PERDIÇÃO

C A P Í T U L O 26

|| HENRIQUE LIMA ||

Eu já estava ficando louco por não estar bem com a Alice, mas mesmo assim nenhum dos dois dava o braço a torcer! Somos a definição de "contradição". É maravilhoso que já esteja tudo bem, mas como nem tudo é um mar de rosas e Alice não me dá um momento de paz... Essa aproximação com o tal Coringa está me deixando cada vez mais irritado. Não vejo problema nenhum em ela ver a Ana, sei que criou um sentimento forte pela menina, assim como eu, mas... É impossível não imaginar o pior.
Graças a Deus Renan teve o mesmo pensamento que eu, e foi daí que veio a idéia de mandá-la para Oxford. Assim ela se afasta um pouco, afastando também qualquer chance que ele tenha de conquistá-la, se as minhas suspeitas forem mesmo verdadeiras.

É meio ridículo? Eu sei que é! Mas... Tenho tanto medo de perdê-la, acredito que pela culpa por tudo que já fiz, ou tentei fazer com a família dela. Mas isso já é outra história, uma que não posso mais guardar só pra mim...

- Amor, tá ouvindo? - Alice me chamou assim que parei o carro na porta da escola -

- Desculpa linda, eu tava distraído.

- Não precisa me buscar hoje, vou almoçar com a minha mãe.

- Tá bom. - Dei um beijo nela -

Depois que à deixei, comecei o caminho até a empresa. Até meu celular tocar.

- Alô?

- Advinha quem acabou de chegar na cidade maravilhosa? - É uma voz bem familiar -

- Olavo?

- Claro que sou eu. - Ele riu - Eu tô aqui perto da Barra e me lembrei que agora você mora no Rio.

- Eu tô perto da Barra. Vamos tomar café juntos? O que acha?

- Aposto que tá pior que mulher em salão de beleza, cheio de fofoca pra contar. - Nós rimos - Vou te mandar a localização da onde eu tô.

- Tá bom.

Olavo é um amigo de infância, conheceu o meu pai e me ajudou a superar a morte dele. Confio nele de olhos fechados, mas como ele viaja muito, quase não nos vemos. Finalmente alguém pra desabafar, alguém que não vai me julgar.

Busco ele perto da orla da praia e vamos à um restaurante próximo, fizemos nossos pedidos e esperamos.

- Queria ter vindo no seu casamento, mas eu tinha uma viagem marcada no dia. - Ele explicou -

- Não sei porque não compra um avião e vive logo no céu, parece passarinho porra. - Nós rimos -

- Você não iria querer outra vida, mas preferiu ficar preso de papel assinado. - Me deu um tapa no braço - E como que tá a vida de casado?

- Tá bem, na medida do possível.

- Ih, não gostei disso. O que tá rolando?

- Na verdade, eu te chamei mais pra desabafar do que pra conversar. - Respirei fundo -

- Então pode começar.

- Você lembra da história de vida do meu tio né? Que ele foi criado por uma família adotiva rica, mas que só descobriu que foi adotado depois, né?

- Sim, eu lembro, o seu tio Pedro sempre contava as histórias da vida dele.

- Quando fiquei mais velho, ele começou a me contar a parte ruim da história: Ele se apaixonou por uma dançarina de pole dance uma tal de Sophia, mas nunca teve coragem de assumi-la por causa do trabalho dela, até que eles meio que terminaram e o irmão dele de criação, o Renan, se apaixonou pela mesma garota. Eles se casaram, mas o meu tio nunca desistiu dela. Ele não me contou tudo, mas ele fez muita coisa pra tentar separar eles dois, até chantagear a garota pra transar com ele. Mas no fim, o Renan desmascarou meu tio e convenceu o pai deles a mandá-lo pra uma clínica psiquiátrica. Mas, ele fugiu de lá. - Olavo me olha atento à tudo que eu digo - Ele conseguiu encontrar o meu pai, mas nunca contou essa história pra ele, e é aí que eu entro.

- Só não consegui entender o que o seu casamento tem haver com essa história. - Ele disse -

- Eu me casei com Alice Albuquerque, filha de Renan e Sophia Albuquerque, o irmão e a garota das histórias do meu tio. - Ele ficou perplexo -

- Henrique, me diz que foi por uma infeliz coincidência.

- Meu tio me deu todas as coordenadas de um plano perfeito que ele montava à anos: Arrancar do Renan o que ele tem de mais precioso. Conquistar a confiança dele e da família, e depois matar um por um.

- Puta que pariu Henrique! Tá infiltrado na família do cara feito um espião? Desde quando você virou assassino cara!? - Ele disse apavorado -

- Aí é que tá... Não sou um assassino, o plano não vai se realizar. Me apaixonei por ela. - Olavo respirou fundo, aliviado - Mas o tio Pedro não aceita isso, quando contei pra ele que o plano tava terminado, ele olhou nos meus olhos e disse com todas as letras: "Eu juro, que vou arrancar todos eles de você, e do Renan. E a Alice vai ser a primeira."

- Cara, mas pelo que eu já ouvi falar desse Renan, o cara é rico, só anda com seguranças. Por que você não conversou com ele?

- Porque ele nunca vai acreditar em mim. - Respirei fundo - Mas eu tô cuidando dela como eu posso. Coloquei cinco seguranças disfarçados na cola dela desde a ameaça do tio Pedro. E ele não vem atrás de mim aqui, porque sabe que assim que pisar no Brasil, Renan vai saber.

- Certo. Então pelo que eu entendi, você tá com medo dela descobrir suas intenções no começo, e não querer mais nada contigo. - Fiz que sim com a cabeça - Eu realmente nem sei o que dizer. Vai contar pra ela?

- Não. Afastaria ela de mim, e é a última coisa que eu quero. Ela vai estudar em Oxford, e enquanto estiver lá, segura, eu vou me resolver com meu tio. Talvez ela nem precise saber.

- Tomara que esteja certo. Porque o que me preocupa não é a reação dela. É a do Renan.

Depois que tomamos café, eu segui meu caminho até a Empreendimentos Albuquerque.

Me sinto como se tivesse tirado um peso das costas. Aliviado por contar tudo... Fui sincero em cada palavra. Me apaixonei desde o primeiro beijo. Alice me salvou de mim mesmo.

PS: Que saudade de falar com vocêeees! ❤️ Quero que saibam que eu sou muito grata por cada voto, por cada comentário e por cada leitura. Sei que às vezes eu sumo, mas saibam que estou sempre tentando trazer o melhor conteúdo possível pra vocês.

Agora sobre a história: Somente quem leu o primeiro livro, SEDUÇÃO, vai entender essa confissão do Henrique, e saber quem é o Pedro, e a importância que ele teve no primeiro livro.