[21] A teoria de uma caminhada matinal

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Foi torturante passar a terça feira inteirinha pensando nos poucos minutos em que Mark e eu passamos com Cornelia e no encontro que ela tinha marcado com nós

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Foi torturante passar a terça feira inteirinha pensando nos poucos minutos em que Mark e eu passamos com Cornelia e no encontro que ela tinha marcado com nós. Não consegui me concentrar nas aulas, muito menos no trabalho. Errei mais pedidos que o normal e levei um belo e extenso sermão de Sam, que já estava chateado com a minha falta na segunda.

"Você vai ter que me contar algo agora, Ashe." Gillian puxou assunto, enquanto caminhávamos com nossas bicicletas lado a lado. Tínhamos acabado de encerrar nossos expedientes e eu estava particularmente aliviada por ter escapado do olhar acusador de Sam e de Theo, que tentava conversar comigo a qualquer custo. "Por favor, me conte qualquer coisa!"

"Ok." Fiz uma pausa para tentar chegar a uma decisão. Eu contava para ela alguma coisa ou inventava algo? "Hmm.. Digamos que eu faltei ontem porque precisava resolver algo urgente."

"E você foi resolver seu assunto urgente com o Mark." No momento em que ela soltou a frase eu enrrusbeci. "Não negue isso, Ashe. Por mais que eu não goste muito disso, sei que você e Mark estão andando juntos. Mas não vou aceitar que você me diga só isso."

"Ei, mas o que aconteceu com o lance de eu contar qualquer coisa? Eu acabei de te contar qualquer coisa."

"Ahhh, ok." Ela revirou os olhos. "De todo o modo, eu estou aqui para o que precisar, Ashe. Se quiser desabafar, não pense duas vezes antes de me ligar." Ela parou na frente da sua casa e bocejou. "Estou morrendo de sono! Tenha uma boa noite garota!"

"Igualmente, Gillian. Igualmente."

***

Na madrugada da quarta feira, me levantei. Não havia dormido direito graças a  ansiedade, então resolvi que ia dar uma volta por aí em plena 5 e meia da manhã. Calcei meus tênis de corrida, vesti meu melhor moletom, peguei uma garrafa de água e lá fui eu. Eu deveria ter ficado um pouco receosa por estar perambulando em ruas que eu mal conseguia enxergar, por conta da névoa espessa que cobria toda aquela área e do céu que ainda estava meio escuro, mas até que eu estava em paz - considerando todo esse cenário suscetível a crimes. Bom, tirando toda a ansiedade de sempre, eu estava bem.

Até eu começar a ter essa sensação de que estava sendo seguida.

De primeira, pensei que estava delirando. Não era a primeira vez na minha vida que eu tinha a sensação de que alguém estava me seguindo. Todos os documentários sobre casos de sequestros e assassinatos que eu assistia, contribuíam para minha paranóia eterna. Comecei a pensar na Natascha Kampusch e na falta de sorte que ela teve ao ser sequestrada enquanto caminhava na rua de manhã a caminho do colégio. Tive que parar de andar porque minha ansiedade havia dado lugar a um pânico silencioso. Tentei controlar a respiração e dei um gole na minha água. Foi quando senti uma mão segurando meu ombro.

"Ashe!" Eu pulei para trás. "Ei, sou eu, o Theo! Estava tentando te alcançar, mas caramba, você anda bem rápido!"

"Você quase me matou de susto!" Eu disse, muito enjoada. "Por que não gritou meu nome? Por que todo mundo acha que tem que ficar me tocando, me puxando toda hora? Eu me assusto muito com isso, ok?"

A Teoria da Faixa TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora