2° Capítulo

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Diana

          Suas mãos estavam trêmulas, e seus olhos marejados. Ísis me olhava com medo e angústia. Seus cabelos castanho-escuro com mexas azuis, estavam em um coque, o seus olhos âmbar antes alegres, expresavam agora somente dor e tristeza.

— Aaaah Diana — não foi preciso mais nenhuma palavra para que eu tivesse certeza do que houvera acontecido — Acabou, acabou tudo. Minha mãe vai me matar. — a abracei, tentando a acalmar, Ísis soluçava em meus braços, molhando o meu cropped florido — E agora? Meu Deus, papai vai me deserdar, e como eu vou contar para Will? — indagou chorando.

— Ísis, por favor te acalma! Vai dá tudo certo. Tia Dandara vai aceitar, Tio Heitor não vai te deserdar e bom... Will vai ter que assumir, você não fez a criança sozinha. — falo enquanto a tiro do meu braço, para que eu possa a olhar.

— Diana, eu só tenho dezessete anos! D-E-Z-E-S-S-E-T-E A-N-O-S! Como que eu vou conseguir criar uma criança? Eu sou irresponsável. Diana, eu não sei cuidar nem de mim! Eu tenho uma vida inteira pela frente, e meu sonho em me tornar arquiteta, como vai ser daqui para frente? — Ísis estava confusa, nervosa e aflita.

          Eu a entendia, não é nada fácil mudar a trajetória da sua vida uma hora para outra, depois de tudo ter sido planejado minuciosamente, mas, ela deveria saber quê muitas vezes acabamos tendo imprevisto no meio do caminho, e isso, era algo que não temos controle. A responsabilidade era dos dois, tanto do Will quando dela, não poderia culpar outra pessoa. Mesmo, que seja difícil eu continuaria apoiando, principalmente agora com uma criança que está a caminho. Tenho certeza que os seus pais entenderão, e Will é perdidamente apaixonado por ela e claro que assumirá o novo integrante da família.

          Ísis vai sacrificar muita coisa, para que possa dá atenção a seu filho, mas, tendo apoio e pessoas que estarão ao seu lado sei o quanto a mesma poderá conseguir. Ela não estará sozinha! E era isso que ela deveria compreender, que não importasse o quanto fosse difícil a barra que ela enfrentaria estaríamos sempre ao seu lado.

— Respira fundo! A gente vai dá um jeito! – Tento acalma-la.

– E se....

— Espero que não venha com ideias absurdas para cima de mim. A gente vai dá um jeito de você conseguir ter essa criança, e vamos dá um jeito de você educa-la. — falei rudemente para que a mesma tirasse qualquer ideia ridícula que pudesse estar rodeando a cabeça.

          Ísis andava de um lado para o outro com o teste de gravidez em mãos, respirava fundo, e praguejava baixinho.

— Eu poderia doar! Bom... Eu não sou um monstro e não vou matar ninguém, mas, eu não posso mudar a trajetória da minha vida de uma hora para outra. Posso conversar com a minha mãe, e pedir para que ela fale com alguma instituição. Existe diversas pessoas que querem um filho.  —  Falou enquanto, refletia sobre o assunto. Convicta de que tudo acabaria bem.

—  Ísis Cristiny, como você pode decidir algo sem nem comunicar o pai da criança? — Pergunto assustada.

— Diana nem comece, o que o Will poderá oferecer a essa criança? — Eu sabia que era uma pergunta retórica, mas de alguma forma eu deveria tirar aquela maluquice que minha amiga estava prestes a cometer, ou a pensar em cometer.

— Amor!? Algo que você deveria ter um pouco mais no coração. Você tem condições de criar essa criança, você tem dinheiro, uma vida bem estruturada, um namorado e pai de primeira viagem que tenho certeza que será perfeito. Acho que o que você precisa mesmo, é de umas palmadas para criar juízo.

— Já que tu acha que é tão fácil assim, cria então! — Dá de ombros, enquanto pega o celular em cima da sua cama.

— Claro que não, quem fez a criança foi vocês, então, nada mais justo que vocês criarem. Onde já se viu? Colocar uma criança que você pode criar em uma instituição só porque não quer agora. Não venha com essas ideias absurdas, não seja tão infantil. Argh! Estou te odiando agora, cresça e assuma as porcarias das tuas responsabilidades. — Me exalto. Já estava de saco cheio de passar a mão na cabeça de Ísis, ela deveria entender que nem tudo era como ela queria. Uma criança não é uma roupa para ser devolvida só porque não quer neste exato momento, ou porque ficou apertada demais. A situação era complicada, agora Ísis deveria amadurecer e respirar fundo, organizar suas ideias e contar a sua família e principalmente para o pai da criança.

— Tá tudo muito difícil e complicado, Ana. Me deixa sozinha, okay? Só preciso absorver tudo o que está ocorrendo. Ligo mais tarde.  —  Ísis se jogou em sua cama, desbloqueando o seu celular. Respirei fundo, e peguei minha bolsa ao lado do seu criado-mudo. Dei um beijo em sua testa, e coloquei a mão em sua barriga mas, tirei após receber um tapa na mesma, apenas sorrir de lado.

—  Só não faça besteira, hein. Me liga quando tudo estiver resolvido. Te amo.  —  Sai de sua casa, e esperei Tyler me buscar, após telefonar pro mesmo.

          Tyler era meu namorado a dois anos, nos conhecemos na escola quando ele ainda não era o capitão do time, e era apenas um garoto normal, um garoto tímido e com marcas do passado cravada em seu corpo, eu me apaixonei perdidamente quando o vi, a gente saiu por dois meses até começarmos a namorar. Algum tempo depois, a fama escolar subiu sua cabeça o deixando mais frio e orgulhoso mas, ainda assim era o meu Tyler, o garoto com um sorriso encantador, o garoto que dançou valsa dos meus quinze anos comigo, o garoto que cantou Bruno Mars para mim, o garoto que assistiu Bob Esponja enquanto fazia cafuné em mim. Eu o amava, e sabia que Tyler também me amava, mesmo com o seu jeito grotesco e um pouco mal.

— Estava aonde? — perguntei, quando ele encostou o carro perto de onde eu estava. Dei um selinho no mesmo, e dei a volta para abrir a porta.

— Com os meninos, estávamos pensando em uma festa pro próximo sábado.

— Legal. — falei ao colocar a minha bolsa no banco de trás do carro.

— Sabe, bem que poderíamos fazer um resenha na sua casa! — opinou Tyler.

— Não. Hã, claro que não! Meus pais nunca aceitarão, aliás porque vocês querem fazer uma festa, no começo do ano letivo? Acabamos de entrar no colégio. — falei incrédula. Meus pais adoravam Tyler, mas, nunca aceitariam fazer uma festa novamente em nossa casa, já que a última não saiu como esperado.

— Baby, quem se importa com as aulas? Queremos apenas, curtir. — Tyler falou ao acionar a seta do carro para o lado direito.

— Bom, então vocês vão procurar outro ambiente para, — fiz entre aspas — "curtir".

— Okay. Talvez podemos fazer na casa do Michael. Os pais deles ainda estão em Miami, e não voltarão tão cedo.

          Michael é um amigo nosso, e os seus pais tem uma empresa de viagens, por isso, sempre tem que resolverem assuntos pendentes em outros lugares. Como estávamos em períodos de férias, é um dos eventos onde a agência é mais procurada, e eles gostam de organizar tudo direitinho, antes e depois.

— A gente resolve isso outro dia, pare aqui. — falo quando Tyler chega perto de uma lanchonete. — Preciso comer, algo. — respiro fundo.

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