Cap 1: Pior acaso já ocorrido

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12 anos depois
Bangkok, Tailândia.
6:00 PM

O som do despertador tocando avisa que um novo dia acaba de começar. Com um aperto nada cuidadoso, Perawat desliga o som irritante do alarme e se levanta em um solavanco, provocando uma leve vertigem que vai mais rápido do que veio.

Toma banho, escova os dentes e toma café.

As mesmas coisas todas as manhãs, todos os dias da semana, deis de quando finalmente se tornou livre.

Pega seu notebook, cadernos de anotação, lápis e tudo que um engenheiro químico precisa no seu 3° ano da faculdade.

Ao passar pelo espelho do corredor de saida, ele dá uma conferida no cabelo e na roupa.

Camiseta preta, calça de couro caqui, lábios brilhantes por causa do gloss e por fim um cabelo selvagem e repicado. Perfeito.

Os pés quase tropessam uns nos outros, na tentativa falha de tentar andar rapidamente mas sem correr.

De repente, um sujeito do outro lado da rua chama sua atenção. Um homem, de no mínimo 20 anos começa a se aproximar devagar de uma mulher ao telefone.

O sujeito olha para os lados constantemente, tentando disfarçar o que estava prestes a fazer. Por um descuido, a mulher ao telefone deixou a bolsa aberta, permitindo a qualquer pessoa sem escrúpulos assalta-la.

E era exatamente isso que ele estava pretendendo fazer.

O homem leva a mão em direção à bolsa da mulher, e assim que chega perto o suficiente para quase conseguir, Perawat dá um grito.

_Ei, você ai, seu ladrão! Largue isso!- Tudo começa a acontecer de forma lenta. O homem se assusta e tenta correr mas as pessoas do outro lado não deixam ele fugir.

Na euforia, Perawat começa a atravessar a rua correndo. Um som de busina faz ele parar e olhar para o lado. Pneus cantam no asfalto e uma batida na lateral de seu quadril faz com que ele caia.

No chão, Perawat sente seus pulmões ficando sem ar. Com os olhos fechados, passa apenas um pensamento pela sua cabeça "Vou ver minha mãe".

_Moço, moço!- "Não, acho que não vai ser dessa vez".

Aos poucos, respirar começa a doer menos e ele abre os olhos, esperando encarar o céu mas o que vê é outra versão do Paraíso.

Um homem, de mais ou menos 1.77 de altura está escarando-o, com uma expressão de preocupação que causa rugas em sua testa.

Seus lábios carnudos e avermelhados formam um "o" quando seus olhos pequenos e inchadinhos veem que ele está bem.

_Nong, consegue se levantar?- O estranho pergunta, logo estendendo uma mão grande com um braço com veias à mostra de brinde.

Perawat aceita a ajuda e consegue se levantar. Assim que parece conseguir se manter de pé, uma dor do lado direito do seu corpo faz com que suas pernas percam a força.

Ele teria parado no chão novamente se não fosse os braços do estranho o segurando.

Através do abraço desajeitado, ele consegue sentir que debaixo daquela camiseta branca aquele homem tinha muito mais a ser desvendado.

_Se apoie em mim!- Ele passa um dos braços de Perawat por seu pescoço, fazendo com que ele joga-se seu peso sobre o estranho.

_Devo chamar a ambulância?.- Uma mulher pergunta.

_Não precisa. Eu levarei ele ao hospital, é minha responsabilidade.

O homem encara o mais novo, esperando alguma resposta mas o garoto só consegue pensar em como seu cabelo liso cobrindo levemente o olho esquerdo o torna sexy e fofo ao mesmo tempo.

_Consegue andar?

_N-não sei.- Perawat consegue responder, em meio ao caos do acontecido.

Apenas um passo dado e ele já sente como se fosse se despedaçar ao meio. Notando sua cara de dor, o homem se abaixa levemente e pega ele nos braços.

_Alguém abre a porta pra mim, por favor?.

Ele pede, e logo é atendido. Em um piscar de olhos, ele já está sentado no banco do passageiro.

Mãos "vindas de Nárnia" pensa Perawat, agarram o cinto de segurança e tenta trava-lo.

Ele prende a respiração pois o estranho está mais perto do que qualquer outro já chegou dele antes de levar um chute no saco.

Mas o rapaz parece nem perceber, esta mais preocupado em tentar fazer suas mãos pararem de tremer para colocar o cinto no homem machucado.

Perawat suspira e segura as mãos do rapaz, o ajudando a travar o cinto de segurança.

Apenas alguns segundos de contato pele a pele causa arrepios nos dois.

O rapaz olha para ele e finalmente percebe o quão próximos estão. Em um instante, ele se afasta, fecha a porta e entra no carro.

Respirando fundo, ele liga o automóvel, coloca o cinto e começa a ir em direção ao hospital da cidade.

No caminho, Perawat começa a perceber os efeitos que aquele estranho provocou nele em tão pouco tempo.

"Devo ter batido a cabeça muito forte. Só pode ser isso."

De uma coisa ele esta tentando se convencer: aquele acidente foi apenas um acaso. O pior acaso já ocorrido na sua vida.

Sem limites - Krist&Singto(Em Hiatos)Onde histórias criam vida. Descubra agora