Capítulo 15 - Minha Fada

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Pela manhã, quando Patricia se levantou após uma noite mal dormida, foi ao encontro da mãe. Sabia que a mesma estava dormindo, mas sentia no coração que precisava se desculpar pelo jeito rude na noite anterior. Entendia que a mãe tinha problemas sérios e que precisavam ser resolvidos e que trata-la com hostilidade não resolveria a situação.

Espantou-se ao entrar no quarto e não encontrar a mãe na cama. Procurou por toda casa e a viu sentada no chão, num canto do vestiário encolhida com a cabeça entre os joelhos, segurando fortemente as pernas, balançando involuntariamente o corpo.

PATTY -Mãe! – chamou assustada – Mãe, o que aconteceu? Por que está sentada aqui sozinha, nesse chão frio?

Tereza Cristina não respondeu, apenas levantou a cabeça lentamente e olhou para filha com os olhos cheios inchados e vermelhos, denotando que havia chorado muito.

Patricia se aproximou, sentando-se ao lado dela a envolvendo em seus braços e não sendo correspondida.

TEREZA CRISTINA -O que faz aqui Patricia? Não deveria estar na faculdade, afinal não foi você mesmo quem disse que está em semana de prova e que sou um peso em sua vida.

PATTY -Mãe por favor não destorce as coisas. No fundo você sabe que não foi exatamente aquilo que eu quis dizer. Vim para me desculpar do modo hostil que lhe tratei. Não gosto nem um pouco quando a gente briga.

TEREZA CRISTINA -Você queria ter uma mãe diferente, não é? Uma mãe que não fosse louca – disse com pesar.

PATTY -Para com isso dona Tereza Cristina. Não quero outra mãe. Eu quero você. Embora não diga isso sempre, que não demonstre tanto, você não tem ideia do quanto te amo e como me preocupo. Vem mãe, vamos levantar desse chão gelado. Há quanto tempo está aqui? Ainda não vi o papai.

TEREZA CRISTINA -Seu pai precisou sair as 4h00 da manhã para fazer compras para o restaurante e quando ele saiu da cama não consegui mais dormir e então como se estivesse sendo guiada vim para cá e não consegui mais sair daqui. A Sensação...a sensação é de como se estivesse ficado presa, esperando alguém vir me salvar desse buraco tão escuro e frio.

PATTY -Não tenho um cavalo branco e espada, nem sou tão forte e robusta como o papai, mas vim salvar você. Vamos tomar o café da manhã. Tenho um tempinho para ir á faculdade. Hoje só terei as duas últimas aulas para fazer prova e logo volto para casa. A Ellen mandou mensagem, dizendo que o estágio de hoje foi cancelado por conta de um problema lá na clínica e por isso terei a tarde toda livre.

TEREZA CRISTINA -Para aproveitar com o seu namorado aposto, que aliás faz um tempinho que não o vejo por aqui.

PATTY -Pra você ver como sua filha tem juízo. Estamos os dois estudando tanto, que mal temos tempo para um beijinho e o curso dele é muito mais puxado que o meu, então talvez a gente só consiga namorar direito nas férias. Agora vamos mãe, me dá sua mão, por favor.

De mãos dadas as duas seguiram para dentro da mansão.

Enquanto Tereza Cristina foi tomar seu banho matinal, Marilda e Crodoaldo colocaram a mesa e Patty foi chamar o irmão que ainda não tinha levantado.

De banho tomado, sua aparência estava muito melhor. Seu estado de humor e espírito oscilavam o tempo todo, como se tivesse sido programada e controlada por uma força que não conseguia dominar.

RENE Jr. -Nossa queria saber por que eu tenho que ir para escola de madrugada. As aulas só deveriam começar depois das dez!

PATTY -Para de ser reclamão moleque e toma logo o seu café. Hoje a mamãe e eu vamos levar você no colégio, não é mãe? – piscou para Tereza Cristina, apenas para atormentar o irmão.

AS APARÊNCIAS ENGANAMOnde histórias criam vida. Descubra agora