Borboletas no estômago

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Mamãe passou um pouco mais de laquê em meu cabelo, para assegurar que nenhum fio saísse do lugar.

Hoje era o aniversário de 35 anos do Flo's, e, como tradição, é celebrado com uma festa temática dos anos 50. Todos os anos, eu esperava ansiosamente para, finalmente, separar minha saia rosa rodada, minha blusa preta e toda minha animação de poder experimentar viver um pouco nos anos 50.

— Meu Deus, Go — Jane (vulgo minha mãe), colocou as mãos sobre o lado esquerdo do peito —, aposto que até o Dr. Ray me contrataria como cabeleireira.

Arqueei a sobrancelha, sentindo o cabelo pesar devido às ondulações duras devido de laquê.

— O cara que faz cirurgias plásticas? — perguntei, e mamãe pareceu titubear.

— Não é ele que trabalha em um salão de beleza famoso? — Eu ri negando como resposta, fazendo Jane estalar a língua no céu da boca, como se desistisse de tentar se gabar do ótimo trabalho que havia feito. — Isso não importa. A única coisa que eu sei — olhou fundo em meus olhos e apertou levemente meus ombros, esticando os lábios em um sorriso gentil —, é que você nunca esteve tão linda, querida. Tenho certeza de que qualquer garoto se apaixonaria por você. Digo, não porque você está bonita, mas, porque você é maravilhosa de todos os jeitos que uma pessoa pode ser. — Colocou a mão por alguns segundos sobre minha bochecha.

A realidade me bateu tão forte, que fez meu estômago se revirar, pois, não era qualquer garoto que se atrairia por mim, Nicky era exceção (tudo bem, não só ele, mas fazia bem para o meu ego acreditar que sim), ele sempre tinha que ser a exceção.

— Tudo bem. — Tentei sorrir, porém tudo que se formou em meu rosto foi uma careta.

Quando Jane estava prestes a responder, o telefone de seu escritório tocou, chamando sua atenção. Ela saiu, mas sem antes me dirigir um olhar com um supera esse cara, e parte pra outra, implícito em suas íris (e me dar um beijo na testa, do jeito que costumava fazer quando eu era menor) e eu sabia que ela estava falando do dono do sorriso mais lindo de toda a face da Terra.

Suspirei, segurando, com todas as minhas forças, a vontade de me jogar na cama (não queria amassar a roupa nem o penteado).

Nicky. Nicky. Nicky.

Por que ele não saía da minha cabeça? Aquele garoto iria me deixar maluca um dia e eu o obrigaria a pagar meu tratamento psicológico. Por que eu não conseguia esquecer de seus cabelos sedosos, da sua voz aveludada, de seus olhos incandescentes, do calor da sua pele pálida, dos dentes pequenos a mostra em um sorriso doce... Espera, o que? Nicky tinha a pele bronzeada e um sorriso angelical. A única pessoa que eu conhecia que era tão pálido quanto o próprio Edward Cullen era...

Eu combinei isso com você há um mês. Você falou que iria vir, não pode simplesmente desmarcar agora. — Ouvi a voz de mamãe correr pelo corredor, tirando-me de meus pensamentos. — Ela espera que você esteja lá, Conan. É importante pra Margot. — Pelo seu tom de voz, presumi que quem estava no telefone era papai.

A mulher ficou em silêncio por tempo suficiente para que um bolo se formasse em minha garganta.

Ele e mamãe não tinham a melhor relação do mundo, afinal, ele a deixou para ficar com outra mulher. Todavia, Jane tentava ser o mais civilizada possível quando a convinha.

— Se você não aparecer, já pode ir se despedindo das suas parte baixas. — Tá, eu retiro o que eu disse sobre ela ser civilizada.

Desde que papai foi embora, nós ficamos distantes. Sua ida a Santa Barbara, resultou na posse de um dos maiores hotéis e bem requisitados da cidade, além de uma noiva — mãe de uma garotinha de mais ou menos 9 anos (o que me assustou um pouco, já que pensei que poderia ser substituída, mas acho que a mulher, Lucy, se importava mais comigo do que o meu próprio pai). Resumindo, papai havia refeito sua vida, sua família em outro lugar, e isso não seria um problema, desde que ele não se esquecesse da minha existência.

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