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Capa feita por: agustdstyles
(essa capa é perfeita e o trabalho delu é incrível.)


Park Chanyeol estava apaixonado. Não por uma coisa qualquer, nem de maneira boba como as pessoas costumam invalidar as palavras, como: "eu estou apaixonado por esse livro", "que comida deliciosa, estou apaixonado".

Estava, com todas as letras, amando alguém.

Seu coração estava completamente voltado para Byun Baekhyun, cada pedaço de sua alma seria seu. Cada minúsculo pedaço. E se orgulhava de finalmente ter conhecido alguém.

Era seu primeiro amor, e tinha certeza de que seria o único. Esse feito o orgulhava mais ainda. E saber que era correspondido era maravilhoso. Baekhyun o amava tão intensamente quanto ele mesmo o fazia, e Chanyeol se sentia muito especial com isso. Se o Park quisesse, Byun lhe daria o mundo só pra ver seu doce sorriso. E ele faria o mesmo.

Estava tão apaixonado que doía. Queria uma vida com seu amado. Até que a morte os separasse. Queria se casar. Adotar um casal de menininhas pra cuidar. Se se esforçasse, podia imaginar-se escovando os cabelos de uma, prendendo em um par de maria-chiquinhas enquanto Byun colocava os sapatos na outra garotinha. Queria dias ao lado dele. Queria tudo.

Queria fazer amor completamente apaixonado como sempre faziam. Queria tardes passadas em piqueniques com ele, ou qualquer outro lugar. Banhos quentinhos e relaxantes a noite. Queria sair pra dançar com seu amor. Domingos na casa dos pais, a mãe elogiando o Byun enquanto todos tomavam um bom vinho, o pai de Park folheando um catálogo tecnológico e mostrando para Baek as maravilhas do mundo moderno.

Queria muitas coisas. Queria uma vida de comercial de margarina, perfeita, com os pingos nos 'is. Queria tanto que se esforçaria pra realizar o sonho. E sabia que Baekhyun também queria essas coisas. Essa era a melhor parte de tudo.

Pensava nisso quando chegou em casa no dia 20 de maio de 2015, carregando uma sacola de compras do mercadinho da esquina, tendo comprado alguns itens que estavam em falta da casa. Destrancou a porta e entrou no local, fechando a porta com o pé esquerdo, apenas a deixando encostada. Moravam juntos há dois meses, namoravam há três anos. A vida estava bem. Um pedido de casamento com certeza estava próximo. E Chanyeol almejava por isso docemente.

Colocou a sacola reutilizável na bancada do cômodo de estilo vitoriano, e retirou os alimentos dela. Um pote de requeijão, da marca favorita de seu garoto; cenouras e batatas, e pipoca de micro-ondas, item que não ficavam sem, apesar de ser gorduroso e nem um pouco saudável. Guardou as cenouras e o requeijão na geladeira de duas portas que a casa possuía e terminou de arrumar o resto no armário e na bancada.

Pegou uma garrafa de água gelada, e também um copo, ao qual encheu e deu longos goles. Estava cansado de ter de subir as escadas para o apartamento, moravam no sexto andar e o elevador estava quebrado. Passou as mãos pelos cachos negros que possuía e suspirou.

- Baek? - chamou.

Não obteve resposta, e se perguntou onde ele estaria. Não tinha avisado que ia sair, mas será que houvera alguma emergência no trabalho? Byun era professor, e era de tarde. Talvez tivesse que substituir alguém. Deu de ombros, não muito preocupado e começou a procurar pela casa. Sabia que ele não estava lá, a acústica do apartamento era boa o suficiente pra se ouvir do outro extremo do corredor, do lado de fora. Procurava então um bilhete, como o namorado sempre deixava. Era fofo, e melhor que mensagens de texto. Chanyeol adorava ler a letra do outro, as palavrinhas miúdas espremidas em um post-it.

Não encontrou, e voltou pra cozinha desanimado. Será que se esquecera de deixar recado? Park fez um biquinho, desanimado. Iam cozinhar juntos... Se sentiu triste.

Foi até a porta para trancá-la, e quando achou algo colada a ela, se sentiu idiota. Como não tinha olhado ali antes? É que seu garoto sempre deixava na porta da geladeira. Caramba.... Mordeu a boca com força, por costume, ao perceber que eram cerca de três folhas. O que seria? Devia ser importante, pela urgência de ter tantas palavras ali. Mas talvez ele só tivesse escrito com pressa, aumentando a letra por consequência. Tirou a "carta" da porta, que estava colada com fita adesiva, e se sentou no chão em posição de borboleta.

Começou a ler, devorando as palavras e querendo saber mais. Mas quando terminou, tudo o que queria era não ter lido a maldita carta. Filho da puta, pensou.

"Caro Chanyeol, quando estiver lendo isso, estarei bem longe. Desde já peço desculpas e lhe imploro pra ser compreensivo desde o início. Afirmaria que lhe amo pra confortar, mas pareceria egoísta de minha parte. Então apenas leia.
Fui embora. De casa, da sua vida. Da minha própria. Não me condene por isso. Mas não vou voltar. Não posso. Me desculpe.
Estou indo pra algum lugar, ao qual não posso lhe dizer, pra viver minha vida.
Não é que eu não a viva com você, mas preciso dar um tempo de ser Byun Baekhyun. Aquele, namorado do Chanyeol, filho de Wooyoung e Margot, professor de história.
Quero descobrir quem eu sou sem esses estereótipos. Quero viver sozinho.
Odeio o que faço.
Odeio minha família.
Mas amo você.
Ah, como amo. Amo tanto...
Mas não posso continuar assim.
Nos conhecemos jovens, talvez nos precipitamos ao escolher levar essa vida
Não é o que quero pra minha vida, ficar amarrado a alguém o resto dela. Sou um homem do mundo, e espero que saiba disso.
Quero fazer o que me der vontade, viver de maneira doida e tomar decisões loucas, não me acomodar como fizemos. Quero que cada maldito dia seja único.
Quero viver, e descobrir quem eu sou.
Pode entender?
Não é você, sou eu.
Você vai ficar bem, eu sei que vai.
Você sempre fica.
É forte, vai se reerguer.
Vai aprender a viver sem mim.
Sinto muito por não te dizer pessoalmente, e por ter esperado você ir fazer uma coisa tão estúpida quanto ir ao mercado pra ir embora, mas eu não ia conseguir fazer pessoalmente. Ia desistir.
Na verdade, você ia me levar a isso.
Então não me julgue, Chanyeol.
Fica com raiva, foda-se.
Mas eu vou viver como quero.
Como sonhei quando era adolescente.
Como sempre quis, e agora você não vai me impedir mostrando o quão irracional é, como sempre faz.
Sinto muito por machucar você.
Mas era isso, ou quem se machucaria sou eu.
Não posso continuar com você.
Aliás, para meu recomeço em um novo lugar, do zero, peguei o dinheiro da nossa poupança.
É pra um bem maior. Espero que entenda.

Sinceramente, Baekhyun."

Ele ficou sem ar, não podia acreditar. Não ligava pro dinheiro. E sim por ter ido embora. Daquele modo, tão grosso. Tão rude. Tão insensível. Como se Chanyeol não fosse porra nenhuma! O garoto já não conseguia respirar, se sentia tonto e enjoado, e triste. Queria ele de volta, apesar de ele ser babaca. Queria o namorado ali, o abraçando, trazendo-lhe a bombinha para asma e dizendo que ficaria bem.

Desmaiou, a bombinha em questão no cômodo ao lado, os pulmões sugando ar o máximo que conseguiam, e ele xingou mentalmente o homem que agora era seu ex com todas as forças antes de apagar, por não estar ali para o consolar. Maldito.

Vinte e um diɑs.🥀(chɑnbɑek) Onde histórias criam vida. Descubra agora