Capítulo 1

7 0 0
                                    

O que fazer quando seus olhos pesam e seus ombros sentem o cansaço de uma noite mal dormida? infelizmente no meu caso nada, isso já é rotina a anos, desde que me conheço como gente, os sonhos me perseguem de uma forma assustadora, quase todas a noites sonho com os mesmos olhos que me perseguem, são sonhos de todas as formas possíveis, mas sempre com a mesma pessoa, e com aqueles mesmos olhos verdes.

- Bom dia, - diz minha mãe entrando de forma animada no quarto.

- Bom dia - respondo tentando dar o meu melhor sorriso

- Pronta para um novo recomeço?

- Sem dúvida mãe ... - digo, quase que em um suspiro, fazendo o máximo para minha voz não falhar, mas eu realmente não fazia ideia do que esperar nessa nova jornada

Bom, minha mãe é enfermeira, e começará em um novo emprego, aqui na cidade, o porque? simples! por que o último ano simplesmente não foi o nosso ano, minha mãe foi mandada embora do antigo hospital por motivo de cortes de gastos e meus problemas com sonhos aumentaram drasticamente, de início as pessoas achavam que eu era louca, mimada, ou que tinha dons especiais, meus pais nunca souberam o que de fato acontecia comigo, nem eu sei explicar para falar a verdade, sei que sonho quase todas as noites com um homem de cabelos cacheados, ar sombrio, que normalmente me persegue, me machuca ou me faz chorar, e sempre me parecem tão reais, quase que como se fossem apenas lembranças, no início eu costumava acordar chorando e gritando pelos meus pais, mas conforme fui crescendo percebi que não podia fazer nada além de aceitar meu destino.

- Então se levanta, que precisamos arrumar o restante da mudança....


No dia seguinte...

- Acho que esta foi a última - eu disse enquanto colocava a última caixa no caminhão de mudanças.

- Vai dar tudo certo - o abraço de minha mãe era acolhedor e reconfortante, ter que nos mudar de cidade, não era uma coisa fácil, ainda mais sem o papai. Sinto uma lágrima escorrer pelas minhas bochechas e seus braços me apertam ainda mais.

Infinitas horas depois e milhares de quilômetros de distância da nossa antiga casa, chegamos em Holmes Chapel, na nossa nova casa.

- O que achou? - senti a animação da minha mãe ao me perguntar, mas minha mente estava perdida em pensamentos

- Bonita - respondi sem muito ânimo

Dei uma olhada na vizinhança e parecia pacata, as casas não tinham muros, no máximo uma cerca viva, o que me incomodou um pouco. Tínhamos vizinhos de ambos os lados.

A casa tinha muitos cômodos, e após escolher um quarto, desci para pegar o restante de minhas coisas que ainda estavam no caminhão, porém, meus pés pararam ao ouvir minha mãe conversando com alguém, esperei a conversa terminar para finalmente me por ao teu lado no quintal.

- Quem era? - Perguntei ainda vendo a senhora que antes conversava com minha mãe agora caminhando para a casa vizinha.

- Anne, querida ela é nossa vizinha e muito gentil, nos convidou para um chá no final da tarde, e já vou avisando, não vamos recusar, hoje o dia foi cansativo merecemos um bom chá da tarde.

Acenei com a cabeça não tendo a chance de resmungar...

O chá seria do lado de fora da casa de Anne, o dia estava quente então resolvi pegar um vestido que caia bem em mim, minutos depois eu e minha mãe já caminhávamos, em direção ao quintal vizinho, segurando uma bandeja de biscoitos que minha mãe insistiu em levar.

Sentada confortavelmente em uma das cadeiras, meus pensamentos vagavam enquanto as duas senhoras a minha frente conversavam animadamente. Anne era legal, e muito gentil, bem como minha mãe havia me dito, seu rosto jovial lhe passava paz e delicadeza, com toda certeza as duas vão se dar muito bem.

Mas logo algo me incomodou

- Sim o Harry é tão inteligente, tenho muito orgulho dele, ainda mais por tudo que já passou - Anne falava de seu filho animadamente, mas por algum motivo aquele nome me deixa inquieta, como se fosse familiar para mim. - Veja! falando nele, ele chegou finalmente, - Anne nos diz informando olhando e apontando para a lateral da casa onde uma BMW preta acabara de estacionar, saindo de dentro dela ele...

Neste momento o mundo a minha volta girou, não podia ser, era mais um sonho e somente nisso que eu conseguia pensar, suas pernas cumpridas andavam rapidamente em nossa direção, mesmo de óculos escuros, eu pude perceber, era ele, meu coração parou, e por um momento notei que inconscientemente eu havia ficado de pé, até que ele parou, uma carranca se formou em seu bonito rosto, e ao retirar seu óculos, e olhar nas profundezas de meus olhos, o mundo se tornou breu.

Acordei sentindo algo macio embaixo de mim, o cheiro de álcool era forte, fazendo meu nariz coçar, olhei em volta e pude notar que agora eu me encontrava deitada no sofá de Anne.

- Você está bem ? você comeu hoje? eu falei pra você almoçar direito mas você não me escuta - podia ouvir minha mãe falar sem parar, e com razão, ela estava preocupada comigo, e de fato eu não me lembrava a última vez que havia comido algo, mas no momento minha preocupação era ele, o homem alto e de olhos verdes em pé de braços cruzados no canto da sala.

O homem que sem conhecer perturbou minhas noites em meus sonhos por anos afins, desde que eu me entendia por gente e agora ele estava ali, em carne e osso, bem na minha frente.

- Eu estou bem mãe, foi só uma tontura, podemos ir pra casa? - perguntei, tentando tranquilizar minha mãe, em uma tentativa falha visto que ao tentar me levantar, minhas pernas me deixaram na mão, me fazendo desequilibrar, até sentir aqueles braços fortes em minha cintura, pude sentir seu perfume me deixando simplesmente embriagada, fazendo minhas borboletas no estômago se revirar ainda mais, me arrependendo amargamente ao olhar para cima e ver aqueles olhos verdes a centímetros de mim. Me fazendo sair do transe ao ouvir o mesmo sussurrar um "cuidado", saindo daqueles lábios perfeitamente desenhados, mas que agora já se encontrava comprimidos, juntamente com seu maxilar tenso, seu olhar era duro sobre mim, me fuzilando e me queimando com olhar.

- ó filha, não é melhor se sentar novamente?

- Talvez Harry possa lhe ajudar chegar em casa - Anne sugeriu, me deixando em desespero, neste momento eu só queria meu quarto.

- Eu estou melhor, juro, não preciso de ajuda - me recompus rapidamente, me soltando de seus braços, ainda sentindo seu olhar curioso em cima de mim, caminhando para fora da casa, em passos largos que na minha cabeça duraram horas, minha mãe logo atrás de mim, me fazendo perguntas e apreensiva, eu só queria chegar na segurança do meu quarto e liberar o choro preso na minha garganta.

Nesta noite, não acordei assustada, nem desesperada, como de costume, e havia ficado horas acordada pensando no que tinha acontecido, Harry, esse era o nome dele, mas nada mais fazia sentido, eu sonhava com ele desde meus 10 anos, exatamente do mesmo jeito que ele se encontrava agora, sua idade não parecia ser muito diferente da minha, como era possível eu sonhar a 10 anos, quase que todos os dias, com o mesmo homem que eu conheci somente agora, o que fazia minha cabeça rolar mais ainda era aquela palavra, aquela maldita palavra, a única que havia saído de seu lábios, cuidado. fiquei pensando seu real significado, se ele havia dito por causa do meus estado, ou se tinha um significado por trás, talvez eu realmente devesse tomar cuidado com ele...

My dreamOnde histórias criam vida. Descubra agora