Capítulo 3: A empregada

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O Senhor Nelson havia terminado seu almoço. Filé de frango e salada de batata com atum. Não havia perdido o apetite com o novo caso, apesar de que continuava a sentir o calafrio em sua nuca de vez em quando.
Estava no mesmo restaurante, que agora servia refeições prontas até às duas da tarde. Era uma e meia da tarde.
O telefone tocou no restaurante e a garçonete veio até a mesa do Senhor Nelson.
- Senhor. O Senhor tem uma ligação no balcão.
O Senhor Nelson terminou de palitar os dentes e pôs uma bala de eucalipto na boca.
- Obrigado Janete. O Benson, certo?
- Sim, Senhor. Ele parece agitado.
- Acho que devo me apressar, então. Traga-me um pedaço daquele pudim, sim?
- Sim, Senhor. Devo embalar para viagem?
- Ah, por favor.
O Senhor Nelson então se levantou e foi em direção ao balcão, onde já tivera que atender inúmeras outras ligações em seus dez anos como detetive.
- Aqui é o Senhor Nelson.
- Senhor? O corpo foi enviado para o necrotério.
- Ótimo. O que mais?
- A senhora Alda irá nos receber às duas e meia.
- Alda?
- Sim, a empregada do Senhor Johan.
- Ah, sim, nos vemos em meia hora na Delegacia, então.
- Sim, Senhor.
O Senhor Nelson terminou a ligação e voltou para a sua mesa passando pela garçonete no caminho
- Mudança de planos Janete. Não precisa pôr o pudim para viagem.
- Devo servi-lo?
- Sim, claro. Traga um copo d'água também.
[...]
O guarda Benson estacionou em frente à casa de tijolos de um andar.
Na caixa de correio estava escrito “Rinchester's”. A casa ficava no caminho da cidade para a casa do senhor Johan. O Senhor Nelson e o guarda Benson saíram do carro calados e andaram até a porta. O guarda Benson tocou a campainha. Do lado de dentro da casa se ouviu um leve arrastar de pés e, em seguida, uma sequência de trancas sendo abertas. Por fim, a porta se abriu devagar e uma velhinha baixa e enrugada apareceu.
- Pois não?
O Senhor Nelson tirou o chapéu e olhou para a velhinha.
- Senhora Alda? Sou o detetive Senhor Nelson e este é o guarda Benson. Viemos pegar o seu testemunho, se não for muito incômodo.
A velhinha abriu a porta e se achegou para trás. Usava um vestido de cor rosa bem claro e um casaco por cima.
- Por favor, entrem. Aceitam um chá?
- Se não for muito incômodo. Com licença.
O Senhor Nelson e o guarda entraram e seguiram a velhinha pela pequena casa até a sala, que ficava ao lado da cozinha.
- Ah, que bom que já havia deixado a água fervendo.
A velhinha entrou na cozinha e voltou logo em seguida com uma bandeja com um bule e três xícaras de louça, com desenhos de ramos nas laterais das xícaras e do bule, e nos pires.
- O chá é de capim-limão, querem leite ou açúcar?
- Puro está bom, obrigado. Agora, se não se importar, poderíamos começar a fazer algumas perguntas?
O guarda Benson pegou um bloco de notas do bolso e uma caneta preta, e pôs-se a postos para escrever o que fosse perguntado e respondido. A bandeja com o aparelho de chá estava na mesinha de centro. O Senhor Nelson serviu o chá para os três e entregou a xícara para a velhinha. O guarda Benson, para manter as mãos livres para escrever, colocou a sua xícara na mesa de canto que havia ao seu lado.
- Bem. Estou um pouco assustada, devo admitir, mas podemos sim.

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