P. V Jay Park
Preparar o “café da manhã” claramente foi um grande erro. Gostaria de retribuir um pouco de tudo que ela fez durante esses dias, mas se tratando em dieta vegana, não sei por onde começar. Por esse motivo, fui pelo óbvio, cortando as primeiras frutas que avistei e imediatamente tive a sensação de “bom trabalho”.
Porém a grande estraga prazeres que me hospedava, conseguiu acabar com o clima, como sempre. Ela simplesmente esnobou o que eu havia preparado. Não esperava que existisse alguém que foge de toda situação de afeto mais do que eu; mas a própria estava em minha frente, escovando os dentes como quem escovava a crina de um cavalo.
S/n foge antes que possa vir a sentir algo por mim, como o diabo da cruz. Mas tenho convicção que se descobrisse sobre minha carreira tudo seria diferente. Porém apesar de ter o mesmo objetivo de distância sentimental que ela, sempre que a mesma me trata com indiferença, sinto como se me tirasse o chão, posso notar o calor do meu sangue subindo em direção a minha cabeça.
Toda cheia de si, saí batendo a porta. Se fosse um pouquinho mais esperta iria notar que não pegou dinheiro algum, para comparar café, já que havia recusado o que preparei. Fazendo-me sentir forçado a procurá-la. O que poderia causar um escândalo se alguém me reconhecesse, por esse motivo cubro meu rosto com máximos de acessórios que encontro.
A cada cafeteria que não a encontrava, a raiva por ter me deixado foi substituído pela preocupação. Será que algo aconteceu?
Me sinto perdido ao encontrá-la flertando com um desconhecido qualquer. Minha vontade naquele momento, era de afastá-la daquele homem, fazendo com que minha primeira reação seja puxá-la pelo meu casaco que a mesma o vestia.Quando consigo enfim conversar com S/N, o imprestável que comprou um simples café para ela, me interrompe chamando-me de “incômodo”. Por algum motivo que não consigo compreender, me apresentei como o marido da estraga prazeres. Mas o que me importou naquele momento foi conseguir cala-lo de vez. Não me lembro do restante que disse, mas sei que encerrei ao jogar aquele cappuccino inútil no lixo e levando-a até meu carro.
Frustrado pelo surto que me tomou acabo agindo da pior forma possível, dizendo tudo que o restante do meu consciente alertava ser as piores palavras a serem ditas, e meu orgulho de ter a “fama de pegador” obriga-me a dirigir até minha casa, realmente não era o que queria, porém S/N é incrivelmente direta e meu ego não aceita perder uma discussão. O medo de afastá-la após minha explosão de fúria, também me flagela por ter tal sentimento, fazendo-me tomar atitudes que resume no que mais temia, com esperança de arrancar o que sentia por ela de vez.
- Vai ser o fim... – Dito com dificuldade. – Será a última vez, após isso não teremos mais nada. – Meu interior se dilacerava, mas a recusa de a mudar meu interior de luxúria por qualquer um outro.
Assim que a mesma saí do carro, me desespero ao passar por meus pensamentos que estava indo embora, mas meus batimentos se acalmam ao vê-la caminhando em direção a meu apartamento. Sigo e a mesma adentra a sala imediatamente se despindo, faço o mesmo.
Enquanto me distraia com a dificuldade de me desfazer das vestes, S/N encontra um de meus álbuns.
- Então vamos lá... me fode como se fosse seu trabalho! – Ela dita convencida. Me assusto ao notar que tinha sido descoberto. – Essa música é sua, não é? – Diz com meu álbum nas mãos.
Sim! É minha... – Confirmo. - E agora que você sabe? O que você acha de mim? – Estava convicto que sua atitude áspera se encerraria naquele momento. E, assim acabaria com meus sentimentos pela mesma.
- Você continua o mesmo babaca de antes... – Diz revirando seus enormes olhos. Sua resposta me surpreende de tal maneira, que por um breve momento meu corpo adormece por completo. – Mas agora vai ter que provar o que canta. – Continua.
- O que você quer de mim agora? – Reforço a pergunta.
- Acha que eu quero algo de você? – Pergunta diretamente ao entender o porquê de minha insistência. – Eu já sabia que era rico, não sou retardada. Já tinha visto seu luxuoso apartamento antes e seu caríssimo carro também... agora descobrir que é um pouco mais ou menos, não muda nada. Nunca vim atrás de você, foi o contrário. Então eu que deveria te perguntar isso. Porque não sei o que você quer de mim... Mas eu já disse o que quero. – Ao ouvir o que S/N dizia, fico ainda mais confuso com meus sentimentos e com aquele ser parado em minha frente. Mas ela se aproxima, encostando nossos corpos prensando fortemente seus seios contra meu peitoral e exclama em meu ouvido. – Me fode como se fosse seu trabalho!
Sua fala me enlouquece e a mesma se afasta aos poucos, me encarando. A sigo como minha presa, agarrando-a, antes mesmo de chegar ao quarto, e contra parede instintivamente a devoro, enquanto ela lutava com suas garras cravadas em mim. Em meio ao feroz instinto que me tomava, a ouço orientando-me a proteger nosso ato.
- Um filho meu renderia uma boa pensão... – Brinco novamente com seus princípios. - Tem certeza?
- Nem que você fosse o GD. – Dita, me fazendo ficar em fúria, por conhecer a maioria dos artistas, mas nunca ouviu meu nome.
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Enquanto a consumia já no quarto, novamente sou relembrado pela mesma sobre o uso de nossa proteção. A “estraga prazeres”, não parecia nada aproveitadora, muito pelo contrário, e é isso que me abala, pois contava com essa falha em seu caráter para conseguir me desapegar, saber que não a terei mais depois deste nosso momento, fazia com que eu não cessasse e recomeçasse após meu ápice, até que me esgotasse por total.
...
Mal podia acreditar que estava sozinho quando despertei. Ela realmente partiu, para nunca mais. Ter que vê-la nos ensaios sem poder nunca mais tocá-la seria a pior tortura que poderiam me aplicar.
Tento repassar os acontecimentos desde o início do dia, para relembrar toda raiva e frustração que S/n me fez passar. Porém a única observação que vem em minha mente, foi ela ter passado o dia inteiro em jejum.
Abandono todo ego e orgulho que existe em meu ser, e ignorando todas as minhas seguintes atitudes. Com afeto, preparo uma sopa, que levo para a mesma, rezando para que ela ignore todos os acontecidos deste dia. E, após uma longa e profunda respiração, bato em sua porta.
- O que faz aqui? - Pergunta, ao abrir a porta novamente vestindo minha camisa, que lhe caia bem, mais que qualquer outra peça. Estendo os potes com sopa que fiz, para lhe dar uma boa desculpa por ter voltado.
- Percebi que passou o dia todo sem comer. – Dito encarando toda minha vergonha. – Sabe por que fui atrás de você na cafeteria? – Nega com a cabeça. – Você esqueceu o dinheiro. – Desviamos nossos olhares. – Sua colega de quarto só volta amanhã né? – Confirma. – Então ainda tem espaço para mim? – Aquele momento era o mais vergonhoso que já passei. Nunca havia pedido para ficar com alguém, pois não era necessário, mas sentia que se ela negasse meu ar seria roubado.
- Sim ! – Ela exclama, desfibrilando meu coração e naquele momento percebo que estava apaixonado.
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Olhando a Vida nos Olhos
RomanceQuando se está cansada de apenas sobreviver e resolve "olhar a vida nos olhos", a ansiosa S/n, se arrisca em uma nova forma de viver sua vida. Sem rumo ou um plano, por amor a dança e em busca de autoconhecimento; o destino faz com que ela esbarre...