Born to be a Singer

1

A forma como a música muda o meu humor é incrível, "como assim?" você leitor deve estar se perguntando . Bem, tem momentos em que eu não gosto ou quero fazer algo, como por exemplo, agora nesse momento estou me arrumando para ir à escola. Porém o fato de uma boa melodia estar tocando em meus ouvidos, já me faz gostar mais desse momento.

Primeiro dia de aula, para alguns é um evento mas para outros é apenas mais um dia comum. Eu me encontro no segundo grupo, não sou um hater de escolas, mas não acho que vai me fazer alguma diferença, já que para ser músico não é necessário saber Bhaskara ou tabela periódica. Não sou o mais sociável no ambiente escolar, mas não é por eu ser excluído ou algo do tipo. Eu só gosto muito de ouvir música nos momentos livres, que são as chances das pessoas conversarem.

O professor estava em sala e os alunos novos entraram acompanhados do diretor, todo ano isso acontece. Os novatos se apresentaram e o diretor sorteou os veteranos da sala para fazerem companhia para os novos. Eles fazem isso para a sala ficar em harmonia e união, na maioria das vezes funciona. Pela primeira vez eu fui sorteado para ficar com alguém, ele se chama Emanuel.

Emanuel me contou um pouco sobre ele, acabou de voltar de um intercâmbio na Coréia do Sul, onde estudou durante 4 anos. Teve oportunidade de fazer um curso de teatro lá, e me disse que seu próximo passo era entrar na AKC Academy. Pelo o que explicou, é uma faculdade e curso de artes; já tinha ouvido falar através das redes sociais. Ele é bem conhecido e todo ano ocorre uma forma de prova para selecionar os novos alunos, também tem um curso, para quem não quer se especializar; ele é mais fácil de entrar, mas é para ser levado apenas como um hobby. A prova será no final do ano, me interessei bastante, já que meu sonho é trabalhar com música. Emanuel também me contou que morava em uma república já que seus pais sempre estavam viajando, então ele vive com três garotas, eu não me recordo os nomes.

Depois de um dia bem animado na escola, podemos dizer assim, voltei pra casa. Meus pais ainda não tinham chegado, então, quem me recepcionou foi meu cachorro Rooby. Ele estava todo alegre, já que havia passado boa parte do seu dia sozinho. Ganhei o Rooby de Natal há quatro anos atrás, de acordo com a minha família, eu ficava muito sozinho e dentro de casa. Até que funcionou, ele me alegra bastante além de sempre me fazer sair para ir aos parques.

Em relação aos meus pais, eles são dois advogados renomados e querem que eu siga a mesma carreira. Eles praticamente já montaram meu futuro, mesmo eu não querendo segui-lo. Agora falta um ano para terminar meus estudos e os dois me enchem de artigos e livros de direito, já tentei conversar com eles sobre eu não querer seguir essa carreira, mas sim, trabalhar com música. Eles realmente odiaram a ideia, desde de então eu sou proibido de cantar dentro de casa.

O final do dia chegou, e recebo uma mensagem de um número não registrado. Quando percebi era Emanuel, tinha passado meu contato para conversarmos mais sobre a AKC. Resumindo, nós conversamos sobre um tal curso preparatório que a academia estava abrindo. Se baseava em aulas durante um mês, sobre técnicas de atuação, desenho e canto. Fiquei realmente interessado no curso, perguntei para ele se precisaria de autorização dos pais; por ordem divina não precisava. Avisei para os meus pais que teria um compromisso na semana que vem, que era a data do curso. E eles surpreendentemente afirmaram à cabeça e me falaram apenas para ter cuidado. Também falaram mais algumas coisas sobre a faculdade de direito, mas foi apenas isso. Avisei a Emanuel que iria acompanhá-lo, e o menino ficou animado, acho que ele gostou de mim, não sei. Pensando no curso da AKC, eu peguei no sono.

No dia seguinte, eu estava a caminho do ponto de ônibus que me deixaria na escola. Não teve nada de diferente no trajeto, os alunos da equipe de futebol estava lá, o grupo de senhoras que iriam à feira estavam juntas conversando sobre o último capítulo da novela e eu estava sentado no mesmo lugar ouvindo minhas músicas pelo meus fones que estavam escondidos dentro do meu casaco preto. Meu dia sempre é a mesma coisa, não reclamo, mas talvez ter um dia diferente seria interessante. Na escola evito ao máximo conversar com as pessoas que ficam fazendo comentários desnecessários, o famoso bullying. Você que está se perguntando o motivo dessa minha atitude, eu vou contar. Não venho de uma família que se encaixa nos padrões da sociedade, minha mãe biológica me deixou em um orfanato quando eu era recém nascido. Até o dia que meus pais decidiram me adotar, foi um processo muito demorado já que são um casal homossexual. Não tenho vergonha, até porquê não tem motivo para isso. Mas evito ouvir comentários desnecessários.

Na hora do intervalo, estava pronto para dar play na minha playlist e ir escrever algumas letras de músicas. Faço bastante isso quando estou na escola, mesmo que nenhuma esteja completa, eu gosto para me distrair. Como disse estava tudo preparado para isso, até que Emanuel chega querendo conversar. A conversa foi boa, ele me chamou para ir conhecer a república. Porquê aparentemente uma das moradoras, faz o curso de dança em tempo livre. Então ela iria nos contar sobre como a academia funciona mais ou menos, fiquei bem animado. Emanuel é um cara legal, fico feliz de tê-lo como companhia em alguns momentos do meu dia.