Era uma madrugada bem agitada nos dormitórios da faculdade.
Estávamos quase no fim do último semestre, e como todos os anos, os veteranos prestes a se formar planejavam uma comemoração para a saída deles da faculdade, se despedindo dos calouros que tinham proximidade e aproveitando o tempo restante nos cursos bebendo fora com eles.
Quem diria que esse ano nós seríamos os veteranos, não é mesmo? O tempo realmente passa mais do que imaginávamos.
Bem, nunca fui a mais sociável das pessoas, nem a das mais festivas, mas mesmo assim decidi ir para o encontro, bem diferente do que eu estava acostumada a fazer nos últimos anos. Era a nossa última festa como estudantes, logo iríamos iniciar nossa vida profissional por completo: eu sentia que deveria ao menos aproveitar melhor o final daquele ano.
Esperamos o horário de pico, e quando um dos veteranos do curso de engenharia mecânica, conhecidos especialmente por seus pequenos robôs espiões, avisou que já estava de madrugada e que o dormitório estava limpo, nós e outros estudantes começamos a pular pela janela que tinha em cada um dos nos nossos dormitórios.
Ainda lembro de um dos meus colegas de quarto quase entrando em pânico por uma de suas garrafas de vodca que, enquanto descia pela janela, acabou quebrando, com medo de algum dos vigias noturnos acabarem nos notando. Não vou mentir, eu quase comecei a rir, mas de nervoso.
Depois de alguns minutos andando pelo campus, finalmente encontramos o muro que devíamos escalar. Foi mais fácil do que eu imaginava.
O ponto de encontro era o mesmo do ano passado, um terreno baldio batizado carinhosamente pelos estudantes de "Pontinho de Fazer Bosta", porque era usado pelos estudantes apenas para quando queriam fazer alguma merda. Também era o mesmo lugar que usavam para matar aulas dos cursos, você sabe disso melhor que ninguém, não é?
Alguns já estavam lá antes, adiantados. Não me surpreendi nem um pouco ao ver que em meio a eles, um deles era você.
Você era o tipo de pessoa que, independentemente do que fizessem, caso tivesse bebida, automaticamente ficaria ansiosa para ir. Ainda me lembro de você me contando que tinha ido em um funeral sem nem conhecer a pessoa que tinha morrido, só porque ouviu falar que ia ter whisky.
Quando eu soube disso, eu comecei a rir sem nem um pingo de dó, fazendo você inflar suas bochechas e morder meu pescoço "de raiva". Assim, eu inflei as bochechas e você que começou a rir. Ficamos invertemos os papéis desse jeito, ficando nesse ciclo até nos cansarmos e começarmos a rir juntas. No dia seguinte, tivemos que maquiar nossos pescoços até eles se recuperarem.
Quando te vi, eu não pude evitar e sorri na sua direção, dando um leve aceno com minha mão direita.
Percebendo alguém te cumprimentando, você virou para corresponder, ficando chocada por alguns segundos quando viu que era eu. Depois disso, só faltava explodir de tão animada que tinha ficado.
É difícil esquecer aquela expressão, ela era fofa demais.
Eu estava usando aquele moletom do Bob Esponja que você tinha comprado no meu aniversário do ano anterior; você sabe, aquele que eu usava para dormir de tão confortável que era. Estava com preguiça demais para me arrumar de forma decente, então tinha permanecido com minhas roupas de dormir, apenas lavando o rosto, escovando os dentes e colocando meus óculos de armação redonda.
Eu andei na sua direção, perguntando como você estava. Você respondeu com o clichê "muito melhor agora", colocando alegremente seus braços ao redor da minha cintura enquanto dava um sorriso gigantesco, mostrando seus dentes caninos.
Eu correspondi na mesma hora com um abraço bem apertado, um pouco corada. Não importa quantas vezes eu te veja, eu sempre sentirei como se meu coração fosse coberto por duas patinhas de um filhote de gato: você sempre foi a melhor parte no meu dia e noite, afinal.
As pessoas dos outros cursos estavam ocupadas acendendo uma fogueira gigante, então aproveitamos e pegamos uma garrafa inteira de vodca de uma das inúmeras caixas que tinham trazido. Eu e você não éramos próximas de nenhum calouro, então decidimos ficar abraçadas juntas perto da fogueira, conversando sobre nossos planos e bebendo diretamente da garrafa.
"Hey, eu te chamo de querida e vou dizer isso de novo e de novo."
Você riu, dizendo um leve "Okay" um pouco envergonhada.
Você não era diferente de mim e também estava com suas roupas de dormir: usava aquela regata cinza com estampa da sua banda favorita, aquela que eu usei uma vez e quase peguei para mim, um short legging preto que comprou de uma promoção "pague 1 leve 2" e uma sandália bege comum.
O par do short legging preto era um outro acinzentado, que era o que eu estava usando naquele momento.
Sim, eu lembro praticamente de tudo envolvendo nós duas, até mesmo nossas roupas. É estranho, mas para mim é difícil não lembrar. Naquela noite, eu deitei minha cabeça no seu ombro, me aconchegando mais confortavelmente, me afundando em pensamentos.
Eu estava em dúvida se eu faria o que eu queria ou não. Namorávamos desde que éramos calouras, mas agora é o nosso último ano na faculdade.
O que eu faria naquele dia iria definir nosso futuro por completo.
"Coloque sua mão na minha."
Eu disse isso com minha voz um pouco trêmula, eu estava muito nervosa.
Você percebeu que eu estava um pouco desconfortável, mas ficou em silêncio e fez o que pedi, obedientemente saindo de seu modo casual e ouvindo o que eu tinha a dizer.
A fogueira acesa iluminava nossos rostos, as pessoas estavam ocupadas demais enchendo a cara e conversando entre eles, então não chamamos muita atenção.
Respirei fundo, tomando coragem para o que estava prestes a fazer.
"Você sabe que eu quero estar com você o tempo todo."
Você assentiu, dando um sorriso inconscientemente. Eu realmente queria te beijar naquele momento, mas era uma situação muito importante, então resisti.
Mesmo que já fosse madrugada, a lua ainda estava bem luminosa no céu. Quando eu disse isso, você percebeu que algo muito maior estava por vir, me encarando com os olhos levemente arregalados.
Então, naquele momento, tirei do meu bolso uma caixinha de aliança preta.
"Se você se for, eu serei uma bagunça."
"Então..."
Eu encarei seu rosto, seus cílios estavam levemente úmidos. Provavelmente os meus também estavam, mas eu nem devo ter percebido. Eu apertei nossas mãos mais firmemente.
"Você sabe que eu não vou parar até te fazer minha..."
Eu tirei a aliança e estiquei minha mão, aguardando ansiosamente você dar a sua.
"Até te fazer minha."
A sua ação naquele momento era muito importante para mim.
Você não estava chorando, mas estava tremendo bastante. Quando você deu sua mão para mim, deu para ver pela sua expressão que você não acreditava no que estava acontecendo.
Bem, nem eu conseguia acreditar, era muito irreal.
Depois que você colocou a aliança, eu comecei a chorar bastante, mas sem fazer nenhum barulho. Você se levantou e na mesma hora me deu um abraço de urso, colando seus lábios no meu e rindo extremamente feliz.
Chamamos bastante atenção. Um dos seus colegas de quarto que sabia sobre nosso relacionamento viu que você agora estava com uma aliança, então gritou completamente bêbado para todos darem um brinde para nosso noivado.
As pessoas riram por causa do estado dele, e também gritaram um brinde.
Aquele dia podia ser nosso último como casal de universidade, mas era nosso primeiro de noivado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
"Make You Mine"
Short StoryUma veterana está prestes a se formar, decidindo fazer algo que pode mudar seu relacionamento com a namorada desde caloura por inteiro. ******************************************************* Eu tive que escrever isso depois de ouvir PUBLIC - Make Y...