Seattle, Washington
Quando criança, eu sonhava em um dia casar com um homem rico que não me incomodasse muito, como meu pai e minha mãe. Eles nunca brigam porque são terrivelmente apáticos em relação ao outro.
"Você tem uma amante? Não deixe que descubram", apesar de que nunca de fato tenhamos sabido de uma amante.
"Você estourou o limite do meu cartão de novo? Então pega esse outro", ela nunca havia feito isso. Mas eu havia estourado alguns deles.
E assim todo mundo convive pacificamente. Mas no fundo eu acredito que exista algo parecido com amor no relacionamento dos dois, já que são sempre carinhosos e afinal eles não pararam de fazer filhos. Somos quatro: eu e Mike somos gêmeos com 17 anos, nosso irmão mais novo com 15 anos e nossa irmã com 14.
O de 15 é um eterno antissocial e estudioso, para diferenciar de nós três. Ele se chama Louis e vive no seu próprio mundinho, apesar de que eu o tenha pegado fumando maconha algumas vezes. É um garoto alto, quase do meu tamanho, e que não percebe ser bem cobiçado pelas meninas da sua idade. Tem cabelos pretos e uma pele pálida de quem nunca viu o sol antes.
Vivian, com seus 14 anos, está em uma fase excepcionalmente rebelde. Ela foge de casa com frequência e mesmo assim consegue ser ótima em tudo que faz. Eu a amo, apesar de sua constante ignorância. A única coisa que odeio é quando tenho de buscá-la em alguma festa ridícula das garotas da sua escola. Vivi tem cabelo castanho médio e bochechas rosadas, e é linda demais.
Michael, ou Mike, é meu irmão mais velho por alguns minutos. Somos gêmeos e nos damos incrivelmente bem, apesar de discordarmos de quase tudo. Ele é loiro, como nossa mãe, e é encantador para quem gosta desse tipo de galã de Hollywood.
Nossa mãe se chama Miranda, é loira, ex modelo e milionária, principalmente por ter se casado com meu pai. Meu pai se chama Klaus, tem pelo menos 1,90 de altura e é produtor, diretor e empresário. Mas não é muito pai, deve ser por isso a rebeldia de Vivi.
Já eu sempre fui o tipo de garota controladora e que tem cada passo meticulosamente calculado, como o que comer na manhã seguinte antes mesmo de deitar para dormir. Não gostava de surpresas porque elas normalmente eram decepcionantes e frustrantes. Eu gostava de tudo do meu jeito.
Até o fatídico dia de 13 de novembro de 2020. Aquele dia mudou tudo, um toque foi responsável por mudar tudo, ele despertou o que havia de pior em mim e eu odiei isso.
Porque depois do fogo, literal e figurativo, eu continuei queimando em brasas por causa de Andrei.
Então todas as minhas ações seguintes foram tudo que eu nunca faria: comecei a beber, transar, fumar, participar de rachas e desprezar todas as pessoas ao meu redor.
Porque depois de tudo o que fizemos, nada era tão emocionante, ou me fazia sentir tanta adrenalina como naquela noite.
O problema do desgraçado do Andrei Dawson era sua família idiota que tinha richa com nós, Browns, desde sempre. Bom, não era o único problema, o cara era um completo idiota. Típico badboy que não se importa com nada, sempre tem a coisa errada a se dizer e está sempre me tirando do sério.
Eu o odiava. Ele tinha me levado a lugares que destruiriam minha reputação, tinha instigado meus piores pensamentos e... Deus, eu não conseguia pensar naquilo sem que meu sangue fervesse de raiva dele e de mim por ter sido uma tola.
Mas minha solução tinha sido evitá-lo, o que tinha sido fácil de certa forma.
Depois da noite infame de 13 de novembro, eu ouvira boatos de que ele iria embora e me senti aliviada. A ideia de nunca mais vê-lo parecia tranquilizadora, de não ter que lidar com as consequências do que fizemos.
Então decidi por fim aceitar o convite de viajar para Londres com meu irmão, passar um tempo com a nossa família em outro país.
Mas não nos contentamos em ficar apenas pela Inglaterra, visitamos muitas praias europeias e agora eu tinha um belo bronzeado para exibir na volta às aulas.
Eu não sabia ainda o que aconteceria depois das férias de verão e de como me arrependeria de ter voltado.
Manhattan, Nova York
Eu não conseguia parar de pensar na filha da puta.
Infelizmente, o tanto que Michelle Brown era bonita e gostosa, era insuportável e cruel. O tipo de pessoa que qualquer um deveria manter distância, principalmente eu. Porque ela gostava de me magoar - eu não podia deixá-la saber que me afetava.
Então eu fingia que não afetava até que se tornasse verdade.
Eu não era um cara muito gentil, então era fácil devolver seus insultos - o que era difícil era mentir. Porque a desgraçada era quase perfeita e por isso eu a odiava, dentre tantas coisas. Mas o fato de ela ser uma Brown piorava tudo.
Acho que foi assim que meu pai se sentiu quando viu minha mãe pela primeira vez. Eles se odiaram instantaneamente, e mesmo assim meus avós os fizeram se casar - e deu certo. Eles se apaixonaram, tiveram a mim e meu irmão caçula de 13 anos que era a cara dos dois.
Eric era um menino fofo e gentil com cabelos negros. Suas feições lembravam nossa mãe, mas seus cabelos eram da cor do nosso pai - e eu não tinha dúvidas de que ele herdaria muito dos traços de personalidade dele também, como eu.
Claire, minha mãe, era uma mulher alta com seus 1,70 e de cabelos castanhos escuros. Atualmente, era muito famosa na rede de socialites e esposas-troféu. O suficiente para precisar de guarda-costas às vezes.
Já William, meu pai, era um homem alto, ainda que um pouco mais baixo do que eu, que era CEO de uma empresa que competia diretamente com a Brown's Company. Infelizmente. E ele e Klaus Silver, pai de Michelle, se odiavam profundamente já que à gerações Dawson's e Brown's tentaram se prejudicar. E se matar entre si.
A rivalidade havia começado a tanto tempo que a essa altura quase ninguém sequer se lembrava de como tudo começou.
Mas era o suficiente para querer distância deles - apesar de Michael Brown fosse um cara ótimo, sua irmã compensava sendo um monstro do inferno.
"Michelle, Michelle... Você é um monstro do inferno", Sir Chloe a conheceu quando escreveu essa música. É sobre ela.
Mas eu precisava me vingar por todas as vezes em que ela foi uma megera - e ter seu maior segredo em minhas mãos, era uma sensação maravilhosa. A princesinha de Seattle, amada por poucos e temida por muitos, e que mesmo assim eu tinha seu pior lado guardado comigo.
Eu a tinha nas mãos, e faria com que a única coisa que ela pensasse - do acordar ao adormecer - fosse eu e o nosso segredo do que fizemos na noite do dia 13 de novembro. Maldita sexta-feira 13.
Estarei de volta a Seattle, Michelle Brown. E farei você lembrar de mim.
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HIS TOUCH
Romancedark romance | enemies to lovers | i hate everyone but you | forced proximity "Um único toque foi o suficiente para mudar tudo, destruir tudo." Michelle Brown tinha uma tendência de quebrar regras, mas uma que ela sabia que poderia levar seu fim se...