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Mais um dia daqueles em que eu quero dormir até o cu fazer bico, e a porra da minha chefe pediu para que eu fosse trabalhar hoje, que droga, dinheiro podia nascer em arvore!
Não que eu não goste do meu emprego, eu gosto, afinal é com ele que eu coloco comida na minha mesa, mas puta que pariu. Se eu pudesse matar alguém, eu mataria essa anã de suspensório.
Entrei na cafeteria, rezando pelos deuses para a praga da Rosane não estar lá para ferver meus neurônios.
– E aí? Precisando de mim? – Que pergunta besta né sua mula? Tá aí pra trabalhar, não para ficar olhando. Pela cara da mulher, eu não precisei de respostas. – Okay, vou pegar meu Avental. – Caminhei até o inferno, sim, o almoxarifado fedido, que ninguém tem coragem de passar um pano, nem eu.
Pensa que a roupa suada de trabalho de todo mundo fica guardada aqui dentro dessa sala, fechada, sem janela, pensou? Esse cheiro de esgoto e suor velho é o único cheiro que você vai sentir dentro desse cômodo.
Depois de quase desmaiar ali dentro, eu saio indo para a minha função dentro dessa cafeteria, atender os clientes e sugerir um café bom para eles, agora pasmem, eu não gosto de café.
Que ironia não? É a vida. Adoro isso e os bolinhos que pego depois do expediente, eu não roubo bolinhos, eu só pego emprestado sem data de devolução.
Bom, aqui no café temos variados tipos de pessoas, geralmente as lezadas que não sabem nem como vieram parar aqui, as fofoqueiras que geralmente são as velhas falando da minha minúscula tatuagem e os leem, trabalham e conversam com seus amores, além das pessoas que aparecem e se sentam sem pedir nada, só ficam ali ocupando espaço. Mas eu tenho que ser gentil e sorrir sempre, sorrir sempre....
Não vou mentir, quase estanquei a porrada no moleque de camisa azul, o loirinho que fica me enchendo o saco porque o café está quente demais, OH PORRA! Quente tá o seu... calma... sorrir sempre...
Mas tem um ponto positivo em trabalhar aqui, além de ganhar dinheiro, tem os gatinhos da música. Geralmente são os mais simpáticos e gostosões da parada, me desculpe a gíria de anos atrás, é que... não tenho justificativa, sorry.
Vejo o garoto loiro, atravessar a porta de entrada... olha pra cara desse filho de uma... uma carinha de quem vai me irritar. O diabo, digo, garoto, para em minha frente olhando para o cardápio gigante atrás de mim, o olho com um sorriso tão falso quanto os dentes da Rosane.
– Vai ficar olhando pro cardápio até quando meu filho? – Digo impaciente para o garoto que já olhava para o mesmo ponto durante uns cinco minutos.
– Garota, seja gentil – Reviro os olhos ao ouvir dona Sandra reclamar do meu jeitinho de ser.
– Lindinho, perfeição, meu cliente favorito, vai ficar aí para sempre? – Mudo o tom de voz na ultima frase, e olho para Sandra dando um sorriso do tipo "olha como eu sou gentil, tia".
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Chegou a minha hora favorita, hora de comer. Não tenho costume de fazer isso com os meus colegas de trabalho, porque não gosto de nenhum deles, todos falsos e fofoqueiros.
Nossa, adoro o jeito que amo meus colegas.
A única coisa que amo desse emprego é o dinheiro no final do mês, tirando isso... mais nada.
O grupinho de velhos almoçando juntos na cozinha e eu, a única jovem, comendo na bancada da loja. Eu estava feliz comendo, afinal, é minha hora favorita do dia, qualquer hora em que eu esteja comendo.
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ᴅɪᴀʀɪᴏ▪︎Jhs / One-shot ✓
FanfictionO que para S/n seria um dia como todos os outros em seu trabalho, acaba se tornando intrigante quando a mesma encontra um diário de um desconhecido sobre uma das mesas do café.