O desembarque tinha sido bem tranquilo, Joui já havia "apagado" o vácuo que havia levado do pai da sua cabeça, o pôr-do-sol que ocorrera exatamente atrás do, talvez, mais famoso monumento do Brasil, o Cristo Redentor foi visualmente relaxante e extasiante, o garoto não via uma bela paisagem igual a essa há tempos, o mesmo com as praias que fizeram brotar um sentimento de calmaria.
O Treinador já havia avisado-os que ficariam no Arena Copacabana, que deveria ser o hotel com as melhores vistas litorâneas de toda a cidade, ele achava o custo benefício ótimo, contando que o ginásio na qual ocorreria a semifinal do campeonato era bem acessível daquela área e ficar bem localizado próximo ao Corcovado - que dava acesso ao Cristo - e ao Morro da Urca, que tinha uma vista pra lá de bela vista do topo.
O grupo já havia descarregado as bagagens em seus devidos quartos, por sinal individuais, coisa que deixou Lorenzo bem feliz, pois privacidade pra ele era uma coisa que não devia se brincar.
Joui aproveitou o momento sozinho pra checar o celular novamente, a resposta foi exatamente o que ele esperava... nada! Nenhuma notificação de mensagem e nem nada, de ninguém. Ele bufou em preocupação mas no fundo sabia que não tinha acontecido nada demais com seu pai, o homem sempre foi assim e provavelmente nunca deixaria de ser.
Os poucos minutos de privacidade foram cortados por várias batidas apressadas na porta do quarto, ao abri-lá, o jovem deu de cara com seu companheiro de equipe, Hans.
- Precisa de alguma coisa, Hans-kun? - O asiático franziu a testa, não esperava que o fossem incomodar tão cedo assim.
- Tecnicamente sim, sua aprovação. - O maior abriu um sorriso esbelto, Joui já desconfiava sobre o que seria a proposta do colega.
- Sair pra comer..?
- Exa-ta-men-te. Não temos muito tempo aqui no Rio, então acho que deveríamos aproveitar o máximo antes da competição.
- Claro claro, e o que você tem em mente?
- Lorenzo e eu estávamos vendo uns restaurantes no celular dele... aí a gente achou um que vende uma coisa que parece bem gostosa. O nome é pastel de carne, se arrume e venha logo, vamos te esperar no saguão.
- Ok, pode deixar. - Joui fechou a porta e foi rapidamente se arrumar para poder sair com os amigos. Podia pressentir que iria se divertir, precisava realmente daquilo, ainda não tinha tirado da cabeça aquele quarto lugar em Milão, aquilo estava o incomodando embora para outros parecessem ser uma completa bobagem.
O garoto foi até o banheiro, penteou os cabelos para o lado direito, como geralmente costuma fazer, vestiu uma camiseta branca com "I ♥ Rio" escrita na mesma, tinha comprado-a um pouco depois de chegar no aeroporto da cidade. Calçou um tênis Adidas preto e branco e se apressou para descer até o saguão do hotel.
- Finalmente! A gente pensou que você tinha desistido de vir com a gente. - Brincou Lorenzo, que vestia um chapéu de palha de festa junina.
- Enzo-kun, o que é isso na sua cabeça?
- Um chapéu típico do Brasil, eu vi que todo mundo usa isso aqui.
- É, eu já tentei dizer pra ele que ninguém usa isso aqui fora de junho, mas como ele não me dá ouvidos, que passe vergonha mesmo. - O alemão disse com a mão na testa, impaciente.
- Ok... - Joui soltou umas risadinhas discretas e se juntou aos amigos. - Vamos logo, estou morrendo de fome.
O grupo seguiu até o restaurante que haviam falado após deixarem o hotel, não demorou muito para chegarem, o local ficava bem próximo do hotel. A parte de dentro do estabelecimento exalava um cheiro de massa frita e gordura, era um odor bem agradável para qualquer um que o sentisse.
Joui e Lorenzo foram se sentar enquanto Hans foi fazer os pedidos dos pastéis. Embora Lorenzo tentava ser o mais discreto possível, Joui não deixou de perceber o colega salivando excessivamente.
- Enzo-kun? Você tá babando?
- O quê? - O moreno, ao perceber o ocorrido, passou o braço rapidamente nos lábios. - Não pude evitar, esse cheiro tá maravilhoso, você não acha?
- É... tá bem agradável mesmo. O que você tá achando do lugar?
- Da lanchonete? - O maior retirou o chapéu e o colocou embaixo da cadeira, começara a perceber que já estava atraindo os olhares do resto dos clientes.
- Não, Enzo-kun. Da cidade, achou ela bonita?
- Ah sim, com certeza. O Rio é sensacional, as pessoas, os lugares, simplesmente incrí... - Lorenzo é interrompido com o baque que o prato que Hans acaba de colocar sobre a mesa fez, o cheiro que exalava dos pastéis era ótimo.
- Aqui está... UM PRA CADA! - Sentou-se numa cadeira e vociferou para o maior que já segurava um pastel com três mordidas a menos.
O resto da tarde se resumiu em várias risadas e um longo passeio pela praia de Copacabana, que por algum motivo não estava tão cheia quanto costumava estar. Só foram se dar conta que já estavam à quase cinco horas andando por aí e sem dar sinal de vida para o treinador quando o sol já estava se pondo no horizonte.
Os garotos apertaram o passo para chegar até o hotel, que ficava bem próximo da praia, porque já sentiam a bronca em seus encalços. Apertaram o botão para o sexto andar e subiram até lá de elevador, ao abrir a porta, o grupo enxergou um treinador preocupado, conversando com uma camareira, ele estava apertando o boné contra o peito em sinal de preocupação e de angústia. Puderam ver a expressão dele se alterar abruptamente ao virar os olhos para dentro do elevador, agora tudo o que enxergavam era um barril de pólvora prestes a explodir.
- O que... - O treinador Ford não gritou, não se esperneou, não berrou e nem mugiu. O homem simplesmente passou a mão pela testa e puxou os três jovens pelas mangas das camisetas para dentro de seu quarto.
- Vocês não avisaram ele? - Joui murmurou para um Hans vermelho de vergonha, que retribuiu com uma negação com a cabeça.
- VOCÊS TÊM MERDA NA CABEÇA? - O mais velho bateu a porta com muita força. - Vocês nem pensaram em me avisar que sairiam desse jeito, não é?
- Treinador... - Lorenzo levantou a mão lentamente. - A culpa foi toda minha, não castigue eles, fui eu que chamei eles pra sair, acredita em mim.
Os outros dois miraram instantaneamente para o rosto de Lorenzo, que parecia estar choroso.
- Eu... não vou castigá-los... - Ford já parecia mais calmo, era raro ele ter essas oscilações no humor, e quando acontecia era ao contrário. - Vocês sabem que depois de amanhã vocês vão competir, então eu agendei da gente ir fazer uma visita ao ginásio de esportes amanhã pra... sabe, nos familiarizarmos com o lugar.
Após esse "mico" o jovem Joui resolveu tomar um banho quente para espairecer e se preparar para amanhã, pois para ele já era certo que não iam até o ginásio apenas para "conhecer", toda vez que faziam isso o treinador pedia para eles se exibirem para seus concorrentes, pois ele acreditava que desse jeito ficariam intimidados, os garotos sabiam muito bem que não funcionava assim.
Ao terminar o banho, se vestiu e foi direto para a cama, já ia se preparar para dormir quando viu que seu celular estava no criado-mudo ao seu lado; levou a mão até ele mas instintivamente parou em cima do objeto, deixando sua mão pairando sobre este, se ligou que já não esperava nada de novo nele, então simplesmente recolheu a mão e fechou os olhos, pegando no sono em pouco tempo.
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The Before: Joui Jouki
ParanormalTodos os personagens nessa história citados (Com exceção de Joui) foram criados e desenvolvidos pelo autor dessa fic no intuito de apresentar a "introdução" do personagem - do LubaTv do rpg O Segredo Na Floresta - de maneira não-canônica à história...