Bom, o sobrenatural. Não queria começar essa história desse jeito. Não parece a palavra certa para definir o que estou prestes a contar, e acredito fielmente que a palavra de que preciso não exista. Mas o que posso dizer sobre existência?
Até onde eu sabia o paranormal servia para crianças infernais enfiarem o rabo entre as pernas e calarem a boca por segundos, ou por pessoas desesperadas que precisavam daquilo para acreditar que a sua vida tinha sim, algum sentido. Acredito que eu estava desesperado, ou finalmente perdi a cabeça.
Acho que subestimei essa merda toda, e por isso o universo resolveu jogar na minha cara que ele existe, e principalmente, que ele me odeia.
Eu jurei, e jurei a pés juntos que aquilo não se firmava na realidade, mas eu estava colapsando. Minha mente não conseguia processar a merda toda que estava acontecendo, e nenhum pensamento plausível conseguia ser desenvolvido decentemente. Sentia como se fosse explodir, e sendo modesto, eu estava.
— Jimin! - Eu gritei o mais alto que consegui. Gritei alto e eu nem havia raciocinado aquele grito, saiu da minha alma, do meu desespero. Minha garganta queimava enquanto meus pulmões expulsavam o restante de ar que sobrara. Sentia meu peito subir e descer violentamente, e a adrenalina me corrompeu em sua forma mais súbita. Eu simplesmente perdi o controle quando te vi em cima da ponta do prédio.
Acredite universo, seu ódio por mim é completamente recíproco. Você assistia a porra toda de camarote, mas ao contrário de mim, não estava sendo torturado pela contenção do corpo, se sentir a beira da loucura, se sentir fora de seu corpo e não conseguir colocar em termos racionais a merda que está fazendo. Não estava nem ao menos tendo empatia, o garoto à minha frente estava prestes a cair de um prédio com mais de vinte andares. Era injusto comigo, mas principalmente com ele.
Me fazer passar por todas aquelas mágoas e me fazer afundar em no rio de minhas próprias lágrimas para tudo o que construímos se acabar em apenas um pulo? Eu não queria, sequer poderia acreditar numa insanidade dessas. Sentia que meu corpo poderia ser desligado a qualquer hora, não aguentar toda aquela merda e simplesmente me apagar em um golpe só.
O universo não me prometeu que isso seria justo. Ninguém prometeu. Mas em momentos como este a esperança surge, você extrapola o limite da realidade e se esquece de inconvenientes, acredita que pode dar certo, que está ali, em suas mãos. Maldito Murphy, o desgraçado estava certo. Tudo deu certo, para dar mais que errado.
Da mesma forma, em meio tanto caos, pude finalmente o ter sob meus olhos, com aquelas roupas leves sendo levadas pelo vento junto com seus cabelos lisos e ruivos como fogo, seus olhos profundos me apresentando a imensidão que os carregava.
Eu havia acabado de viver o melhor momento de minha vida, literalmente segundos atrás, a transferência para sentimentos de pânico foi em um período curto demais, meu desejo que guardava a tempo se tornara realidade, e eu estava o perdendo no mesmo segundo que havia o ganhado.
A serenidade em seu olhar preocupou o meu. Sua paz era tão grande que ele parecia completamente fora de contexto, cheguei a contestar a possibilidade que ele estava tão maluco quanto eu e simplesmente não havia notado a merda que estava acontecendo. Ele não estava agindo de acordo com a situação, mas honestamente? Nada estava. E eu procurei. Procurei tanto que me perdi, eu procurei, analisei, tentei pensar, criei teorias, tentei mesmo! eu juro que tentei muito, mas não achei sequer uma faísca de arrependimento. Ele havia planejado aquilo, não foi acidental.
Você não deveria ser real, Jimin.
A cena se assemelhava a um daqueles milhões de filmes mágicos onde o protagonista acha quem ele sempre procurou por muito tempo, daqueles bem dramáticos e supersticiosos. Spoiler? Não acho que essa merda toda tenha um final feliz. E como personagem, imploro para que o diretor me conte o que eu faço a seguir, já que meu próximo ato é uma incógnita até mesmo para mim.
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Catarse. [jjk + pjm]
FanfictionEm um mundo onde nossas mentiras passaram a fazer mais sentido do que nossa realidade frágil, eu decidi viver a ilusão. Mas acabei criando sentimentos que não eram apenas alucinações.