Três horas depois pude ver Noah. Ele estava deitado, abatido e sonolento. -Oi. - eu disse
- Oi, já viu seu irmão ?
- Ainda não. - ele estava coberto por aparelhos médicos, o que parecia lhe incomodar um pouco. - Como se sente ?
- Um pouco frustrado.
- Frustrado? - ele tem sorte de estar vivo e de não ter perdido o braço, e ele está frustrado?
- Sim, eu estou completamente frustrado.- ele se endireitou na cama e afastou um pouco as pernas deixando um espaço vazio em meio aos lençóis. - Senta aqui.
- Ainda quero saber porque está frustrado. - me sentei - Você deve ter se enganado, sabe o que a palavra FRUSTRAÇÃO significa? Você poderia está morto, ou poderia ter perdido um braço ou sei lá o que. Se eu fosse você estaria agradecido. - quando eu parei de falar me dei conta que eu tinha falado alto de mais, talvez eu tenha sido um pouco grossa. Respirei fundo. - Desculpe.
- Eu estou frustrado Kris, você já se sentiu invencível? A pessoa mais forte do mundo, como se nada nunca fosse te acontecer ? Pois bem, é a primeira vez desde que meu pai morreu que eu me machuco, que eu sinto dor. - ele estava com lágrimas nos olhos - A última coisa que meu pai me disse antes de morrer foi que ele cuidaria de mim para que nada de ruim me acontecesse. Faz 4 anos que eu não sinto nem dor de dente. E isso me fortalecia todo dia, eu já acordava me sentindo o Superman, e ontem eu descobri que ele não me protege mais, eu me sinto fraco, frustrado e triste. - as lágrimas escorriam uma atrás da outra, seu rosto estava vermelho e o cabelo bagunçado, mas ele continuava lindo.
- Ei, ontem você foi o meu Superman. Obrigado. - Eu segurei a mão dele e ele apertou a minha.
Uma enfermeira entrou no quarto e acabou de vez com qualquer tipo de clima que estava nascendo naquele momento.
- Seu amigo vai ser medicado agora, peço que se retire, mais tarde poderá vê-lo de novo.
- Tudo bem. - virei para Noah - Até logo.
- Até logo Kris.
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Assim que saí do quarto esbarrei com o Dr. Loompa, ou melhor, ele que esbarrou na minha perna.
- Desculpe doutor! - ele olhou para cima sorridente.
- Eu que lhe devo desculpas, Na verdade eu estava mesmo te procurando.
- Meu irmão já está melhor?
- A senhora me acompanhe por favor.
O Dr. Loompa andava rapidinho com aquelas perninhas curtas, as crianças que esperavam atendimento olhavam para ele e riam muito, o Dr. Loompa parecia não se incomodar e acenava para cada uma das crianças que achavam graça.
- Entre por favor - entrei enquanto ele segurava a porta.
Nós nos sentamos em pequenas almofadas coloridas.
- Me perdoe por não ter cadeiras, é que as crianças gostam das minhas almofadas. - Nós rimos. - Senhorita, como sabe, seu irmão passou por uma cirurgia nas duas pernas quebradas. Depois da cirurgia ele continuou sentindo muita dor na perna esquerda, e nesse momento ele está refazendo a cirurgia. - a expressão dele ficou mais séria, e eu pressenti que algo ruim estava por vir.- Eu vou ser direto, seu irmão corre o risco de ficar sem a perna. E infelizmente depois dessa cirurgia não podemos mais fazer nada.
Boomm! A bomba foi jogada, e mil e um sentimentos tomaram conta de mim.
Me peguei chorando e suando pelas mãos. O desespero tomou conta de mim e eu perdi os sentidos.