CAPÍTULO 23
Ainda aproveitamos muito a festa antes de irmos embora com a sensação de dever cumprido. Não falei nada naquela noite com Tom sobre a conversa que tive com Brian. Queria esperar até o dia seguinte para fazer isso em casa com mais calma. E foi para onde seguimos depois da festa. Mel e Seth saíram antes da gente de lá, sequer os vimos deixar o local. Ela saiu, mas não foi para nosso apartamento. Bem, acho que sei o que deve ter acontecido...
Boa Mel! – Aplaudi mentalmente quando cheguei em casa ao lado de Tom que resolveu dormir ali comigo.
Parece que não vai ser só a Mel que terá uma boa madrugada...
Na manhã seguinte acordei cedo, mais cedo que o normal. Olhei para o lado e vi Tom, ainda dormindo, lindo e loiro como um raio de sol. E Ele estava tão lindo ali que me deu vontade de levantar e preparar um café da manhã para ele.
Levantei da cama discretamente tentando fazer o mínimo de barulho possível. Vesti sua blusa branca do terno da noite passada para cobrir minhas vergonhas. Quando estava saindo do quarto, ouvi um sussurrar:
- Caiu da cama, Hale?
Tomei um susto. Me virei para ele ainda tentando abotoar a blusa.
- Essa blusa ficou ótima em você. Melhor do que em mim, até – ele continuou.
- Como você me escutou saindo? – perguntei sobressaltada - Cara, você tem uma audição sobre-humana.
- Eu tenho um sono muito leve...
- Ah é? Não me pareceu muito leve no dia em que Mel pegou nos dois no flagra ali na sala. Conta outra. – Joguei uma almofada que estava na cadeira ao meu lado na cara de Tom, que desatou a rir.
- Aquele dia foi uma exceção! – Se defendeu como pôde, tirando a almofada da cara e a apoiado sobre as pernas. – Mas não mude de assunto – disse sentando-se na cama – Você estava fugindo é?
Tom sentado na cama sem camisa me fez até esquecer qual era o assunto que estávamos tratando ali.
- Então? – cruzou os braços e insistiu.
- Fugindo? Eu? Na minha própria casa? Quem você pensa que eu sou Senhor Williams! Eu ia à cozinha preparar uma refeição para você, mas já vi que não merece!!!!! – brinquei fingindo um dramalhão mexicano.
- Não acredito! Você ia cozinhar para mim? Eu não vou nem abrir as janelas hoje porque acho que vai até nevar!
- Brinque enquanto pode Mister!!!! – voltei a sentar do seu lado na cama e pousei um beijo em sua boca. Ele entrelaçou sua mão na minha e disse:
- Mas Julia, por curiosidade, o que você ia fazer se você não sabe cozinhar?
Fiquei em silêncio. Não havia pensado nisso.
- Tem razão. Acho que está um pouco cedo para um miojo né...
Tom riu que lacrimejou.
- Ei, mas minha intenção era boa, vai. Para de rir, pelo menos eu ia tentar por você.
Ele parou e beijou minha mão: - É Verdade, me desculpe. Foi um belo gesto da sua parte.
- Tudo bem.
- Se você quiser eu posso ir à padaria comprar alguma coisa pra gente comer.
- Gostaria sim. Mas ai eu penso: hoje é domingo. Será que meu namorado vai voltar pra casa? Porque acontece que ele gosta de sumir do mapa dia de domingo de modo que eu fico receosa em manda-lo para a rua em tal dia.
- Boba. Claro que eu vou voltar. Mas antes de ir vou tomar um banho e trocar de roupa lá no meu apartamento.
- Adoro quando você muda de assunto, meu amor. Principalmente quando é ESSE o assunto. – respondi ironicamente.
- Tudo a seu tempo, Julia Hale.
Depois do banho, Tom foi à padaria e como prometido, retornou também. E o mais importante: trazendo comida. Fazia um mês que eu havia cortado as porcarias para ver se eu cabia em alguma roupa elegante para a inauguração da loja. Agora eu estava livre para engordar sem medo de ser feliz.
Sentamos à mesa e nos dispusemos a comer. Em dado momento, entre um gole de café e outro, contei tudo que havia acontecido na noite anterior para Tom, que escutou atentamente com uma cara estupefata. Contei desde a recepção de Brian ao meu relacionamento com Tom, até o segredo que ele me contou sobre estar apaixonado por Sam. “Como podia ter acontecido tanta coisa, tantas reviravoltas em um espaço de tempo tão curto”, ele disse e eu concordei.
- É, ontem foi a noite em que todos os segredos vieram a tona... menos 1.
Tom resfolegou na minha frente com uma cara de “Vamos voltar de novo nesse assunto? Esquece isso garota!”.
- Pois é... mês que vem já é dezembro não é? – falou calmamente.
- É. E o que é que tem a ver a boca de lobo com os dentes do serrote?
- O Quê? – Tom quase cuspiu o café na mesa.
- Digo, o que tem a ver dezembro com o assunto.
- É Porque em dezembro você vai saber o que é. Aliás, todo mundo vai ficar sabendo. Eu e Danilo vamos abrir o jogo.
- Meu amor, me responda com sinceridade, eu não vou ficar com raiva de você. Você é gay?
- QUÊÊÊ? NÃOO, era isso que você estava pensando esse tempo tod...NÃO, claro que não!
- Ué? Você queria que eu pensasse o quê se você não me fala nada????
- Pensasse outra coisa! Eu namoro com você, como eu posso ser gay?
- Acontece nas melhores famílias meu amor...
- Mas nessa não! Ok! Não é nada disso. É uma coisa que não tem nada a ver comigo, pra falar a verdade. Fique tranquila. Só estou ajudando o Danilo porque eu sou um cara que tem a sensibilidade que falta nele.
- Sei...
- Pode parar de me olhar assim, já disse que não tem nada a ver com isso que você pensou.
Tom fechou a cara e voltou a beber o café sem olhar para mim que estava rindo feito uma hiena da situação. Ria da comicidade do momento e também de alivio por não precisar mais duvidar da sexualidade do meu príncipe encantado. Tom rendeu-se às minhas gargalhadas e começou a rir também.
- Você é louca, mulher!
- Louca por você, meu amor. – Soltei um beijo no ar em sua direção. – Então mês que vem não é? É um dia só ou é o mês todo? Não faça nada que ofusque o natal, por favor.
- É um dia só. Mas não posso dizer qual é. Aguarde e confie.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Querida Folha em Branco
Humor“Eu nunca colocaria pressão em você se não acreditasse no seu potencial. Trabalhamos juntos há quatro anos e sei que você escreve muito bem, só lhe falta inspiração. E você não irá encontrar a inspiração sem descobrir as novas histórias que a vida t...