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ASSIM QUE ABRI A PORTA do meu dormitório, eu senti a liberdade em meu corpo. Estava totalmente exausta das aulas de hoje por terem sido o dia inteiro. Mesmo que os outros dias fossem mais leves, eu tinha a clara certeza que eu odiava mais do que tudo as quintas-feiras.

Eu não estava no dormitório sozinha — graças a Deus —, partilhava-o com uma luso-tailandesa que está no primeiro ano da universidade, assim como eu. Ela é totalmente extrovertida, seja com quem for. Às vezes, pergunto-me se ela sempre foi assim, mas não podia não admitir que era uma excelente companhia e acho que já posso considerar uma amiga, mas não sei se ela me considera da mesma forma, pois não me considero tão próxima de si como ela é com seus outros conhecidos.

Procurei-a pelo dormitório, mas não encontrei nada dela, tanto é que a cama estava igual como tinha deixado de manhã: totalmente bagunçada e com roupa por todo o lado.

Respirei fundo e até pensei em fazer aquela cama, mas decidi nem me redimir a esses pensamentos, então me joguei por total na minha e coloquei meu celular para carregar. Minha exaustão me fez pegar no sono rápido, porém pelo que pude notar, não durou no máximo uma hora.

— Para de fazer barulho, Chitta. — Reconhecia aquele sotaque estranho ao falar coreano. Me levantei pronta para berrar, pois o dormitório não estava nada arrumado para ter algum tipo de visita, sendo que eu deixei claro que se o dormitório também é meu, eu posso proibir vir pessoas desconhecidas por mim para aqui. Além das visitas constantes dos superiores. Mas, pelos vistos, esqueceu-se.

— Tem certeza que não vou ser apanhado? — Cruzei meus braços na parede mais próxima, tendo a total visão deles, mas eu claramente me aliviei de berrar vendo que era seu irmão mais velho. Chittaphon e o resto eu não sei falar, mas todos o tratam por Ten.

— Há quanto tempo está aí? — falou com uns belos decibéis mais alto depois de pular de susto e evitar um quase grito, mas seu irmão fez o favor disso.

— Eu acordei com vocês fazendo barulho e estava pronta para berrar com você, pois eu não quero desconhecidos aqui.

— Eu nunca trouxe desconhecidos, só o meu irmão... que também está por aí, mas você sabe que ele é meu irmão.

— Sei que é seu irmão, pois você fala tailandês só com ele nos seus áudios.

— Como sabe que falo tailandês com ele? E, sobretudo, por áudio? — Ela parecia realmente assustada, nem parecia que era mais velha do que eu pela forma que ficou. Normalmente, espera-se que uma pessoa mais velha fique chateada de falarmos assim. Bem, também não queria, sendo sincera.

— Eu gosto de bl's tailandeses. — Eu tentava não rir de suas feições de pós-susto, mas foi inevitável dando uma bela risada. Isso que os deixou confusos.

— Eu tenho algo na cara como da última vez? — falou Ten, olhando a irmã, e eu continuei rindo, mas logo parei depois de perceber que estava sendo demais.

— As vossas feições, é por isso que estou rindo. Peço que não façam mais barulho, estou exausta.

— Não vai ver o jogo de basket? — Neguei com a cabeça, não querendo falar a frase: "Não sou interessada por esses desportos". Mas seria um pouquinho cruel, sendo que Ten faz parte da equipa. — Que pena, acredito que algum dia minha irmã te convença.

— Difícil, mas mais insistente que eu não tem. — Acabei desistindo de estar naquele lugar, mas isso devido aos meus olhos já estarem pesados novamente. Assim que cheguei no meu quarto, me deitei novamente na cama tentando pegar no sono, mas vi a tailandesa entrando no cômodo procurando algo num alvoroço.

— Você arrumou algo meu? — Neguei com a cabeça e virei para o lado, mas ela novamente veio com uma nova pergunta: — Sabe aquelas meias que eu estive lavando com todo o cuidado para não sair a assinatura?

Basketball | johnny suhOnde histórias criam vida. Descubra agora