Capítulo 29 - Vitória

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Vitória

Eu não sabia o quanto estava sentindo falta do grupo dos jovens até aquele momento em que o obreiro Henrique fez de tudo para que eu ficasse. Enquanto eu ensaiava uma música com mais duas meninas que haviam se colocado à disposição eu me sentia feliz e completa naquele momento. A dança era um conjunto de músicas aleatórias, e somente a primeira falava realmente de Deus, mas o obreiro Henrique havia concordado comigo que deveríamos inovar, algo que chamasse a atenção dos jovens que estavam do lado de fora.

Entretanto, no fundo eu sabia que por mais que a intenção do obreiro fosse ótima, a minha não era nem um pouco. Por mais que a seleção de músicas não fossem sensuais, pois cada uma mesmo que fosse circular o obreiro havia escolhido a dedo, pois sabia que aquilo era um trabalho sério, em cada movimento, por mais que não houvesse possibilidade de ser sensual, eu a tornava daquela forma, mas é claro, se você me perguntasse ou reclamasse que eu estava fazendo aquilo, eu faria a minha maior cara de inocente, pediria desculpas dizendo que aquilo não era a minha intenção, que não se repetiria novamente.

No dia da apresentação, era em uma praça que ficava perto da cinquenta, eram diversos jovens ali, lembrava inúmeras vezes das festas que aconteciam naquela praça a noite, mas ali eu não estava em um baile com o copo cheio em uma mão, eu estava fazendo algo da igreja, precisava me manter apresentável, então eu sorri e comecei a fazer os passos, os olhares dos jovens estavam sobre mim e era daquilo que eu sentia mais falta, da atenção que eu tinha, muitas meninas não achavam que aquele tipo de atenção era algo que deveríamos aceitar, mas aquilo era o que me fazia feliz, saber que por onde eu passava, o que quer que eu fizesse, eu atrairia olhares desejáveis a minha pessoa.

E no meio daqueles jovens, havia um que realmente seu olhar se destacava dos outros, seu olhar era sugestivo e eu fiz o que fazia sempre, era um jogo furtivo de olhares, enquanto eu dançava, o que era para ser uma dança para ganhar jovens para Deus, estava condenando a minha alma e a do rapaz ao inferno.

Nas poucas reuniões da igreja que eu havia frequentado, eu havia o visto algumas vezes. Saulo era um rapaz alto e tinha um físico que mostrava que esportes e atividades eram coisas que faziam parte de sua rotina. Seus olhos eram castanhos e sua pele morena por conta de passar horas e horas jogando debaixo de um dia ensolarado. Até aquele momento eu sequer havia dado atenção para ele...

Mas agora, ele estava no meu caminho, por que não?

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