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Vanessa quase matou o Cole quando soube que ele me convenceu a irmos morar juntos. Ela gritou com ele todos os possíveis xingamentos que se podem usar em uma ocasião como essas. Eles tiveram um super discussão e eu tentei acalmar tudo como pude.

Mas, no fim, ela entendeu. A decisão era apenas minha. Porém minha amiga deixou claro que apenas entendeu, não aceitou. Apesar disso sei que as portas sempre estarão abertas para mim.

Mesmo com a explosão da minha amiga, Cole a agradeceu por cuidar de mim e deu um beijo estralado em seu rosto. Ele dorme comigo esta noite no apartamento em que estou e, no dia seguinte, estaremos prontos para a mudança.

Chega a hora de irmos a minha nova casa e começar uma nova vida ao lado do Cole. Um passo enorme, mas o que não foi rápido entre nós até agora?!

E, caramba, eu não vejo a hora de contar para Sarah. Principalmente depois do último discurso dela.

Chegamos e ninguém está em casa. Então Cole aproveita para me mostrar todo o apartamento e, principalmente, nosso quarto. Sim, meu e dele. A Sarah tem outro no fim do corredor. É um apartamento de dois quartos, grande para duas pessoas, quer dizer... três.

Estamos arrumando minhas roupas no closet, e Sarah bate na porta, abre e coloca a cabeça para dentro do quarto.

— Cheguei, Col. - Como aguentar os próximos meses ouvindo esta vozinha chata?!

— Sah, vem cá. - Ele chama. Ela entra e me nota. Então olha para as malas espalhadas e arregala os olhos. Sorrio vitoriosa. — Eu e a Lili-

— Não quero ouvir. - Ela tapa os ouvidos, numa cena pateticamente infantil. Com toda delicadeza, Col tira as mãos dela e a olha nos olhos. Ela está com os olhos cheios de lagrimas.

— Sah, você tem sido como uma irmã pra mim. E sei que vai apoiar minha felicidade. - Ela confirma com a cabeça, limpando as lágrimas. — Minha felicidade é a Lili,
você sabe disso. Ela vai morar comigo agora.

— E eu? - A voz dela está embargada pelo choro.

— Você vai continuar aqui, no seu quarto, como sempre. - Ela me encara pelo canto do olho, sabendo que foi pega na mentira. — Até seu apartamento ficar pronto.

Ela concorda sem precisar de muito mais e sai fungando. Cole parece cansado, então o abraço por trás e deito minha cabeça em suas costas. Ele aperta minha mão.

— Eu e você agora, minha baixinha.

— Eu e você para sempre, meu amor.

Faço o jantar na primeira noite e pretendo sempre fazer. Deus me livre comer algo que a Sarah faz e morrer envenenada. Sabe-se lá o que a garota tem na cabeça.

Ela continua com seu olhar sanguinário em mim. A olho com diversão, afinal, a cena me parece bem infantil.

Ao final, Cole fica para lavar os pratos e vamos juntas para sala. Ela não fala nenhuma palavra. Então pego um livro e começo a ler. Sempre de olho nela. Não demora para Sarah ir se deitar. Col chega logo depois e vamos nos deitar também.

Os dias com Cole são maravilhosos. Bom, tirando a parte de olhar para cara da Sarah todos os dias, em todas as refeições, tirando a parte da divisão das tarefas domésticas, que senti um pouco da sobrecarga, já que Sarah não sabe fazer nada, tirando a parte da intimidade extra - se é que você me entende - que morar junto trás.

Digamos que a melhor definição pra morar com Cole é... Maravilh... não... Lega... também não... interessante. Isto, morar com o Cole e Sarah é interessante.

Col e eu estamos mais parecendo um casal casado há anos que cuidam e aturam um adolescente mimado,  esta é a Sarah. O problema é que estamos sentindo o peso disto em nosso relacionamento.

Me encontro com Vanessa todos os dias na aula, e aproveito para ficar com ela e "desgrudar" um pouco do meu namorado. Estamos conversando e sinto uma ânsia de vômito. Minha sorte é que já estou no banheiro.

— Ressaca? - Vanessa me pergunta. Quando estou indo higienizar a boca.

— Que nada! Não bebo desde que saí de casa. Faz o quê?! Mais de um mês.

— Então, o que foi isso?

— Quer apostar quanto que é obra da Sarah? - Falo enquanto jogo uma água no rosto, para minha cor voltar ao normal.

— Como assim?

— A garota é maluquinha. Mas o Cole não vê, acha que ela é uma santa, uma pobre-coitada. - Reviro os olhos.

— Ela continua aprontando?

— Ela não parou um minuto. Começou com ela tentando me assustar lembra? Coisa de criança mesmo. Como se eu fosse largar o Cole porque a casa é "mau-assombrada". - Rimos juntas.

—A garota precisa de ajuda.

— E como. Depois disso ela veio com pegadinhas idiotas do tipo talco no secador, shampoo com corante.

Agora Van está rindo da minha cara.

— Dessas eu me lembro bem. - Ela não para de gargalhar.

— Até aí ainda estava suportável. Cole e eu levamos na brincadeira, até porque o cabelo que ficou verde foi o dele. Mesmo assim ele conversou com ela, que prometeu não brincar mais assim. - Respiro fundo. — Mas acho que ela está tentando me matar agora.

— Como assim? - Van fica séria.

— Sei lá. Senti algo como: se não sair por bem, vai sair por mal. Meio que as "brincadeiras" estão mais pesadas.

— Explica isso direito, Lili! - Agora ela está brava.

— Não precisa ficar assim. - Tento acalma-la. — São brincadeiras do tipo desligar o chuveiro e ele ficar gelado ou a ponto de me dar um choque, despejar azeite no chão pra eu cair, mexer com fogo, essas coisas.

A cada citação, minha amiga parecia mais aflita. A verdade é que eu estava começando a ficar assustada também.

— Vou te tirar de lá hoje. Não adianta negar. Esta menina está louca, desequilibrada.

— Para Van. Eu já tive minha conversa com ela. Na próxima não vai ter mais chance, ela vai embora.

— Ou você sai de lá num saco preto.

— Isto não vai acontecer, já tive a minha revanche e ela sabe com quem ela está lidando.

— Então ela não vai vir fraca da próxima vez. - Ela me avisa e sei que está certa.

— Eu sei me cuidar. - Tento convencê-la.

— E o babaca... quer dizer, Cole? Não faz nada? - Reviro os olhos.

— Ele acha que é um período de adaptação pra ela. Não vê maldade. Inclusive ele acha que é uma espécie de bandeira da paz. Como se fôssemos amigas brincando.

— Não é possível.

— Acredite se quiser, estou conhecendo um outro Cole.

— E o que está achando?

— Eu me precipitei em ter ido tão rápido.

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ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ ᴏᴜ ᴅᴇsᴀғɪᴏ?彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora