
— Tenho algo no rosto Anna?
Abriu a boca para responder, todavia Elsa a interrompeu.
— Eu quero você aqui, comigo.
Concordaram mentalmente, ela delirava em sonhos.
— Estou aqui Elsa. — respondeu Anna, apertando-a contra o peito.
— Eu sei… Mas porque foi embora?… Eu posso controlar agora…
— Fique calma. — suspeitou que falava dos poderes. — Ficarei com você para sempre. — acrescentou.
— Fico feliz… Frost.
— Sim, espera, o quê? — franziu a testa. — Quem é Frost?
Estava ainda mais confusa que antes, porém desta vez o seu estado de confusão transmitiu para o guardião, supreendendo-o, seu olhar dizia que era preciso censurar-la, mas faltava-lhe força para tanto, apenas riu um pouco.
— Ela está delirando Anna. — mentiu. Prometera a Elsa que não contaria sobre o seu passado.
— É obvio, porém acredito em mais do que isso. — respondeu. — Quem é Frost?
A alteza não respondera, adormeceu bravemente nos braços da irmã.
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Coração Aquecido
Hayran KurguDepois de tanto tempo seu interior voltou a iluminava-se, pois era aniversário de sua irmã, agora os portões estavam abertos, contundo o vazio ainda reinava sobre ela, talvez fosse a falta de alguém, um espírito que atuava como o refúgio de sua dor...