O túmulo estava coberto de neve, impedindo o casal Snape de ver o nome escrito direito. Contudo, mesmo sem poder enxergar qualquer coisa, eles sabiam que ele pertencia a Eileen Snape, nascida Prince.
Severus depositou o buquê de rosas brancas em cima do túmulo, as flores preferidas de sua mãe. Fazia duas semanas desde que receberam a notícia e ele simplesmente não reagiu. Continuou parado, observando um apreensivo Fleamont lhe contar o básico da história para lhe poupar dos detalhes de como sua mãe tinha assassinado seu pai com trinta e duas facadas no meio do peito quando chegou em casa do trabalho que havia conseguido e o encontrou na cama com uma prostituta. Agonizando por causa da marca em seu pescoço, a mulher se matou, enforcada, na sala de estar, sendo encontrada já em estado de decomposição por Fleamont e sua equipe quando eles foram lhe informar os últimos acontecimentos com Marion e Severus.
Desde então James estava desesperado tentando fazer seu marido reagir a algo, comer alguma coisa ou simplesmente falar com ele, porém Severus se fechou e os únicos momentos em que ele tinha alguma reação diferente de olhar para a parede do quarto de ambos fixamente era quando se deitavam para dormir. Ele se enfiava embaixo dos cobertores e repousava a cabeça em sua barriga que já começava a aparecer timidamente, fechando os olhos e dormindo com um sorrisinho nos lábios parecendo finalmente em paz.
Era a primeira vez que iam visitar o cemitério onde a mulher foi enterrada. Segundo o Ministério da Magia, que havia achado algumas informações que encontraram sobre ela, Eileen era a terceira filha mais nova de Ignacius e Catherine Prince, irmã de Walburga Black, Athenodora Zilli, Sulpicia Prince e Dimitria Castellani. Sulpicia e Dimitria estavam mortas e agora Eileen também, assim como os pais delas. Athenodora tinha um filho com o marido, Vladimir. Seu nome era Lycaon e ele estudava em Durmstrang.
Severus não queria saber nada deles, absolutamente nada, mas aparentemente Athenodora tinha sido bem clara ao declarar que não tinha interesse nenhum na herança da família, então todo o dinheiro e as relíquias da família Prince simplesmente desabaram sobre seus ombros. Antes de morrer a mulher alfa da família, Catherine, foi ao Gringotes e anunciou que nenhum herdeiro da família deveria receber a fortuna se este não fosse um vampiro tão puro quanto ela, mas o tiro saiu pela culatra porque Severus era o único vampiro da nobre casa Prince.
Quem diria, o neto que ela queria morto por ser um mestiço era justamente quem iria receber absolutamente toda a fortuna da velha alfa.
Não disse belas palavras para sua mãe, sequer olhou duas vezes para o túmulo, apenas colocou as flores ali e, segurando fortemente a mão coberta pela luva de James tentando se impedir de chorar, ambos aparataram para a Prince Manor, construção que estava com as obras de restauração a todo vapor. As paredes e alguns cômodos menores, como a dispensa e a adega de seu avô, estavam completamente prontos, alguns quartos também já estavam habitáveis. A mansão em si tinha três andares, sendo o primeiro ocupado com o salão de bailes (simplesmente inútil, segundo Severus), a sala de estar, de jantar, a cozinha, adega, dispensa (esta com entrada somente permitida pela cozinha), além de corredores longos reformados com portas de correr feitas de vidro que condiziam para o imenso jardim.
O segundo andar era onde os quartos de hóspedes ficavam, além do escritório, da biblioteca e do grande laboratório de poções que, nem é preciso citar, Severus adorou. Tudo estava sendo reformado para agradar os dois garotos, que decidiram morar ali depois da formatura. Finalmente, para o Sonserino, iria ter algo para realmente chamar de seu, sua vida estava sendo construída diariamente ao lado de seu ômega, sua filhotinha em seu ventre, e de sua matilha. Depois de visitar a mãe pela primeira vez, um peso saiu de suas costas e agora tudo ficaria bem.
Obviamente nada aconteceu como ele imaginou.
Estava na biblioteca observando o mesmo livro há mais de meia hora, distraído, perdido em memórias enquanto as lágrimas escorriam por sua face. Primeiro perdeu sua irmã, Sapphire, tão jovem e cheia de vida, tinha certeza que ela seria muito inteligente, iria para a Corvinal ou Lufa-Lufa devido a sua extrema gentileza. Depois perdeu Marion, seu irmão mais velho que ele admirava, o viu se tornar a segunda pessoa que mais odiava no mundo e doía saber que agora se odiavam quando, um dia, já tiveram uma relação verdadeira e amorosa.
Perder Eileen foi um gatilho para seus pensamentos sobre sua vida. Normalmente ele evitava pensar, porém agora, tudo pareceu ficar borrado e ele não conseguia enxergar uma salvação. Nada doeu tanto quanto perder a única pessoa que o amava mais que a si mesma e que faria de tudo por ele.
Um soluço sacudiu seu corpo alto, o fazendo tapar a boca com a mão para não fazer barulho algum. Não foi rápido o suficiente, contudo, James estava na prateleira de trás e ouviu o som engasgado, correndo até o maior para verificar o que lhe acontecia. A cena de Severus, tão frágil e tentando se conter para não lhe preocupar, quebrou seu coração em mil pedaços. Correu até ele e o abraçou forte, enterrando o rosto dele em seu pescoço sentindo suas roupas de frio umidecerem perante as lágrimas de dor.
Sentiu a dor tentar ser controlada através do vínculo, mas eles estavam tão profundamente conectados que o ômega facilmente pôde resistir a barreira do outro e lhe passar carinho e cuidado através da marca. Incontáveis minutos se passaram naquela troca de emoções e feromônios, onde os garotos somente puderam se abraçar sem dizer nada em meio a sua dor, Severus por sua mãe, James por Severus.
A mão do Sonserino se dirigiu para seu estômago por baixo das roupas fazendo o menor se arrepiar pelo frio da pele do outro. Sentiu as carícias delicadas e fechou os olhos, deitando a cabeça em seu ombro e enterrando o nariz em seu pescoço, relaxando com o acariciar suave da mão que começava a ficar quente pelo contato de pele com pele.
Então ela chutou.
Os pais congelaram ao sentir o impacto forte, olhos arregalados fitando um ao outro enquanto o choque pelo fato os deixava impossibilitados de se mexer. O ventre de James ondulou novamente e outro chute fez os olhos de ambos marejarem. Severus riu, não uma simples risada fraca como costumava dar, uma de verdade. Ele gargalhou e se ajoelhou, erguendo a camisa do marido e pousando a cabeça em seu estômago, fechando os olhos enquanto continuava a rir ao sentir a oscilação de sua pele.
- James... - sussurrou baixinho, engasgando, o olhando com olhos negros marejados e um grande sorriso. - Ela... Ela se mexeu...
- Sim. - concordou o ômega também chorando. - Sim. Sim, sim, ela se mexeu. - riu alegre, se ajoelhando também e o abraçando com força. - Nossa bebê... Nossa luz... Nossa menininha, Sev, nossa filha! - exclamou ele, os dois sorrindo bobos com o sentimento de paternidade, de amor pela pequena bebê. - Nossa menina.
- Nossa. - Severus sorriu e acariciou seu rosto. - Nossa menina.
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A Rosa Dourada - Snames
FantasyTodos olharam para James. Era certo que seu pai fazia parte dos Sete Sagrados (os sete reis que governavam o mundo bruxo) e que seu pai era o rei dos Le Fay, logo, James seria seu Herdeiro... Mas, o que tudo isso significava? - Isso significa, Potte...