Capítulo 21

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    Beatrice abriu os olhos devagar, sua visão demorou um pouco a retornar e sua cabeça latejava. Ela estava deitada no chão da jaula, coberta por um cobertor quentinho.

   Se questionou mentalmente quanto tempo ficou desacordada, a jaula estava limpa, mas seu corpo ainda estava manchado com sangue seco.

   Ela levantou devagar e viu Ray limpando o cômodo em silêncio, quando o militar percebeu que ela estava acordada, se aproximou com receio.

- Eu perdi...- Beatrice sussurrou.- Eu estava grávida.

   Beatrice deixou a cabeça voltar a repousar no chão da jaula.

- Eu sinto muito. - Ray sussurrou com a voz embargada ao ver o estado decadente de Beatrice. - Aguente só mais um pouco... Apenas mais um pouco.

Beatrice assentiu lentamente e fechou os olhos, sentindo sua cabeça pesar dez vezes mais do que o normal.

- Estão me drogando... A substância me faz sair do normal. É como se ela me colocasse no meu período fértil como um animal louco. - Beatrice sussurrou com a voz rouca. - Estou com sede...

   Ray olhou para o braço de Beatrice, a dobra entre o braço e o antebraço estava roxa devido algumas veias arrebentadas.

- Me perdoe...- Ray abaixou enfiando a mão entre duas grades e tocando a mão de Beatrice. Ela sorriu de canto.

- Me sinto mais segura e calma agora com você por perto.  Obrigada... - Beatrice sussurrou antes de apagar novamente.

- Nós vamos tirar você daqui... Custe o que custar. Aguenta firme, Bea. - Ray sussurrou alisando com carinho a hematoma no braço da garota e se levantando.

    Ele juntou as coisas da limpeza e bateu na porta de metal. Terry logo abriu e Ray saiu cabisbaixo. O homem avaliou a jaula e o quarto limpo e fechou a porta sem desconfiar de nada.

" Custe o que custar..."

   Ray pensou enquanto empurrava o carrinho.

***
- Como vamos invadir? - Sam perguntou preocupado.

- Um prédio daquele tamanho não tem apenas uma entrada.- Luck comentou.

- Devemos nos repartir. - Jackie falou seco. - Mas antes de entrarmos, ela tem que sair.

- Ray vai entrar antes de invadirmos. Ele solta Beatrice, eles saem e nós entramos. - Apollo comentou sério.

- Eu e Stuart podemos hackear as câmeras de segurança, ou tentar...- Nick comentou e Jackie acentiu.

- Klaus é meu! Ninguém toca nele antes de mim! - Jackie rosnou. - Ele vai viver o próprio inferno!

- Vamos fazer o seguinte... - Apollo comentou e todos o olharam prestando atenção no novo plano.

***

  Beatrice acordou novamente com um desconforto no braço. Uma ardência estranha. Ela abriu os olhos e viu o médico aplicando outra dose da droga em seu braço.

- No estado dela isso é perigoso... Tem certeza que quer continuar?- O médico clandestino perguntou. - Quanto maior as doses, maiores os riscos...

- Eu a terei de qualquer modo. - Klaus comentou seco. Ele pegou o telefone e digitou alguns números.

    Beatrice prestou atenção no som do teclado do telefone, mas mais uma vez seu corpo parou de responder e ela adormeceu sentindo seu corpo fraco.

    Acordou soando, seu coração acelerado como se ela estivesse feito uma maratona de exercícios. Suas mãos estavam trêmulas assim como suas pernas. Ela olhou para o lado onde viu Klaus a observar, ele sorriu ao vê-la começar a perder o controle sobre a própria mente.

- Venha! - Klaus sussurrou e Beatrice levantou. Seu corpo já não a obedecia.

Caminhando lentamente até a porta da jaula que estava aberta, juntou todas suas forças que ainda lhe restavam para fazer algo que Klaus não esperava,  em um movimento rápido ela mordeu o próprio braço, tão forte e profundo que sangrou. A dor fez seu corpo despertar e ela sorriu vitoriosa para Klaus.

- Vá para o inferno, anjo de merda!- Beatrice sussurrou enquanto continuava a morder sua pele.

Klaus rosnou impaciente e saiu do quarto, a deixando sozinha novamente.

  Beatrice então cuspiu o próprio sangue que estava molhando sua boca.

- Não vai me ter! Nem aqui e nem no inferno! - Ela rosnou sozinha no quarto indo em direção ao banheiro para tomar uma banho morno e retirar o sangue de seu corpo.

   De baixo do chuveiro, a água morna banhava seu corpo, ela estava sentada no chão pensando em seus filhos, evitava pensar em Jackie já que piorava  sua situação com a droga, fazendo o desejo aumentar.

   Ela suspirou pesadamente enquanto se levantava do chão, já limpa.

- Só mais um pouco... Aguenta só mais um pouco. - Beatrice sussurrou para si mesma entrando na jaula com calma e deitando no chão frio enquanto seu ventre ainda doía.

    Já não sabia se suportaria por muito tempo, seu corpo estava progressivamente saindo de seu controle, mais algumas doses e nem mesmo sua mente estaria sã.

Operação BIRDS 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora