Minha vida começou a se desfazer ─ quando minha mãe descidiu que nós iamos mudar de cidade, bem, não que eu gostasse de viver em minha cidade natal, lá eu não tinha nenhum amigo, ou lugar predileto, então eu não perderia nada ─ se me mudasse de lá.
Mas o ambiente do lugar tinha algo especial, eu me sentia bem, acho que é por conta de que eu morava praticamente afastado de tudo, e todos, para falar a verdade nós moravamos perto de uma floresta, e sinceramente, eu tinha medo das árvores se balançando com o frescor dos ventos, e aliás, era bem medonho ─ saber que se alguém fizesse alguma coisa comigo ou com minha mãe, ninguém iria ficar sabendo, pois há três km de minha casa não havia ─ ninguém.
As vezes eu escutava um ruídos a noite, acho que no meio da mata haviam vários guaxinins, e eles procuravam por ─ comida as exatas 7:30 da noite, o som dos galhos caindo no chão de mato, era bem irritante, mas o aroma de lá quando chovia era muito bom, o cheiro de lama, e plantas molhadas me davam uma sensação boa.Minha mãe nunca ─ tinha me deixado sair de casa, no mínimo ela deixava eu ficar na porta de casa, mas na maioria das vezes estava chovendo então eu ficava pela janela ─ vendo os esquilos correndo de um lado para o outro, eu não sabia exatamente oque era viver no meio da sociedade, pois a única pessoa que eu "via" era a minha mãe, mas ela quase nunca estava em casa. Quando eu tinha oito anos eu ─ achava que o mundo era só nós dois, até que um dia, minha avó foi me visitar, e eu tinha meio que "receio" de que o mundo tivesse mais pessoas, e que elas fossem diferentes de mim e de minha mãe. E bem, acho que por eu ser um garotinho, que não nunca soube como era o mundo fora ─ de uma casa no meio da mata, eu ficaria bem surpreso em ver qualquer coisa, por exemplo: uma borboleta voando, um cachorro lantindo, ou até mesmo um gato miando. Então depois que minha vó foi me visitar, eu queria saber mais sobre o mundo, queria saber se realmente ─ existiam mais pessoas, animais e lugares, eu sempre perguntava a minha mãe o porquê de eu não poder sair de casa, e ela nunca me respondia, mas um dia ela me disse que o mundo era completamente horrível, e não havia nada bom nele, ela disse também que no dia a dia dela, que ela ia para seu trabalho sempre ─ acontecia algum desastre, mas para mim desastre era: derrubar suco na camiseta, tropeçar em um tapete, cortar o cabelo torto. Mas eu não sabia que era muito pior do que um simples ─ tropeço ou suco derramando. Como uma criança muito curiosa que eu era, um dia, quando minha mãe saiu de casa para o trabalho eu decidir que queria conhecer mais o mundo, fazer amizades com os animais, sentir os pingos de chuva ─ caindo sobre meu corpo, saber como era sentir a gramado molhado, e tocar em tudo que eu via pela frente, então lá fui eu, depois de uns dez minutos que minha mãe saiu de casa, eu peguei a chave da porta, que minha mãe deixava em cima da estante para que eu não conseguisse pegar e "fugir" de casa, então, eu peguei um banco e algumas almofadas e peguei a chave, botei tudo de volta ao seu lugar e fui até a porta, eu demorei um tempo para conseguir girar a chave para o lado certo, e ter força para rodar a maçaneta, pois aquela coisa estava enferrujada, mas eu consegui, então eu botei um pé para fora de casa, e fiquei parado por um tempo com receio de que minha mãe chegasse não me visse dentro de casa, mas foi coisa de segundos e eu já estava a cinco passos longe de minha casa, a primeira coisa que eu fiz foi tocar na grama molhada, sentir algo molhado e fresco me fez querer saber sobre tudo que estava em minha frente, como: por que as borboletas voam, de onde a chuva vinha, e como as flores cresciam mais a cada dia. Eu fiquei por um bom tempo perseguindo uma borboleta, até que ela voou muito auto e eu não conseguia mais vê-la, então eu comecei a seguir um guaxinim, eu achava ele estremamente fofo, e dava gargalhada de todos os sons que ele fazia, eu queria tocar naquele seu pelo, senti-lo ronronar tremendo, daí eu me aproximei devagar ao animal, e levei minha mão a sua costa, tocando no bicho, acho que ele não gostou muito, pois ele se arrepiou todo, e rosnou para mim, foi tão rápido que eu não consegui tirar a mão dele, mas ele logo se virou de frente a mim, me mordeu e saiu correndo, e foi a primeira vez que eu me machuquei fisicamente, eu não sabia oque significava minha mão latejando de dor, e o bicho fez uma ferida, pequena, mas ela começou a arder, e sair sangue, eu fiquei desesperado, e corri para dentro de casa, e tranquei a porta. No momento eu só queria que aquela dor parasse, e automaticamente meus olhos se encharcaram de lágrimas, e minha sobrancelha franziu, fui correndo para a pia, peguei uma cadeira e liguei a torneira, e molhei minha mão aonde estava a ferida, a dor foi aliviando a cada milésimo da água fresca caindo no machucado. Então aó eu entendi o significado da palavra desastre, o ocorrido poderia ser considerado um, acho que minha mãe não queria que acontecesse "desastres" comigo, por isso não me deixava sair de casa, não que ela se inportasse com minhas feridas físicas, mentais ou internas, e sim porque não queria perder o precioso tempo dela com um garoto desastrado.
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7 Bilhões, e eu só quero você!
Randomonde Park Jimin é um garoto de 16 anos, e tem autismo, Jeon de 19, ficava observando o garoto pela janela de sua casa