Capítulo 8

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Eduardo caminhava pelo quarto, sentindo o coração oscilar entre felicidade e dúvidas. Parecia que algo não estava tão esclarecido.
Mesmo tendo ficado feliz pelo “sim” de Sofia, aquela mensagem gerou certo desconforto. Ela parecia tão convicta ao negar seu pedido naquele dia, que qualquer mudança de ideia estava fora de cogitação.
Decidiu, então, ligar para ela. Queria que saíssem juntos antes do dia do anúncio, gostaria de conversar. Há anos eram amigos, mas agora as coisas seriam diferentes. Sofia estava na faculdade, em sua última aula do dia,
e conversava com seu grupo de amigos sobre o próximo trabalho ser realizado. Seria a apresentação de uma composição de Bach. A turma se animou e estavam muito empenhados, queriam fazer o melhor.
Eduardo não aguentou a ansiedade para vê-la e decidiu buscá-la na faculdade. Enviou uma mensagem, caso ela abrisse, poderia retornar. Desceu do carro e caminhou até a portaria de entrada.

⎯ MEU DEUS DO CÉU! – dramatizou Paola, amiga de faculdade de Sofia. – Que homem é aquele, Jesus? – se referindo à Eduardo.

Eduardo realmente chamava atenção com seus cabelos muito negros e espessos, os olhos puxados, com cílios extremamente pretos, era alto e tinha estilo. Na maioria das vezes, usava social, mas quando estava com uma camiseta pólo ficava com um ar mais descontraído. E nessa noite ele estava com uma camiseta vermelha que realçava sua pele. Sofia paralisou quando viu seu futuro namorado parado ali, arrancando suspiros de muitas. Pensou estar enganada ao sentir uma pontinha de ciúmes invadindo-a.
Ele a encontrou em meio à multidão e lhe lançou um sorriso. As amigas a encararam por alguns minutos, sem entender o que estava acontecendo. Sofia o chamou para se aproximar do grupo.
⎯ Hadassah, Lívia e Keila, esse é Eduardo. – disse, apresentando-os. Ele cumprimentou cada uma e parou com as mãos nos ombros de Sofia.
⎯ Mulher... Que milagre está acontecendo? Estou sonhando ou você encontrou seu varão? – Hadassah, sussurrou no ouvido da amiga, que respondeu dizendo que depois explicaria.
⎯ Espero não ter agido mal vindo até aqui, tentei te ligar várias vezes e...
⎯ Tudo bem! – disse interrompendo-o. Não queria gastar tempo com explicações, apenas pensava muito se algum sentimento surgiria ali.

Ficou com os olhos fixos nas mãos por uns cinco minutos até ser desperta de seus pensamentos.

⎯ Você está gostando da universidade? – perguntou Eduardo, enquanto dirigia. Sem olhar para ela e mantendo a atenção apenas na estrada.
⎯ Muito, mais do que eu imaginava. É bem puxado os estudos, tem muito trabalho e a carga horária não me deixa conseguir um trabalho fixo, mas dá para dar umas aulas. – disse, pausadamente. Era estranho ouvir sua voz daquela forma, depois que descobriu o sentimento que ele tinha por ela manteve certa distância e tornou-se ríspida.
Depois de aproximadamente uma hora, ele parou o carro em frente a um restaurante muito bonito. Não era grande, mas aconchegante e do jeito que Sofia gostava, sem tumulto. Parecia um lugar caro para sua simplicidade. Eduardo não media esforços para agradar alguém. Seus olhos não conseguiam se desviar daquele belo rosto, daqueles cabelos levemente dourados com cachos, Sofia tinha um perfume leve, mas muito bom, sem exageros. Tudo nela parecia equilibrado, era incrível. Pegaram um lugar mais distante da porta.

⎯ Adiantou algo para os seus pais? – indagou folheando o cardápio.

Ela sentiu uma pontada no coração, que a fez parar e lembrar que estava a poucos passos de um compromisso. Compromisso. Lembrava das inúmeras vezes em que orou para Deus cuidar do seu coração, dos “nãos” que valeram a pena. Do preparo contínuo para ser uma boa amiga, esposa. De ter se guardado apenas para seu futuro marido, ninguém além dele teria seu primeiro beijo.

Tinha receio de falar a respeito da vontade que tinha de dar seu primeiro beijo no altar, pois seria algo bem chocante para qualquer um, até mesmo para os da igreja.

⎯ Ainda não... Minha mãe não me perdoou pelo “não” que eu te disse naquele dia, mas logo ela vai ceder – disse, tentando sorrir.
⎯ Dona Beatriz é brava. – disse acenando para o garçom – Adiantei para meus pais sobre o jantar. Tem algum problema ser em casa? Só não disse o motivo – disse Eduardo.
⎯ É sim – concordou sobre a mãe – Não tem problema, eu aviso meus pais sobre o convite assim que chegar em casa.
Enquanto ela respondia, Eduardo pousou a mão dele sobre a sua. Seu toque era gentil, mas os sentimentos que invadiam Sofia pareciam um terremoto.

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