Vinte e dois

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Reza a lenda que a curiosidade é um ato feminino

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Reza a lenda que a curiosidade é um ato feminino. Não sei se é inteiramente verdade, mas vou assumir à vocês que um dos maiores fatores para a minha tomada de decisão foi a curiosidade.

"Eu preciso te dizer o que aconteceu naquela noite"

"Você precisa me aliviar desse purgatório, Anne!"

"Você tem que me ouvir!"

As frases do Richard soavam na minha cabeça constantemente. E não, eu não estava a beira de nenhum tipo de recaída amorosa por ele. Era a mais pura e genuína curiosidade.

O que moveu ele ao ponto de me procurar? O que ocorreu naquela noite que o fez entrar em um purgatório desde aquele fatídico dia na fraternidade? Por que ele insistia tanto em falar apenas desse assunto? Se fosse algo puramente sádico, ele teria feito juras de amor, mas não foi assim. Ele voltou com dor em seu semblante.

Vocês conseguem perceber que foi uma junção de fatores que resultou nesse fatídico dia? Que, por sua vez, resultou nas minhas fatídicas atitudes?

Depois de vinte dias vivendo esse inferno, aceitei encontrar Richard. Se esse era o único jeito dele sumir, então quanto mais rápido melhor.

Nos encontramos em uma cafeteria num fim de tarde. Eu estava horrível. Calça e blusa de moletom, olheiras muito salientes, nem sei como o meu cabelo estava. Eu só queria que isso terminasse.

— Seja breve — falei ao me sentar a mesa de frente para ele. Quando cheguei ele já me esperava.

— Anne! Eu quero que saiba o quanto eu agradeço por você ter aceitado vir me encontrar. Significa muito pra mim — continuei quieta, o encarando — Bom, eu quero começar dizendo que eu não me orgulho disso, mas infelizmente eu sou pago para fazer trabalhos incomuns, vamos dizer assim. Eu não entrei no Alleghney atoa e sim por você. Duas pessoas de lá me contrataram pra fazer isso com você — ele disse engolindo seco — eu fugi depois de tudo porque se descobrissem quem foram essas pessoas, eu não receberia o dinheiro e todo o meu esforço — engoliu seco mais uma vez — não teria adiantado de nada. Eu quero que você saiba que não tem um dia em que eu não me arrependa disso, Anne...

— Annelise — o corrigi friamente. Não suportava ouvi-lo me chamar pelo meu apelido após tudo o que ele fez — Como você consegue mentir depois de tudo? O pessoal da fraternidade me contou que você fez isso por conta do seu...

— Irmão? — ele me cortou — Eu não podia falar disso com ninguém! Se qualquer pessoa desconfiasse eu perderia o dinheiro — ele deu mais uma pausa. Provavelmente ficou nítido na minha cara o quanto tudo aquilo era novo.

— Não... você me afastou dos meus amigos, do meu posto de capitã, da minha vida...

— Isso também estava incluído no acordo. Eu sinto muito — após alguns instantes ele continuou — Annelise, eu não usei o dinheiro, tá aqui dentro dessa bolsa e eu estou disposto a falar tudo pra você. Desde como me contataram até... enfim, tudo — ele disse com uma expressão sofrida.

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