Capítulo Único

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Uma Pessoa Especial

— Pode encomendar bastante, Shouyou! — a mãe de Hinata gritou saindo pelo corredor, vendo o filho calçar o tênis na porta de casa e arrumando delicadamente o cadarço em um laço borboleta. — A Natsu falou que quer encher os vasos até não aguentar mais. Aiai, não sei de onde essa menina tira essas coisas. Não podia fazer um casamento tradicional? 

Hinata riu. 

— Deixe ela… — falou ele balançando a mão, se pondo de pé e batendo a mão na calça para tirar a poeira. — ela está feliz assim… — seu olhar suavizou e ele deu um sorriso contente. — se ela quer margaridas, então vamos ter margaridas! 

— Só você mesmo, Shouyou-chan! — a mãe deu um sorriso singelo e agradeceu ao filho por fazer aquela gentileza à ela. 

Hinata pegou a touca que estava em cima da mesinha de chegada e acenou.

Saindo para fora, ele foi até à lateral da casa onde estava guardada sua bicicleta. Nevava um pouco, mas apenas o restinho da nevasca que teve durante a noite passada. 

Natsu era a irmã mais velha de Shouyou, tendo uma diferença de apenas quatro anos e agora ela iria casar. 

Sério, Hinata nunca imaginou que a irmã, tímida que era, acabaria arrumando um namorado primeiro do que ele. Quer dizer, não que Hinata fosse o garanhão da escola, ao contrário, ele era sempre o menino fofinho que fazia amizade com as garotas, mas nunca o cara “fodão” que conquistava todas. 

Bom, isso não era problema pra ele, já que sua sexualidade mudava um pouco o caminho das coisas, ainda que pelos colegas ele também fosse o fofinho da turma - simplesmente porque tinha um pouco mais de um e sessenta -, era uma vantagem ter sempre o menino que gostava por perto. 

Principalmente por que jogavam juntos num mesmo time de vôlei da escola Karasuno, na qual estudava também. Era bom, mas também extremamente frustrante ter Kageyama ao seu lados todos os dias, mas sem saber se havia algum interesse mútuo. 

Bem, não que desse pra tirar conclusões quando a cada vez que se viam, rolava um briga entre eles, ainda que fosse por motivos infantis, era meio estranho chegar num dia qualquer e falar: “eai, eu gosto de você, vamos ficar qualquer dia desses?”. 

Balançando a cabeça, ele agarrou no guidão e subiu na bicicleta, começando a sair pela estrada branquinha de neve. 

Logo suas bochechas começaram a se avermelhar pelo esforço de subir uma rua um pouco íngreme, o tempo gélido entrava por suas narinas e ele tentava respirar o mais rápido possível para que não sentisse tanto frio. 

Shouyou gostava de sair em manhãs assim, costumava lembrar dos treinos absurdos que fazia apenas para conseguir alcançar o objetivo de jogar vôlei como ninguém, e dos cascudos que sua mãe lhe dava por sair em meio a nescava para correr. 

Seus lábios sorriram instantaneamente. 

Chegando à uma parte mais movimentada da cidade ele virou a avenida em busca do endereço que a mãe havia lhe passado por meio de um papel que estava no bolso do seu casaco. 

E bem, ele poderia agradecer todos os deuses depois, porque ele nunca achou que uma atitude tão besta o faria bater contra alguém na calçada, ainda mais que alguém que era o garoto de cabelos negros que tanto arrancava suspiros de Hinata. 

Margaridas (Kegehina - Haikyuu)Onde histórias criam vida. Descubra agora