Na segunda-feira anterior ao fim de semana do Dia-N — e, sim, quando digo Dia-N, quero dizer Dia de Não Ser Mais Virgem — dei uma dica do plano. Estávamos perto do armário de Noah, ele estava brincando com a fechadura.
— Então — falei —, você sabe que fim de semana é esse, não sabe?
— O fim de semana do jogo All-Star da NBA? — perguntou ele.
— Ha, ha, ha.
— Domingo às 16 horas. Por quê?
Ele estava brincando. Tinha de estar. Cheguei mais perto e entrelacei os dedos nos dele.
— O.k... mas você tem planos para sábado?
— A noite de sábado antes do jogo All-Star.
— Hã?
— A competição de enterradas.
Encarei-o, esperando que me dissesse que estava brincando.
Ele realmente não se lembrava? Eu estava planejando e esperando, trabalhando os detalhes durante as últimas três
semanas (Pílula toda noite! Playlist para sexo! Esfoliação!), e ele nem fazia ideia?
— É Dia dos Namorados — falei, claramente.
— Eu sabia — respondeu ele, concordando. — Quer dizer, eu sabia que estava perto, mas não tinha percebido que seria... bem, neste sábado.
— Dia 14 de fevereiro — eu disse. — Como todo ano. — Ele estava agindo estranhamente, e isso fazia meu estômago dar voltas. — Também faz um mês.
— Um mês de quê?
Com certeza, ele estava de brincadeira. Lá estava eu, planejando sexo, e ele... mal se lembrava?
— Um mês desde que fui ao médico. — Um mês desde que meus seios, quadris e barriga tinham começado a se expandir por causa dos hormônios ingeridos.
Ele piscou.
— Então... Sábado é a grande noite?
— Se você quiser — falei, e cruzei os braços. Ele estava estragando tudo. Eu não queria tornar as coisas piores fazendo bico, mas era difícil evitar.
— Claro que quero. Por que eu não iria querer? — Ele me encarou com os olhos arregalados.
Por que ele não iria querer? Claro que queria. Respire, April. Respire.
— Então você vai lá em casa? E vai falar para seus pais que vai dormir na casa de RJ?
— Não sei se poderei fazer isso no Dia dos Namorados. Eles suspeitariam. Já acham esquisito que... — A voz dele sumiu.
— Que o quê?
— Que você more com a família de outra pessoa.
Meu estômago se revirou. Eu também achava esquisito estar morando com a família de outra pessoa. Mas não significava que eu queria que os pais de Noah ficassem pensando a respeito.
— Ei, venha aqui — disse ele, me puxando para perto. — Então, neste fim de semana, hein?
— Neste fim de semana — falei.
— Mal posso esperar.
Fechei os olhos e encostei a bochecha na camiseta dele.
O JAKE BERMAN VERDADEIRO SE LEMBROU
De: Jake Berman <Jake.Berman@kljco.com>
Data: Ter, 10 fev, 6:31 a.m.
Para Suzanne Caldwell <Suzanne_Caldwell@pmail.com>