Cap. 03

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Encerrei a ligação com Nanda e entrei no elevador. Eu tinha pedido uma caixa de presente antes de finalizar as compras no Petshop, mas só no elevador que coloquei o animal dentro para que ele não morresse por falta de ar. Minha irmã não é mimada, mas sempre que posso faço as vontades dela. É sempre bom agradar quem amamos. Além do mais, que mau um animalzinho desse pode fazer?

Abri a porta do apartamento, Maia estava conversando com alguém no celular. Com certeza uma das amigas da faculdade sobre algum trabalho em grupo ou dupla.

- Jéssica, já falei que não quero o Renato no nosso grupo. O cara não faz nada, mano. Não, tô cansada de fazer a parte dele no trabalho. Você vai fazer? Cara, me desculpa pelo que vou falar agora, mas você é muito otária! Onde já se viu? O marmanjo tem vinte e dois anos de idade e não sabe fazer um arranjo no PowerPoint explicando o que a gente já deixou claro no papel? Meu Deus, até uma criança! Ok, ok, vou deixar ele dá um pé na sua bunda para largar de ser trouxa. Não, não, de boa. Faz, mas depois não fica se remoendo pelo leite derramado não. Tá, tenha um bom dia, nega. A gente se vê amanhã.

Após colocar o celular no balcão da cozinha ela finalmente nota minha presença.

- Ah, onde o senhor estava? - Muda de assunto. - Bom dia.

- Bom dia - risos. - Fui cuidar de uns compromissos, como disse antes de dormir. O que essa sua amiga fez?

- Ela gosta de um cara que não dá a mínima para ela, tá nítido que o cara é gay e não quer nada. Eu não tenho culpa se ela não nasceu com um gaydar. Sem contar que ele sempre quer participar dos nossos grupos, porque sabe que a gente faz tudo por ele. A idiota não enxerga isso e para não deixar a coitada nessa sozinha a outra idiota aqui deixa passar "só mais uma vez". Aff, sem condições. Nove horas da manhã e já me estressei.

- Calmô? - Arqueio as sobrancelhas. - Ainda bem que tem chá de camomila no armário, não sei o que eu faria sem algumas caixas aqui em casa - risos.

- Vou fazer. Odeio confessar, mas é o que preciso nessas épocas de trabalhos e provas na facul.

- Relaxa, essas coisas são estressantes mesmo. Aliás, trouxe um presente para você e eu sei que você vai gostar porque, afinal, fui eu quem deu, né? - Me gabo, vendo ela fazer cara de deboche e rindo em seguida.

- Ok, e por que do nada? Só pode ser uma caixa de aranhas.

- Está vendo? Eu até tento ser carinhoso nessa relação de irmãos, mas não dá. Impossível. Sua nojenta - finjo indignação.

- Está bemmm, o que o meu queridinho irmão tem para me entregar? - Semicerro os olhos pela falsidade.

- Bom, aqui está, tire suas próprias conclusões.

Lhe entrego a caixa de mais ou menos quarenta centímetros de cada lado na cor branca e cheia de corações vermelhos com uma grande fita dourada no centro. Observei cada segundo que ela abria a embalagem.

- Ah, não. Não creioooo! Você comprou um!!!!

- Achei que você fosse gostar, aquele sonho te deixou encucada - risos. - Além do mais essa casa precisava mesmo de um animalzinho para alegrar nossos dias.

- Miguel, eu nem sei como agradecer. Ele é lindo! - Pega o coelho e o envolve em seus braços, feito bebê.

- Lavando a louça - sorrio.

Seu olhar passou pela pia lotada da noite anterior e a mesma choramingou. Dou de ombros, ainda rindo da situação.

- Bom, aqui está a ficha dele. O nome dele é Café Cremoso, tem dois meses de vida e tals. Tá tudo aí no meio dos documentos dele.

- Não poderia ter nome melhor - risos. - Nossa, quantas folhas.

- Pois é, é como um filho. Tem até termo de responsabilidade e tudo mais.

Seus olhos estavam brilhando desde que viu o bichinho.

- Trouxe também essas coisas para ele, não precisa comprar nada por ora.

Coloco as sacolas na mesa, Maia já notou o que havia nelas por meio da transparência delas.

- Gente, eu tenho um coelho!!!! Aaaaah!! Vou criar um Instagram para ele. Olha que coisa fofa. Ai, meu Deus!

Dou risada da empolgação dela.

- Bom, que ótimo que você gostou da surpresa. Mas agora tenho que passar na casa da Nanda. Aliás, mais tarde tem festa. Já sabe.

- Claro, você acha que eu, a mais encalhada do planeta Terra, vai perder essa? Sem falar que a Clara vai passar por aqui para irmos juntas.

- Beleza, mas você já sabe o endereço?

Maia pega um papel do bloco de notas em cima da mesa de centro da sala e anota alguma coisa.

- Sem erro.

Dou uma olhada na folha que ela acabará de me entregar.

Rua Florianópolis, Festa Sem Bagunça, 2167.

- O nome do local é Festa Sem Bagunça? Que brega!

- Pois é, mas quem vê nome não vê bagunça - toca em meu nariz e vai de encontro ao seu quarto.

Balanço a cabeça em forma de negatividade e coloco o papel no bolso da calça jeans. Mal cheguei em casa e já estou saindo. Pelo menos a casa da Nanda não fica muito longe. Todo mundo fica insistindo para nos casarmos logo, mas não vemos pressa nisso. É claro que queremos muito, mas não agora. Só temos quase dez anos de namoro porque começamos desde a adolescência, mas o tempo não significa nada. Temos muito a experimentar e viver antes dessa vida de casados.

Ao chegar na rua dela eu estaciono o carro em frente à sua casa. Tranquei as portas, indo em direção ao seu portão. Mandei uma mensagem dizendo que cheguei, em segundos ela já estava lá para me atender.

- Amor, parece que já faz muito tempo desde a última vez que nos vimos - o sorriso lindo e meigo que abriu em seus lábios após seus braços se envolverem em meu pescoço foi a coisa mais perfeita que eu vi hoje. Essa garota me faz querer viver, me faz contar os dias, os minutos e os segundos para vê-la.

- Foram só uns dias - risos. - O suficiente para querer te dar milhões e milhões de beijos para matar essa saudade.

Confesso e logo a beijo. Era a minha maior vontade o dia inteiro. Eu só conseguia pensar nela até vê-la na minha frente, finalmente.

- Eu acho que podemos melhorar as coisas entrando, você não acha? - Assinto, rindo.

Adentramos a casa abraçados, ao som da porta se fechando a gente partiu para novos e mais gostosos beijos. Fomos derrubando qualquer objeto na nossa frente ao andarmos até o quarto, que não ficava muito distante da sala. Mas no fundo nem nos importávamos. Só queríamos nos amar loucamente e matar essa saudade que estava nos matando. Em nenhum momento desgrudamos nossos lábios um do outro. O clima estava ficando tão quente que a gente não conseguia controlar nossas emoções. Estávamos demonstrando a definição de "vontade" com atitude. Muita atitude. Ela me empurra fazendo com que eu caia na cama e ela lidere a situação. Essa mulher me deixa louco!

- Eu te amo...

Essas três palavrinhas na ponta do ouvido foram como balas. Me senti fragilizado e totalmente rendido por ela. Estava arrepiado por inteiro com seu corpo por cima do meu fazendo tudo acontecer. Fiz o jogo virar quando segurei sua cintura e com movimentos rápidos a deixei por baixo. Suas mãos passavam por meu peitoral já desnudo, enquanto isso eu deslizava o zíper da calça jeans. Ela ajudou com o processo e em pouco tempo a calça foi parar do outro lado do quarto. Bastou minutos para que nosso corpo ficasse nu, e antes de qualquer ato, ali, naquele instante, parecia que já tínhamos nos amado tanto ao ponto de fazer sexo ser só uma escolha qualquer.

Para Sempre Desde SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora